Todos já reparámos que estamos a entrar numa nova era de exploração espacial. A SpaceX e a Blue Origin já testaram, com sucesso, os foguetões reutilizáveis (Falcon 9 e New Shepard respectivamente). Em breve, já na década de 2030 (ou mais), teremos Humanos a caminhar e, talvez, a viver em Marte. Embora o Falcon 9 não seja o foguetão a ir a Marte, ele é o antecessor com a capacidade de reutilização quase completa e com pouso na vertical. O foguetão da SpaceX que irá para Marte será Falcon Heavy com a cápsula Red Dragon. A NASA também estará na corrida a Marte.
Já lá vai o tempo em que Carl Sagan olhava para Vénus como a próxima casa da humanidade, até se descobrir que este planeta tem uma atmosfera 90 vezes mais densa do que a nossa e cuja temperatura de superfície chega a 470ºC. Mais tarde voltámo-nos para o planeta mais favorável à vida humana depois do nosso planeta. Chegou a vez de Marte, com uma atmosfera composta por 96% de dióxido de carbono, 1,93% de argão e 1,89% de azoto. Em comparação, na Terra, a atmosfera tem 78% de azoto, 21% de oxigénio e vestígios de outros gases. Contudo, se queremos outra casa para viver temos de transformá-la num sítio onde podemos viver. E têm havido diversas propostas, para todos os gostos. O primeiro passo será aquecer Marte para o gás carbónico preso no gelo seco das calotas polares ser libertado para a atmosfera marciana, gerando aquecimento global já que este gás promove o efeito estufa. Uma das ideias para começar a aquecer o planeta é o envio de uma frota de satélites com espelhos que irão amplificar os raios solares. Também é necessário o campo magnético para proteger os seres vivos da radiação que vem do espaço.
Com a libertação do gás carbónico a pressão atmosférica aumenta e permite a presença de água líquida. Tudo isto para descongelar a água e retomar o ciclo da água há muito perdido. A isto chama-se terraformar Marte ou, por outras palavras, provocar um aquecimento global em Marte para o transformar numa “Terra”. E sabem? Ao mesmo tempo estamos a vénusformar a Terra, num deslocamento da vida para mais longe do Sol. Já não iremos viver no meio da zona habitável por ser a mais favorável. Temos a capacidade não só de fazer um planeta no meio da zona habitável ser desabitável mas também tornar um planeta na borda exterior da zona habitável parecer estar no meio dessa faixa.
Um dia poderemos ter de mudar de casa, por nossa culpa ou não. O processo de terraformar Marte demorará centenas, milhares ou milhões de anos, afinal é um processo de geoengenharia aplicada num corpo gigante. Depois disso, Marte será habitável e teremos as primeiras gerações. Muita gente imagina ETs como seres muito estranhos, de cabeça grande, corpo completamente desprovido de pêlos, grandes olhos, boca pequena e sem orelhas. Enfim, muito descritivo para um ser que nunca foi visto e que se desconfia que nem sequer exista. Todavia, os primeiros ETs com quem teremos contacto serão iguais a nós e até falarão a nossa língua! Na Terra seremos os EMs (os extramarcianos), em Marte seremos a nossa continuidade, os ETs.
Daqui a uns anos poderemos dizer que não estamos sozinhos no Universo (estando, muito provavelmente, sozinhos) pois temos contacto com ETs nossos vizinhos, que também seremos nós. Um dia, seremos visitados por nós próprios, multi-planetários.
2 comentários
Caro Dário,
Como se fará para reconstituir o campo magnético, para nos proteger da radiação que vem do espaço no planeta Marte?
Caso contrário, entendo até que a atmosfera que precariamente conseguirmos criar poderá ser novamente varrida de Marte, sem falar na própria radiação – mortal para nós!!!
“Estando, muito provavelmente, sozinhos”? Em que base sustenta essa sua convicção?