Quando você pensa em reservatório de água em Marte, intuitivamente deve vir à cabeça as calotas polares do Planeta Vermelho. Isso é fácil de perceber, porque é visível, está na superfície. Mas lembre-se que toda essa água está congelada.
Porém, a sonda MRO mostrou que em latitudes intermediárias também existe muita água.
A sonda sobrevoou algumas vezes a região de Utopia Planitia, e usando um equipamento semelhante a um GPR, um instrumento de radar, capaz de penetrar na superfície do objeto e mostrar as camadas e as propriedades da subsuperfície, mostrou que existe um depósito com uma espessura variando de 80 a 170 metros composto de 50 a 85% de gelo de água misturado com poeira e partículas de rochas maiores.
Nessa latitude intermediária, a água não pode existir na superfície de Marte atualmente, devido à fina e seca atmosfera do planeta; ela sublima imediatamente.
O depósito de Utopia Planitia está protegido por um solo com espessura de 10 metros.
Provavelmente, esse depósito se formou com o acúmulo de neve quando o eixo de Marte era mais inclinado do que hoje.
Nos últimos 120 mil anos, o eixo de Marte variou muito, os polos foram aquecidos, e o gelo derivou para as latitudes intermediárias.
Esse depósito de gelo é muito mais acessível do que os depósitos nos polos. Ele localiza-se numa área plana, onde eventualmente poderia pousar um foguete e os astronautas poderiam explorar esse gelo enterrado.
É bom lembrar que essa água está toda congelada.
Caso estivesse no estado líquido, ela poderia ser um lugar para que a vida possivelmente se desenvolvesse.
Não é por acaso que a sonda Viking 2 pousou em Utopia Planitia, apesar de não ser na mesma posição onde foram adquiridos os dados da MRO.
Na Terra existe um lugar parecido com esse, localizado no Ártico do Canadá, e isso é importante, pois quando temos análogos podemos avançar no nosso entendimento do que acontece em outro planeta.
Esse grande volume de gelo identificado é muito importante, pois é possível entender melhor a história marciana e identificar possíveis fontes para um uso futuro, além de podermos entender também como o clima evoluiu em Marte.
Fonte: NASA
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