Uma supernova descoberta no passado dia 23 de Maio na galáxia NGC 3191, a cerca de 400 milhões de anos-luz na direcção da constelação da Ursa Maior, é a mais próxima de uma classe rara designada por “Supernovas Super-Luminosas”. A descoberta está a gerar grande interesse na comunidade científica que está a aproveitar esta oportunidade única para observar o fenómeno com os melhores instrumentos disponíveis.
Na última década, os astrónomos descobriram alguns exemplos do que parece ser um novo tipo de supernova. Com luminosidades superiores a 20 mil milhões de sóis e 10-100 vezes mais energéticas do que uma supernova de “colapso gravitacional” normal, são designadas de forma genérica por “Supernovas Super-Luminosas” (Super Luminous Supernovae ou SLSNe). Ao contrário das suas congéneres normais, em que a luminosidade observada está intimamente relacionada com a quantidade de isótopos radioactivos formados na explosão, a luminosidade das SLSNe não pode ser explicada apenas com base neste parâmetro e os astrofísicos tiveram de puxar pela cabeça para conseguir criar modelos capazes de reproduzir as observações.
Os modelos propostos que parecem ser mais consistentes com as observações envolvem processos físicos distintos:
– colisão da onda de choque da supernova com material que rodeava a estrela progenitora, tornando o remanescente mais luminoso;
– pair instability supernovae que dão origem a enormes quantidades de isótopos radioactivos que depositam energia suplementar no remanescente da supernova;
– formação de magnetares — estrelas de neutrões com campos magnéticos extremos — que injectam energia suplementar no remanescente da supernova.
Existe alguma evidência observacional para a existência de 3 possíveis sub-classes de supernovas super-luminosas, pelo que poderá haver mais do que um processo físico em acção. Estas supernovas são, no entanto, tão raras que o pequeno número de exemplos observados não permite ainda determinar se há alguma correspondência entre os processos físicos associados a cada modelo e as sub-classes identificadas. O que é certo é que se trata da fase final da vida de estrelas muito maciças e com baixo teor em “metais”, elementos mais pesados do que o hidrogénio e o hélio. Nas galáxias em que são encontradas, o gás é pouco rico em metais e a formação de estrelas decorre a um ritmo muito superior ao normal.
A imagem que se segue mostra a galáxia NGC 3191 e a supernova AT2017egm, uma SLSN, e foi obtida com o telescópio Elena do VirtualTelescope no passado dia 19 de Junho de 2017. Na altura, a supernova brilhava com magnitude 14.7, correspondente a uma magnitude absoluta de -21, aproximadamente 20 mil milhões de sóis, mais luminosa do que toda a Via Láctea. A galáxia é uma espiral pouco menor do que a Via Láctea mas em que a formação de novas estrelas prossegue a um ritmo muito vigoroso. Não é uma imagem “de cortar a respiração”. É a nossa compreensão daquele ponto luminoso que a torna especial.
A descoberta está a ser acompanhada com muito interesse pela comunidade astronómica pois possibilita o estudo do fenómeno em mais detalhe devido à sua relativa proximidade — os exemplos conhecidos até à data situavam-se todos a distâncias superiores a mil milhões de anos-luz. Os melhores instrumentos estão a ser requisitados e as observações sucedem-se. O telescópio SWIFT, da NASA, por exemplo, poderá ter já detectado raios-X provenientes da supernova, apesar da imensa distância que nos separa do evento, e até o telescópio espacial Hubble foi requisitado para fazer observações da AT2017egm no próximo dia 23 de Junho, como parte de um programa de “alvos de oportunidade”.
Referências: Saber mais sobre Supernovas Super-Luminosas.
Fontes: Astronomer’s Telegram, Astronomer’s Telegram, Astronomer’s Telegram
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Surpreendente!