A sonda MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile EvolutioN) encontra-se a orbitar Marte desde 21 de Setembro de 2014 e tem recolhido dados que nos ajudam a compreender a evolução da atmosfera marciana, estudando a alta atmosfera, a ionosfera e a interacção entre a atmosfera e o fluxo de partículas emitido pelo Sol a que se dá o nome de vento solar.
Cientistas da NASA, baseando-se em dados recolhidos pela MAVEN, já concluíram que o vento solar é responsável pela forte erosão que a atmosfera do planeta vermelho tem sofrido desde que o interior de Marte arrefeceu. Este relativo arrefecimento do núcleo de Marte (em tempos bem quente como atestam os gigantescos cones vulcânicos lá existentes), levou a que o dínamo interno tenha deixado de produzir o campo magnético que escudava a atmosfera e a protegia do vento solar.
Entretanto, e tal como acontece com os satélites artificiais que orbitam o nosso planeta, que estão sob vigilância permanente e, ocasionalmente, queimam algum combustível para fazer pequenas alterações nas suas órbitas por forma a evitar colisões com outros satélites, também em Marte se coloca já o mesmo problema.
A sonda MAVEN efectuou, no passado dia 28 de Fevereiro, uma queima dos motores para aumentar a velocidade em 0,4m/s. Este aumento da velocidade orbital destina-se a evitar uma colisão com a lua Phobos no futuro próximo.
A sonda, que descreve uma órbita elíptica em torno de Marte, tem uma trajectória que cruza as órbitas de outras sondas e da lua Phobos várias vezes por ano. Quando as órbitas se cruzam, há a possibilidade de os objectos colidirem se passarem ao mesmo tempo pelo ponto de intersecção. Estes cenários são antecipados e cuidadosamente monitorizados pelo Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL), da NASA, que fez soar o alerta perante a possibilidade de uma colisão.
Com uma semana de antecedência, parecia que a sonda MAVEN e a lua Phobos tinham boas possibilidades de chocarem uma contra a outra no dia 6 de Março, altura em que iriam passar pelo mesmo ponto no espaço, no curto intervalo de 7 segundos. Dada a dimensão de Phobos (que por simplicidade nos cálculos foi modelizada para uma esfera de 30 km, ligeiramente maior que as dimensões reais), havia uma forte probabilidade de colisão se nada fosse feito.
Com a manobra agora efectuada, o lapso de tempo entre a passagem dos dois corpos pelo mesmo ponto, passou dos 7 segundos para cerca de 2 minutos e meio, afastando assim o risco de colisão.
Bruce Jakosky, investigador principal do projecto MAVEN e afiliado da Universidade de Colorado, em Boulder, felicitou as equipas de navegação e rastreamento do JPL, por estarem atentas a possíveis colisões todos os 365 dias do ano e à equipa que controla a missão MAVEN por levarem a cabo a manobra de forma irrepreensível.
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