Dia 19 de Outubro de 2016, todo mundo ficou esperando o magnífico pouso do módulo Schiparelli em Marte. O tempo começou a passar e nenhuma informação chegava.
Quando veio a confirmação, o módulo havia sofrido algum tipo de problema e não estava funcionando. Provavelmente tinha chocado de formar descontrolada com a superfície marciana.
Dias depois, a sonda MRO passou por cima da região onde deveria ter acontecido o pouso e constatou realmente o pior: o módulo havia se acidentado.
A partir de então iniciou-se uma investigação que terminou agora, para sabermos de forma definitiva o que aconteceu naqueles verdadeiros 6 minutos de terror entre a entrada na atmosfera e o choque com a superfície.
Enquanto estava descendo antes de se chocar, o Schiaparelli transmitiu dados de telemetria, e a partir desses dados, foi possível reconstruir o que aconteceu em Marte naquele 19 de Outubro de 2016.
Três minutos depois da entrada na atmosfera os paraquedas foram libertados, mas o módulo começou a girar numa alta taxa.
Isso causou uma saturação da Inertial Measurement Unit, que mede a taxa de rotação do módulo.
Com isso, foi feita uma estimativa errada de altitude pelo software de guiagem, navegação e controle.
Essa estimativa errada da altitude, juntamente com medidas do radar, fizeram com que o computador calculasse uma altura abaixo do nível do solo.
Isso fez com que o paraquedas fosse solto, a proteção também e os retrofoguetes foram acionados por somente 3 segundos, ao invés dos 30 segundos planeados.
Tudo isso aconteceu com o módulo a 3.7 km de altura, ou seja, ele caiu dessa altura em queda livre com uma velocidade de impacto de 540 km/h.
Apesar disso, ele caiu perto da área planeada para pouso.
No meio de tanta coisa ruim, essa até é uma boa notícia.
Toda essa investigação é de suma importância para que a ESA junto com a ROSCOSMOS, as operadoras da missão ExoMars, melhorem os sistemas de software que irão dentro da nave em 2020.
Um dos objetivos do Schiaparelli era testar esse processo de pouso em Marte, o que é considerado por muitos a parte mais complicada de uma exploração do Planeta Vermelho.
O problema que existiu, serve como lição aprendida.
O diretor da ESA disse que se esse problema de saturação na unidade de medida não tivesse acontecido, eles provavelmente não analisariam outros pontos fracos da missão e isso poderia comprometer a missão de 2020, ou seja, melhor errar agora no ensaio do que no dia que for para valer.
Em 2020 a outra parte da missão ExoMars parte para Marte levando um rover.
Enquanto isso, o módulo orbital TGO (Trace Gas Orbiter) continua na sua órbita fazendo os preparativos para dar início à missão científica no começo de 2018.
Fonte: ESA
Últimos comentários