Prevista explosão que trará mais uma estrela ao céu

Crédito: Larry Molnar

Uma equipa de astrónomos liderada pelo professor Larry Molnar, do Calvin College, preveem a chegada de mais uma estrela ao céu noturno.

O estudo incidiu sobre a estrela KIC 9832227, que na verdade é uma estrela binária de contacto: duas estrelas orbitam-se tão proximamente que partilham uma atmosfera comum.

Crédito: Larry Molnar

Em 2015, Molnar previu que as duas estrelas irão se fundir e consequentemente explodir próximo do ano 2022.
Nessa altura, a estrela binária irá aumentar de brilho cerca de 10 mil vezes, tornando-se uma das estrelas mais brilhantes do céu durante algum tempo.
A “nova estrela” será visível na constelação de Cisne, e acrescentará uma estrela ao Cruzeiro do Norte.

Dados recentes mostraram que o período orbital da binária está a decrescer: as duas estrelas estão-se a aproximar cada vez mais.
Estes dados observacionais são semelhantes ao que aconteceu na estrela V1309 Scorpii, antes dela explodir como uma nova vermelha em 2008.
Assim, parece que KIC 9832227 está a ter o mesmo comportamento de V1309 Scorpii.

V838 Monocerotis é provavelmente o resultado de uma nova vermelha.
Em Janeiro de 2002 tornou-se subitamente 600 000 vezes mais luminosa do que o Sol.
Créditos: NASA, ESA e H.E. Bond (STScI)

Nos próximos anos, a equipa de Molnar vai observar KIC 9832227 em todos os comprimentos de onda, de modo a saberem se a aproximação entre estrelas (período orbital decrescente) se mantém.
Este esforço pode também ser feito por astrónomos amadores, já que muitos têm equipamento para medir as variações de brilho desta estrela à medida que eclipsa.

Caso a previsão do professor Larry Molnar esteja correta, será a primeira vez na história que a morte de uma estrela binária foi corretamente prevista e acompanhada “na sua espiral de morte estelar”. Será a mais famosa fusão de uma estrela binária.
Também é a primeira vez que alguém pode apontar para o céu e dizer: “Ali, na Constelação do Cisne, vai existir um novo ponto brilhante.”

O círculo vermelho marca a posição de KIC 9832227.
Crédito: Larry Molnar

Fontes: Comunicado de Imprensa, imagens, Artigo Científico

8 comentários

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  1. Há algum progóstico quanto àa magnitude e o tempo em que ficará a olho nu?

    1. Por favor leia os comentários anteriores, nomeadamente do Rui Costa 😉

      abraços

  2. Convém ter presente que a data não é exactamente 2022, poderá ser um pouco antes ou um pouco depois… nesta coisa de se prever a evolução de uma estrela, há sempre um grau de incerteza razoável.

    Além disso, convém baixar um pouco as expectativas. Já li notícias relativas a esta estrela, em que no título se afirma que “estrela vai iluminar o céu”, o que é um enorme exagero.
    O artigo faz referência a um outro evento, esse bem estudado, de um par de estrelas binárias que se fundiram e deram origem a uma nova (nova no sentido de explosão cataclismica de anã branca): a estrela binária V1309 Scorpii que se fundiu em 2008.
    Esse binário V139 Scorpii passou de uma magnitude 16 para magnitude 10, ao longo de um período de cerca de um ano (ver fig.1 do artigo científico: https://arxiv.org/pdf/1012.0163v2.pdf). Se extrapolarmos para o caso apresentado aqui, da estrela binária KIC 9832227, a qual tem uma magnitude variável entre 12.27 e 12.46 (https://www.aavso.org/vsx/index.php?view=detail.top…), constata-se que uma aumento do brilho da ordem de 6 magnitudes apenas leva a estrela resultante da fusão para uma magnitude à volta de 6.
    Ou seja poderá nem sequer ser visível a olho nu. Para se ver uma estrela de magnitude 6 ainda é necessário, no mínimo, uns binóculos, o que me leva a ler estas notícias com alguma contenção…

    1. Tens toda a razão em tudo, claro 😉

      Daí eu ter escrito “próximo do ano 2022” e no título ter referido somente mais um provável pontinho de luz no céu (“mais uma estrela no céu”).

      Escrevi desta forma, porque achei o comunicado de imprensa um pouco sensacionalista no título: “predict explosion that will change the night sky”. Não me parece que vá mudar o céu noturno 😛

      abraços!

      1. Sim eu vi que neste artigo não há sensacionalismo 🙂
        Mas agora reparo que o estudo que apresentas aponta para um aumento de brilho na ordem das 10000 vezes. Se se confirmar esse aumento, teremos a estrela nova muito mais brilhante. São 10 magnitudes de diferença e traz a estrela para uma magnitude aparente de 2.
        A ser assim, passa a ser uma das estrelas mais brilhantes da constelação do Cisne. Espero que a previsão esteja correcta.

  3. É caso para dizer que será o canto do cisne! 😉

  4. Está correto dizer que vai acontecer em 2022, já que a estrela em questão encontra-se a 1.800 anos-luz de nós, aproximadamente?

    Qual a forma mais correta de se falar sobre isso, já que se vai ser visível em 2022 significa que ela explodiu quando aqui era o ano 222 EC, não? Faz mais sentido se referir à data que o fenômeno será visível aqui como sendo a data do acontecimento, ou dizer que aconteceu no ano 222 e que esperamos ver o mesmo em 2022?

    1. Tem toda a razão.

      Quando se fala em 2022, quer-se dizer “anos terrestres ocidentais” (porque há sítios na Terra com outros calendários, e noutros planetas os anos demoram outros tempos) e só sobre a altura em que a luz chega cá para ser observada por nós.
      Como quando olhamos para o Universo na verdade estamos a ver como eram os objetos no passado (no nosso passado), a verdade é que agora (e em 2022), vemos a estrela tal como ela era há 1800 anos terrestres atrás.

      Ou seja, está correto dizer que “vai acontecer em 2022”, pelo nosso calendário.
      A nossa forma de falar é, infelizmente, muito geocêntrica.

      Expressões que utilizamos todos os dias como pôr-do-sol ou nascer do Sol são também bastante geocêntricas.
      Um extraterrestre que olhasse objetivamente, de fora, para o nosso sistema, nunca diria isso.

      De forma objetiva, não geocêntrica, obviamente não seria correto dizer 2022.

      abraços

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