No passado dia 24 de Novembro, a União Astronómica Internacional, através do seu “Grupo de Trabalho sobre Nomes de Estrelas” (Working Group on Star Names) publicou uma lista de nomes oficiais para parte das 9 mil estrelas visíveis a olho nu. Algumas destas estrelas, as mais brilhantes, têm nomes com raízes ancestrais na cultura europeia e do médio oriente. Para estes casos tratou-se simplesmente de consumar essa designação e, eventualmente, resolver alguns problemas relacionados com as respectivas grafias. Outras estrelas, no entanto, passaram de ilustres desconhecidas para a elite das estrelas com nome próprio. É o caso da 51 do Pégaso, uma estrela semelhante ao Sol visível debilmente na constelação homónima. O nome agora adoptado — Helvetios — é o de uma antiga tribo que viveu onde é hoje a Suíça. A escolha deste nome não pode deixar de ser interpretada como uma merecida homenagem aos dois astrónomos suíços responsáveis por uma das maiores descobertas astronómicas do século XX: a detecção do primeiro planeta em torno de uma estrela semelhante ao Sol. O planeta recebeu também a designação oficial de Dimidium (latim para “metade”) uma referência ao facto de ter aproximadamente metade da massa de Júpiter.
Há 20 anos atrás, o número de 6 de Outubro da revista Nature anunciava a descoberta do primeiro planeta orbitando uma estrela semelhante ao Sol. Os autores da descoberta, Michel Mayor e Didier Queloz, do Observatório de Genebra, detectaram o planeta medindo cuidadosamente o seu efeito gravitacional na estrela hospedeira, a estrela 51 do Pégaso, com um espectrógrafo muito preciso, o ELODIE. O 51 Peg b, como foi designado, não era nada do que se esperava: um gigante de gás semelhante a Júpiter orbitando a estrela em apenas 4.23 dias!
Menos de uma semana depois, Geoffrey Marcy e Paul Butler, uma outra equipa nos Estados Unidos, confirmou a descoberta com a detecção do sinal nos seus próprios dados. Para além de ter sido o primeiro exoplaneta descoberto foi também o primeiro de uma classe designada por “Júpiteres Quentes” — gigantes de gás semelhantes a Júpiter ou Saturno mas que orbitam as estrelas hospedeiras em órbitas de apenas alguns dias.
Situada a apenas 51 anos-luz, a 51 do Pégaso é uma estrela de tipo espectral G2IV, semelhante ao Sol, mas aparentemente mais evoluída. A sua temperatura fotosférica é de 5790 Kelvin e é 26% maior e 4% mais maciça do que o Sol. É também mais rica em elementos mais pesados do que o hidrogénio e hélio que os astrónomos chamam de “metais”. As estimativas da sua idade, notoriamente difíceis de obter, variam entre os 6.1 e os 8.1 mil milhões de anos, comparados com os 4.6 mil milhões de anos do Sol.
A massa estimada para o 51 Peg b pela observação da variação da velocidade radial da estrela é de, no mínimo, 0.45 vezes a massa de Júpiter. Com um período orbital de apenas 4.23 dias, o planeta orbita a estrela hospedeira a uma distância de apenas 7.8 milhões de quilómetros, mais de 7 vezes mais próximo do que Mercúrio em relação ao Sol. As forças de maré provocadas pela 51 do Pégaso forçaram-no, ao fim de muitos milhões de anos, a apresentar sempre a mesma face voltada para a estrela. Devido à forte irradiação a que está submetido, a sua atmosfera é extremamente quente, na ordem dos 1250 Kelvin, e mais dinâmica e exótica do que a de Júpiter, com ventos globais de milhares de km/h e com nuvens de rocha vaporizada.
Fonte: IAU
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