Júpiter Fabuloso pelos Olhos da Juno

No passado dia 27 de Agosto, a sonda Juno realizou um flyby dos pólos norte e sul de Júpiter, passando apenas 4200 quilómetros acima do topo das nuvens do planeta gigante. Durante as 6 horas que durou esta aventura, os instrumentos da sonda recolheram 6 megabytes de dados que demoraram 1 dia e meio a ser transmitidos para a Terra. Esta informação está já a fornecer aos cientistas uma perspectiva única do planeta gigante, importante para compreender a sua constituição, estrutura e formação a partir do disco proto-planetário que deu origem ao Sistema Solar.

Júpiter, 2 horas antes da maior aproximação. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS

Júpiter, 2 horas antes da maior aproximação.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS

Esta imagem foi obtida pela JunoCam (a única câmara no visível a bordo) 2 horas antes da sua maior aproximação. Na altura, a sonda encontrava-se a 195 mil quilómetros de Júpiter. Os detalhes das nuvens mostram que a latitudes mais elevadas a circulação atmosférica é bastante complexa, muito diferente das zonas equatoriais onde é dominada por grandes bandas de nuvens.

A imagem seguinte, mostra o pólo norte de Júpiter fotografado quando a Juno passava 78 mil quilómetros acima do topo das nuvens. São visíveis muitas tempestades com a forma de torvelinhos, formando um padrão de circulação complexo. No topo da imagem são visíveis nuvens que estão acima das restantes e por isso iluminadas para além do terminador. Outras nuvens na imagem parecem projectar sombras em camadas subjacentes da atmosfera. A imagem mostra também a inexistência de um hexágono polar, algo observado pela sonda Cassini em Saturno, certamente resultante de uma dinâmica atmosférica distinta.

O pólo norte de Júpiter fotografado pela Juno. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS

O pólo norte de Júpiter fotografado pela Juno.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS

Durante o flyby, um dos instrumentos da sonda, denominado Waves (Radio/Plasma Wave Experiment), dedicou particular atenção às ondas de rádio que emanavam das auroras polares de Júpiter. As auroras em Júpiter são particulamente energéticas devido à intensidade do campo magnético do planeta. Os cientistas da missão transformaram esses dados em frequências audíveis no vídeo que se segue. O resultado é fascinante… ouçam!

Legenda: A música das esferas tocada pelas auroras de Júpiter. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS.

Um outro instrumento, o JIRAM (Jovian Infrared Auroral Mapper), fornecido pela agência espacial italiana, recolheu imagens excepcionais da emissão em infravermelhos de Júpiter. Nestas imagens, o planeta parece uma brasa, devido à enorme quantidade de calor que emana do seu interior, relíquia da sua formação apesar de terem já passado 4.5 mil milhões de anos! As observações foram realizadas em dois comprimentos de onda: 4.8 micrómetros para emissão do interior do planeta e 3.85 micrómetros para a observação de auroras. Em geral, no primeiro caso, as zonas claras (amarelo forte) mostram regiões em que as nuvens estão em camadas mais profundas e por isso conseguimos ver regiões mais quentes no interior do planeta; as zonas mais escuras (vermelho escuro/castanho) são formadas por nuvens mais altas que absorvem esta radiação proveniente do interior do planeta e impedem a sua observação.

Legenda: Júpiter no infravermelho. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS

As imagens a 3.85 micrómetros mostram claramente os anéis luminosos das auroras, junto ao pólo. De facto, sabia-se que as auroras de Júpiter são mais intensas nesta banda do infravermelho e numa banda do ultravioleta. O JIRAM foi desenhado para tirar partido desta particularidade e permitir a observação detalhada deste fenómeno.

Aurora austral em Júpiter fotografada pelo JIRAM. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS

Aurora austral em Júpiter fotografada pelo JIRAM.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS

Este é o primeiro de 37 flybys planeados para a Juno durante os 20 meses de duração da missão, num dos mais hostis ambientes do Sistema Solar. Os resultados apresentados pelos cientistas da missão são portanto preliminares e nada mais do que a “ponta do iceberg” do que, espera-se, está para vir. De salientar, no entanto, o facto de a sonda ter sobrevivido e de todos os seus instrumentos estarem a funcionar na perfeição e a enviar dados de elevada qualidade.

(Fonte: NASA)

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