O vídeo que se segue mostra o núcleo da rádio galáxia Cygnus A, a cerca de 750 milhões de anos-luz, observado pelo Karl Jansky Very Large Array (lembram-se do grupo de radiotelescópios no deserto que detectou o sinal alienígena no filme “Contacto”?) entre 1989 e 2016. O disco brilhante central alberga um buraco negro supermaciço responsável pelos jactos de partículas relativísticas que vemos divergir em direcções opostas. A imagem de fundo, propositadamente atenuada, foi obtida em comprimentos de onda ópticos pelo Hubble.
Nesta sequência de imagens, um novo objecto brilhante aparece junto ao disco. Situado a apenas 1500 anos-luz do buraco negro central, esse objecto era já visível em 1994 mas muito menos luminoso e a sua natureza era incerta. Entretanto, algo de muito significativo aconteceu entre 1996 e 2015 na Cygnus A pois este objecto, que os astrónomos admitem poder ser um segundo buraco negro supermaciço, parece ter-se “ligado”.
Lembro que imagens obtidas com o Hubble mostram Cygnus A com um aspecto caótico, provavelmente resultante de uma colisão de duas galáxias. Este cenário é consistente com a existência de dois buracos negros supermaciços junto ao centro da Cygnus A, provenientes de cada uma das galáxias que colidiram.
Toda esta actividade no núcleo da galáxia tem um impacto extraordinário na sua vizinhança, como se pode ver na imagem seguinte que combina luz visível, raios X (azul) e ondas de rádio (vermelho/rosa). A galáxia encontra-se no centro da imagem no meio de uma nuvem de plasma a uma temperatura de milhões de Kelvin, emitindo por isso raios X. Os jactos de partículas que vimos na primeira imagem, e que se formam nas imediações do buraco negro central, são também visíveis nesta imagem, terminando em lóbulos gigantes que emitem fortemente em ondas de rádio. Os jactos e a nuvem de plasma estendem-se por quase um milhão de anos-luz!
Referência: National Radio Astronomy Observatory.
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