A vida como a conhecemos depende de algumas coisas.
Uma delas é o RNA, o ácido ribonucleico presente em toda vida moderna.
Um ingrediente fundamental para o RNA, por sua vez, é um açúcar chamado de ribose. Porém, os açucares são muito instáveis, eles se decompõem rapidamente na água. Assim, a ribose precisa de um outro elemento para estabilizá-la. E esse elemento é o boro.
Quando dissolvido na água, o boro vira borato, reage com a ribose, e a estabiliza por um tempo longo o suficiente para que se gere o RNA.
Resumindo: se por acaso você encontrar boro em um planeta, muito provavelmente aquele planeta teve condições para que a vida ali se desenvolvesse.
E para surpresa geral, o rover Curiosity detectou boro em veios minerais de sulfato de cálcio em Marte.
O boro provavelmente estava presente na água subterrânea de Marte, o que indica que em algum momento a água que percolou pela Cratera Gale tinha tudo para desenvolver algum tipo de vida. A água tinha uma temperatura entre 0 e 60 graus Celsius e um pH entre básico e neutro.
Outro facto interessante é que o boro foi encontrado numa cratera com 3.8 bilhões de anos de vida, ou seja, se a vida existiu em Marte ela foi mais jovem do que aqui na Terra.
O boro foi identificado usando o instrumento do Curiosity chamado ChemCam.
Claro que não é só a descoberta do boro que é importante. Todas as descobertas que o Curiosity vem fazendo desde que pousou na Cratera Gale em 2012 estão montando um belo conjunto de evidências de que o Planeta Vermelho, hoje um deserto frio e seco, teve em algum momento da sua história não só as condições ambientais mas também os elementos/blocos fundamentais para o desenvolvimento da vida.
Se ela se desenvolveu é outra história. E isso ficará para o próximo rover, a Mars 2020. Esse rover levará dois instrumentos, a SuperCam e o SHERLOC – ambos serão usados para pesquisar por sinais de vida passada no planeta.
Fonte: Phys.org
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