Existe um spin-off da fabulosa série The Big Bang Theory.
A nova série chama-se Young Sheldon, e mostra a personagem Sheldon Cooper quando tinha 9 anos e crescia no Texas.
Gosto de ouvir Jim Parsons como narrador da série.
Adorei ver algumas das particularidades de Sheldon em miúdo (já faladas na The Big Bang Theory): entrar na escola secundária/ensino médio aos 9 anos, viver no ignorante Texas, ter uma mãe demasiado devota religiosamente, ter pavor a brincar fora de casa, ter medo de aves, ter uma paixão por comboios, achar-se um “sabe-tudo” e questionar os professores levando-os a quererem se despedir, achar que toda a gente vai considerá-lo o líder, não se dar conta das conversas inconvenientes que tem em alguns momentos sociais, não ter qualquer empatia pelas outras pessoas, ter um ouvido perfeito para a música, ser obcecado pelo programa do Professor Proton, etc.
O diálogo – mas sobretudo a narração – tem várias piadas ao estilo de The Big Bang Theory, o que é excelente.
Esta frase do Sheldon, vinda da narração, é fabulosa: “A Jane Goodall teve de ir à África para estudar gorilas e chimpanzés. Eu só tinha de ir até à mesa de jantar.”
A cena final do primeiro episódio é uma piada tipicamente americana, que faz parte da cultura americana mas que não se percebe bem noutros países: Radio Shack é “uma instituição americana” e entrou em bancarrota.
Enquanto a personagem do Sheldon é a esperada, a personagem da irmã gémea do Sheldon (Missy Cooper) é para mim uma surpresa bastante agradável.
A miúda é brilhante na interpretação e tem frases fantásticas.
Pensei que a série iria ter alguma ciência, com o Sheldon a descobrir várias coisas, mas àparte a cena inicial do primeiro episódio, infelizmente a série não tem ciência nenhuma.
O primeiro episódio é excelente. Vê-se Sheldon na escola, a interagir com os professores e com os outros alunos.
O quarto episódio é muito bom! É quando Sheldon descobre o seu amor por comic books.
No sexto episódio, temos o Sheldon contra a NASA. Quando um cientista da NASA visita a escola de Sheldon e o trata como mais uma criança, ele faz de tudo para humilhar o cientista da NASA. Quando o cientista diz que não é possível pousar os foguetões de modo a reutilizá-los, Sheldon diz que a matemática será fácil de fazer para se conseguir esse feito. E consegue-o. E vai à NASA mostrá-los, sendo que o cientista é obrigado a admitir que o Sheldon está muito à frente do seu tempo, já que a NASA não consegue atualmente (quando Sheldon tinha 10 anos) fazer isso tecnicamente. Sheldon explica que é por este evento contra a NASA que ele decidiu seguir Física Teórica (em vez de aplicá-la na prática). No final, vê-se o foguetão da SpaceX a pousar perfeitamente de modo a ser reutilizado… e Elon Musk a ler o livro do Sheldon com a matemática que permitiu esse feito.
No oitavo episódio, Sheldon faz a melhor viagem da sua vida: uma viagem de carro com o seu pai até Cape Canaveral para ver o lançamento do vaivém espacial. O melhor deste episódio foi esta frase pensada pelo Sheldon: “My plan was coming together. I just needed to get on the shuttle so I could finally escape this ridiculous planet. Spoiler alert, I’m still here.” – “O meu plano ganhava forma. Só precisava de entrar no vaivém espacial para poder, finalmente, escapar deste planeta ridículo. Spoiler alert, ainda estou aqui.”
No episódio 11, Sheldon estuda as diversas religiões e chega à conclusão – em sonho – que o Universo se rege por códigos binários. Assim, começa uma nova religião: Matematicologia. O único pecado que existe no mundo, para esta nova religião, é ser-se estúpido/burro.
O episódio 15 mostra o porquê de Sheldon considerar a geologia como uma não-ciência, um passatempo infantil de coleção de rochas. Basicamente, é a sua reação a ter sido magoado emocionalmente por uma estudante de geologia.
O episódio 16 mostra que Sheldon é o melhor em muitas coisas, mas tem vários medos. Por exemplo, neste episódio percebemos quando ele toma consciência que tem medo do palco. E também vemos o porquê de ele ter medo de pássaros.
O episódio 20 começa com uma experiência científica feita pelo Sheldon. Sheldon explica que adora ciência porque é previsível. E tem medo de cães pela mesma razão: eles são imprevisíveis.
