Pode existir Vida no oceano submerso de Plutão?

Trabalho artístico por Pam Engebretson. Cortesia de UC Santa Cruz.

Plutão, o pequeno planeta-anão localizado nos confins do nosso Sistema Solar, que até há pouco mais de um ano atrás não passava de um amontoado de pixels nas melhores imagens que tínhamos dele, hoje é um dos objetos mais fascinantes e mais estudado pelo menos por aqueles que estudam ciência planetária.

Além disso, certamente é o objeto que mais surpresas tem nos revelado nesse último ano de intensas pesquisas.

O próprio Alan Stern resumiu numa frase toda a agitação nos estudos sobre Plutão, dizendo, simplesmente, que Plutão é o novo Marte.

Essa semana a revista Nature trouxe uma série de 4 artigos sobre Plutão, artigos que mostram estudos feitos principalmente sobre a Sputnik Planitia, sobre o possível oceano na sua subsuperfície, sobre o papel dela na orientação da órbita de Plutão, entre outras coisas.

A planície possivelmente se formou com o choque de um objeto do Cinturão de Kuiper, com cerca de 250 km de diâmetro, há aproximadamente 4 bilhões de anos atrás.

Quando se criou essa enorme bacia, ela foi preenchida com uma água densa, combinada com o nitrogênio da superfície, formando ali um excesso de massa que fez com que Plutão sofresse uma rotação, reorientando-o em relação a Caronte.

Toda vez que se fala em oceano num mundo congelado, a primeira pergunta que vem na cabeça é: será que existe vida nesse oceano? Esse é um pensamento óbvio já que a vida na Terra, como a conhecemos, começou nos oceanos.

O sistema de Plutão, ou seja, o planeta-anão e seus satélites, é um sistema rico em amônia. A amônia já foi detectada em Caronte e nos demais satélites de Plutão, indicando que muito provavelmente existe amônia no interior de Plutão.

A amônia seria o elemento responsável para não deixar que o oceano abaixo da superfície de Plutão congele; ele é mantido numa viscosidade semelhante à de um mel.

As condições não são boas: o oceano tem amônia, é muito frio, e tem água salgada, ou seja, não é um lugar para se encontrar germes, peixes ou lulas gigantes. Mas como pode acontecer em Titã, algum tipo de organismo poderia começar a existir nos oceanos de amônia; poderia existir um novo tipo de vida adaptável a esse ambiente.

De acordo com os pesquisadores, a vida pode suportar quase tudo: as salmouras, o frio extremo, e o calor extremo. Mas dificilmente suportaria a quantidade de amônia existente ali para manter o oceano no estado líquido.

Todas essas ideias sobre o oceano de Plutão são válidas, mas são só inferências, sem medidas diretas. Se quisermos realmente provar a existência desse oceano, teríamos que mandar uma sonda para Plutão que entraria em órbita e realizaria medidas de gravidade, provando a presença ou não do oceano.

Uma implicação importante desse trabalho é levantar a questão sobre a possibilidade de se encontrar oceanos em outros objetos do Cinturão de Kuiper. Será que a fronteira do Sistema Solar é repleta de oceanos protegidos? E a vida, será que pode proliferar nesses oceanos? Por enquanto só ficamos com as especulações.

Fonte: Phys.org

1 comentário

  1. Creio que há em certo exagero nas expectativas relativamente ao surgimento de vida noutros astros.
    Não me parece que apenas porque possa existir um grande reservatório de água abaixo da superfície (chamemos-lhe oceano), passe a haver a possibilidade de ali ter surgido vida.
    Se Marte e Europa até podem ser astros promissores (por diferentes razões), Plutão está demasiado afastado do Sol, não tem tamanho suficiente para ter retido (no núcleo) o calor gerado durante a sua formação e não estou a ver que mecanismo iria enriquecer esse reservatório de água com moléculas complexas que viessem a ser o alvo de uma evolução química…

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