Existe um tipo de objeto chamado de aglomerado globular de estrelas, que guarda muitos mistérios.
Os aglomerados globulares são coleções esféricas de estrelas que têm uma órbita ao redor do centro de galáxias, como a Via Láctea.
Com essa grande quantidade de estrelas, relativamente próximas, será que um aglomerado globular não seria um local ideal para formar buracos negros?
A ideia parece boa, mas só em 2013 os astrônomos encontraram buracos negros individuais em aglomerados globulares, graças a um raro fenômeno, onde uma estrela companheira doa material para alimentar esse buraco negro.
Como sabemos, os buracos negros não podem ser observados diretamente; o que se observa é o efeito que ele causa na vizinhança.
Num aglomerado globular, se for possível estudar as estrelas individualmente, o que também não é fácil, talvez se possa identificar mais buracos negros.
No caso de um aglomerado globular, a ideia é que se pudesse ter centenas de buracos negros.
Mas como ver o invisível?
E é aqui que entra um belo trabalho feito recentemente tendo como objeto de estudo o aglomerado globular NGC 6101.
Esse aglomerado foi escolhido, pois ele tem uma característica especial: ele se apresenta mais jovem do que deveria se comparado com as estrelas, e além disso, o seu núcleo aparece inflado, com uma excessiva concentração de estrelas.
Os astrônomos utilizaram observações detalhadas e principalmente simulações numéricas em computador para recriar o ambiente e as estrelas do aglomerado globular.
As simulações mostraram a evolução do aglomerado nos seus 13 bilhões de anos, e assim pôde-se ver claramente o efeito de centenas de buracos negros nas estrelas visíveis e reproduzir o que se observa diretamente para o aglomerado.
Com isso, os pesquisadores puderam mostrar que a juventude aparente do aglomerado é causada pela grande população de buracos negros.
Essa pesquisa tem implicações importantes tanto no entendimento dos buracos negros estelares, como nos aglomerados globulares.
Os aglomerados globulares que antes eram tidos como objetos tranquilos, sem muita coisa para apresentar, agora se tornam uma fonte inesgotável de pesquisa e de atividades até então inimagináveis.
Sobre os buracos negros, os pesquisadores poderão entender melhor a formação, entender os buracos negros estelares, e tudo isso pode ter consequências diretas no entendimento das ondas gravitacionais (as que foram detectadas até ao momento são provenientes da fusão de buracos negros de massa estelar).
Os pesquisadores irão agora procurar por mais buracos negros em outros aglomerados.
Fontes: Science Daily, Artigo Científico
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