No final da primeira temporada, mesmo no final do episódio 22, percebemos que no futuro, Sheldon casou-se e teve filhos.
Na segunda temporada, o primeiro episódio mostra um Sheldon empreendedor, curioso e cientista: ele desmonta o frigorífico lá de casa para o tentar arranjar (o frigorífico fazia um ruído que o irritava).
No terceiro episódio, em plena missa na Igreja, Sheldon resolve ter um debate filosófico, perguntando ao padre se uma raça de polvos alienígenas que viva num planeta a muitos anos-luz de distância, também seria salva por um Cristo humano.
O quinto episódio lida com diferentes formas de manifestação de inteligência: enquanto Sheldon tem uma inteligência lógica, racional, a sua irmã gémea Missy tem uma inteligência social, emocional, empática.
No episódio 10 ficamos a saber donde provém a famosa expressão: Bazinga!
No episódio 13, Sheldon tenta construir um reator nuclear de modo a providenciar energia grátis para a sua casa e para os seus vizinhos.
No episódio 18, Sheldon vê algumas cenas da série original de Cosmos, nomeadamente uma em que Carl Sagan explica o Calendário Cósmico. Neste episódio, também é mencionada a Equação de Drake.
No episódio 19, Sheldon defende que nas escolas americanas, mais dinheiro deveria ser colocado na educação, sobretudo das ciências, em vez do dinheiro ir quase todo para os desportos.
No episódio 22, vemos várias ligações ao final da série The Big Bang Theory (com a entrega do Prémio Nobel). Sheldon celebra o Prémio Nobel, mostra o seu medo por aves, e defende a ciência (atacando o pensamento “mágico”, pseudo-científico). O momento sublime do episódio é quando vemos Leonard, Penny, Raj, Howard, Bernadette e Amy em crianças.
Na terceira temporada, o primeiro episódio mostra os receios da família de Sheldon: eles temem que Sheldon tenha um colapso nervoso, tal como o Dr. Sturgis teve ao saber que o seu trabalho nunca seria reconhecido como genial (não iria receber o Prémio Nobel). A pressão de ser sempre o melhor pode fazer com que Sheldon tenha um esgotamento. Curiosa foi a interação com a mãe, sobre a relatividade daquilo que se considera como sendo “maluquice”: “Sub-atomic particles are real! You talk to an invisible man in the sky who grants wishes. If anyone’s mental, it’s you!”
No final do terceiro episódio, Sheldon reflecte sobre o relativismo da atribuição de responsabilidade, pedindo desculpa aos pais e à avó, mostrando-lhes um episódio de Star Trek, The Devil in the Dark.
No quarto episódio, Sheldon é obrigado a fazer uma pausa na ciência. No entanto, ele continua a ver ciência em todas as atividades que realiza (desde bowling até bingo). Então, decide concentrar-se em fantasias (o oposto de ciência): fica obcecado com a história de O Senhor dos Anéis, descobrindo que tem uma cronologia incoerente; ele tenta corrigi-la, mas não consegue.
No episódio 10, Sheldon, que nunca mente, diz à mãe que está doente (mentindo-lhe) para poder faltar ao teste de natação. A irmã diz-lhe: “Bem-vindo ao lado negro”. A mãe canta-lhe a famosa canção “Soft Kitty” para o fazer sentir melhor.
No episódio 16, Sheldon vai ver uma palestra de Stephen Hawking à Universidade Caltech, na Califórnia. O episódio acaba com Sheldon a admirar a cantina da Caltech, assumindo que gostaria de estudar ali. A cantina da Caltech é utilizada em muitas cenas da série The Big Bang Theory.
No episódio 20, enquanto está sob o efeito da anestesia no dentista, Sheldon sonha que conhece o deus egípcio do conhecimento, Thoth. Thoth dá-lhe a resposta que resolve a Teoria do Campo Unificado. Infelizmente, quando acorda, Sheldon não se consegue lembrar da resposta. Sheldon tenta colocar-se novamente num estado alterado da mente, de modo a tentar falar novamente com Thoth. Mas quem fala com ele são os posters de cientistas, como Einstein, Hawking e Feynman, que lhe dizem que “the pursuit of science is more valuable than just the answers” – é muito mais emocionante a viagem do que o destino, ou seja, para um cientista, é mais valiosa a busca pelas respostas do que as respostas em si.
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