A existência de buracos negros supermassivos binários é algo previsto pelos modelos hierárquicos de formação de galáxias.
Porém, até ao momento, só um buraco negro supermassivo binário havia sido detectado, e mesmo assim com uma distância relativamente grande entre eles.
Para tentar encontrar outros exemplares dessa rara espécie cósmica, os pesquisadores resolveram pesquisar a galáxias NGC 7674, uma galáxia luminosa no infravermelho, localizada a 400 milhões de anos-luz de distância da Terra.
Ela é uma galáxia Seyfert do Tipo 2, ou seja, uma rádio-galáxia, que possui um AGN, ou seja, um núcleo galáctico ativo: um buraco negro supermassivo que está em processo de alimentação voraz.
Ela possui também sinais de ter passado por uma interação com uma galáxia menor.
Essas características fazem dela uma boa candidata a ser explorada.
Para fazer o estudo, os pesquisadores precisaram fazer com que vários rádio-telescópios espalhados pelo mundo trabalhassem de forma integrada criando um grande interferômetro. Só assim eles teriam a resolução necessária para separar dois buracos negros próximos no interior da galáxia.
Com esse longo interferômetro, os pesquisadores puderam então registar no núcleo da NGC 7674, duas fontes compactas de emissão de ondas de rádio.
Essas duas fontes possuem propriedades que são conhecidas por estarem associadas com buracos negros supermassivos que estão agregando gás, ou seja, existe no núcleo da NGC 7674 dois buracos negros.
Além disso, o facto da galáxia apresentar uma emissão em ondas de rádio na forma de um Z, é a morfologia esperada como sendo o resultado dos efeitos combinados da fusão de galáxias seguido pela formação de um buraco negro supermassivo binário.
Os dois buracos negros possuem uma massa combinada equivalente a 40 milhões de vezes a massa do Sol, possuem um período orbital de 100 mil anos, e estão separados pela distância de menos de 1 ano-luz, fazendo desse par, o buraco negro supermassivo binário com menor distância entre os membros já descobertos.
Os pesquisadores esperam poder no futuro detectar ondas gravitacionais provenientes da fusão de dois buracos negros supermassivos.
O problema atual é que esse tipo de fusão gera ondas gravitacionais com uma frequência muito menor do que a frequência gerada pelos buracos negros de massa estelar que se fundiram e que tiveram a oportunidade de ter suas ondas gravitacionais detectadas pelo LIGO.
Além disso, ao descobrir mais um buraco negro supermassivo binário, os astrônomos vão aprimorando as técnicas e gerando estatísticas suficientes, primeiro para provar as previsões teóricas e posteriormente para entender cada vez melhor a evolução das galáxias e a simbiose existente entre os buracos negros supermassivos e suas galáxias hospedeiras.
Fonte: Phys.org
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