Ondulações na Teia Cósmica medidas com uma dupla rara de Quasares

Simulação da Teia Cósmica há 11.5 bilhões de anos atrás.
O cubo tem 24 milhões de anos-luz em cada lado.
Crédito: J. Onorbe / MPIA

O que existe no espaço entre as galáxias?

Os astrônomos sabem que esse espaço é um lugar frio e escuro preenchido somente com filamentos de átomos de hidrogênio deixados ali pelo Big Bang.

Esses filamentos se espalham por milhões e milhões de anos-luz e quando observados em grande escala eles constituem o que chamamos de Teia Cósmica.

Porém, é muito complicado “observar” esses filamentos: eles são muito ténues e é preciso olhar para muito longe para poder “vê-los”.

Mas do mesmo modo que o universo dificulta a vida dos astrônomos por um lado, por outro lado ele facilita: existem objetos no universo chamados de quasares – o núcleo brilhante de galáxias bem distantes, núcleo esse que é considerado ativo pela presença de um buraco negro supermassivo em frenético processo de alimentação.

Como são muito energéticos, esses quasares conseguem iluminar os filamentos da teia cósmica.

E foi assim que um grupo de pesquisadores não só viu a teia cósmica se iluminar, como conseguiu também medir pequenas oscilações nessa teia.

Nesse estudo recente, os astrônomos conseguiram algo surpreendente: eles conseguiram encontrar um par de quasares, bem próximos um do outro (isso é como encontrar uma agulha num palheiro). A presença desse par de quasares permite uma medida muito mais precisa das propriedades da teia cósmica.

Para encontrar esses dois objetos, os astrônomos pesquisaram bilhões de objetos celestes, milhões de vezes mais apagados do que aqueles que podem ser observados a olho nu.

E mais uma vez, devido a técnicas complexas e modernas de análise de dados, usando conceitos de Big Data, Machine Learning, entre outros, esses quasares foram descobertos.

Depois de descobertos, os astrônomos compararam os espectros desses quasares. Com os espectros gerados nas suas simulações computacionais, e eles viram que os objetos observados se ajustaram muito bem aos modelos.
Esses modelos recebem como parâmetros de entrada as leis da física, e como saída geram o que pode ser chamado de universo sintético.

As observações dessas pequenas oscilações na teia cósmica são importantes pois os astrônomos poderão entender um pouco mais sobre a chamada Época da Reionização e entender melhor como as primeiras galáxias se formaram no nosso universo, 100 milhões de anos após o Big Bang.

Essas pequenas flutuações funcionam como aquelas garrafas que são jogadas ao mar com mensagens dentro: elas guardam informações importantes sobre a temperatura do gás na teia cósmica poucos bilhões de anos após o Big Bang.

Fontes: Comunicado de Imprensa, Artigo Científico

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