Primeiro foguetão de combustível líquido foi lançado há 91 anos

“É difícil dizer o que é impossível, porque o sonho de ontem é uma esperança hoje e uma realidade amanhã”  – Dr. Robert Hutchings Goddard

 

Praticamente sem fundos públicos e após 17 anos de trabalho e investigação, Goddard lançou, a 16 de Março de 1926, o primeiro foguete propulsionado por combustível líquido.

Robert H. Goddard e o seu primeiro foguete de combustível líquido (gasolina e oxigénio líquido), numa fria manhã do dia 16 de Março de 1926.

Robert Hutchings Goddard (1882-1945) é considerado o pai da propulsão utilizada nos foguetões modernos. Físico e inventor com uma grande visão, em 1914, registou duas patentes que viriam a lançar as bases da astronáutica: uma para um foguetão de 2 ou 3 estágios, utilizando combustível sólido; outra para um foguete propulsionado por combustível líquido. Esta última foi revolucionária porque até àquela altura, a propulsão dos foguetes era assegurada por combustíveis sólidos, normalmente algum tipo de pólvora.

Goddard começou a ensinar Física em 1914, na Universidade de Clark, em Worcester, sendo em 1923 nomeado director do Laboratório de Física daquela universidade. As suas ideias acerca do voo espacial começaram a ganhar forma em 1915, quando teorizou que um foguetão poderia funcionar no vácuo, sem necessitar que os gases de escape fizessem pressão sobre o ar para o impulsionar. Isto significava que um motor de foguetão poderia produzir propulsão no vácuo do espaço.

Dr. Goddard na Universidade Clark, em 1924 (imagem colorida artificialmente)

As ideias e o trabalho de Goddard não suscitaram grande atenção por parte do Governo norte-americano. Sendo um homem de parcos recursos, Goddard pagou do seu bolso os materiais para as suas primeiras experiências.
Em 1916, solicitou o patrocínio do Instituto Smithsonian, que lhe forneceu os fundos para continuar a sua pesquisa em foguetes e a investigação e desenvolvimento dos princípios matemáticos teóricos da propulsão de foguetes. Em 1920, o Instituto Smithsonian publicou o seu artigo “Um Método para Atingir Altitudes Extremas”. Neste tratado descreve a sua pesquisa de métodos que pudessem levar instrumentos científicos a altitudes superiores às dos balões. Nessa pesquisa, desenvolveu as bases matemáticas da propulsão de foguetes e também incluiu uma pequena secção realçando a sua convicção de que os foguetes poderiam ser utilizados para enviar cargas para a Lua.
Infelizmente, a imprensa achou graça a isto e, no dia seguinte, o New York Times publicou um editorial mordaz que tratava as suas ideias como loucas. Goddard foi ridicularizado e tratado como um tolo.

A 16 de Março de 1926, após 17 anos de trabalho e investigação, Goddard lançou o primeiro foguete de combustível líquido, num terreno que possuía em Auburn, Massachusetts. Foi um voo pequeno, pouco mais de 12 metros, mas foi um ponto de viragem na construção de foguetes. Até ali, e desde que os chineses começaram a usar pólvora para repelir os seus inimigos, os foguetes eram impulsionados pela queima de combustíveis sólidos.

Como no espaço não há oxigénio para permitir a combustão, um foguete de combustível líquido tem dois reservatórios: um para o propelente (o combustível) e um outro para o oxidante (normalmente oxigénio líquido).

Goddard morreu em 1945, não chegando a ver um voo espacial, mas a sua investigação criou os princípios fundamentais da propulsão dos foguetões.

 

No dia 17 de Julho de 1969, o dia a seguir ao lançamento do potente foguetão Saturno V que levava a missão Apollo 11 para a Lua, o New York Times publicou uma correcção para o seu editorial de 1920, fazendo constar que “agora está definitivamente estabelecido que um foguete pode funcionar tanto no vácuo como numa atmosfera. O Times lamenta o erro.”.

 

Foi em sua memória que, em 1959, a NASA deu o nome de Goddard Space Flight Center ao seu laboratório de pesquisas espaciais e centro de investigação e desenvolvimento de foguetões, em Maryland, E.U.A.

1 comentário

  1. Bom ler isso!

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