Quando os astrônomos querem observar o que chamam de universo ou espaço profundo, eles precisam pegar um telescópio e deixar ele ali, por horas e horas, captando luz proveniente da parte do céu que eles querem observar.
Foi assim, por exemplo, que surgiu o Campo Profundo do Hubble, e depois o Campo Ultra Profundo do Hubble: o telescópio espacial ficou ali, por dias, captando o sinal proveniente de uma pequena porção do céu, e no fim os astrônomos se surpreenderam com as milhares de galáxias reveladas.
Assim, os astrônomos pensaram: vamos fazer isso com o Chandra?
O Chandra é um telescópio espacial da NASA especializado em registar os raios-X, ou seja, emissões de alta energia do universo. Muitas vezes essas emissões estão relacionadas com buracos negros.
Quando o material que alimenta o buraco negro está caindo na sua direção, ele é acelerado a velocidades relativísticas e aquecido a milhões de graus. Isso faz com que esse material emita radiação nos comprimentos de onda dos raios-X e isso se tornou uma maneira eficiente de detectar buracos negros.
O telescópio espacial ficou por 7 milhões de segundos apontado para uma região do céu com um diâmetro equivalente a dois terços da Lua Cheia.
Depois, os astrônomos combinaram esses dados do Chandra com os dados de campo ultra profundo do Hubble e chegaram a um número ainda mais surpreendente: as galáxias que eles estavam observando estavam entre 11.9 e 12.9 bilhões de anos-luz de distância da Terra, ou seja, os astrônomos estavam observando o limite do passado que conseguimos observar hoje.
Cerca de 50 dessas galáxias foram observadas individualmente, o que é outra estatística espetacular.
Nas demais, os astrônomos utilizaram técnicas avançadas de empilhamento de dados e virtualmente conseguiram uma exposição equivalente a 8 bilhões de segundos, ou cerca de 260 anos.
Com isso, os astrônomos estão estudando como os buracos negros se formaram no início do universo.
Uma coisa que eles já descobriram é que ao invés de irem se alimentando lentamente de material, esses buracos negros cresceram mais rapidamente através de explosões de crescimento.
Outra informação interessante é que os astrônomos conseguiram determinar que as sementes que formaram esses buracos negros supermassivos no início do universo tinham entre 10 mil e 100 mil vezes a massa do Sol.
Assim, os buracos negros não precisaram de muito tempo para atingirem tamanhos monstruosos.
Esses dados são essenciais para entender a formação desses buracos negros supermassivos no início do universo.
Muitos estudos ainda serão feitos, e quem sabe no final, os astrônomos possam responder à pergunta: quem veio primeiro, os buracos negros supermassivos ou suas galáxias hospedeiras?
Fonte: Observatório Chandra
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