Programa de Pesquisa de UFOs do Pentágono relata casos curiosos

Créditos: The New York Times, U.S. Department of Defense

No passado sábado, 16 de Dezembro de 2017, o jornal New York Times publicou um artigo de investigação jornalística que demonstra que o Pentágono teve e provavelmente ainda tem um programa secreto de pesquisa de casos com OVNIs/UFOs.

Este foi um excelente trabalho jornalístico do New York Times.
Em vários artigos no AstroPT criticamos o mau jornalismo.
Desta vez, temos que dar os parabéns aos jornalistas do New York Times que fizeram esta investigação.

O programa de investigação do Pentágono denominou-se Advanced Aerospace Threat Identification Program, ou seja, Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais.
É um programa de Defesa Aérea, como devia ser, já que afinal se está a falar do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Pentágono.
Crédito: Charles Dharapak / Associated Press

No entanto, esta não é propriamente uma aposta do Pentágono.
O orçamento anual deste programa foi de 22 milhões de dólares, num orçamento total do Pentágono de 600 mil milhões (bilhões, no Brasil) de dólares.

Além disso, mais do que uma investigação do Pentágono, este programa tem uma tendência muito pessoal.
O programa foi requerido por Harry Reid, senador americano e “Presidente” do Senado Norte-Americano durante o tempo em que o programa esteve oficialmente ativo.
Este Senador tem uma crença na ideia de que atualmente alienígenas nos visitam com naves. Por isso, tinha todo o interesse em promover um programa de investigação deste género.

Por outro lado, grande parte dos 22 milhões de dólares do Pentágono foram pagos a uma empresa de investigação aeroespacial gerida pelo bilionário Robert Bigelow, que é um grande amigo de Harry Reid já há muitas décadas.
Robert Bigelow é um crente fundamentalista na ideia de que atualmente alienígenas nos visitam com naves. Porque digo fundamentalista? Porque nem sequer põe a hipótese de estar enganado: ele está convencido a 100% que “eles” nos visitam. Ele acredita piamente que os casos de OVNIs são devido a naves extraterrestres.
Na verdade, foi Robert Bigelow que convenceu Harry Reid que os UFOs são naves extraterrestres (como se sabe, os políticos, incluindo senadores, não são conhecidos por terem conhecimentos de ciência/astronomia ou sequer por terem apurado pensamento crítico).

Ou seja, existiram razões pessoais, e não objetivas, para esta investigação.
O que faz com que esta investigação esteja desde o início com graves problemas de objetividade e credibilidade.

Robert Bigelow.
Crédito: Isaac Brekken / The New York Times

O programa decorreu entre 2007 e 2012.
No entanto, há quem defenda que este programa ainda decorra atualmente. Claro que o número irrisório no orçamento faz com que pouca gente se dê conta dele. Além disso, o facto de ter documentos classificados faz com que se saiba ainda menos sobre ele nos últimos 5 anos.

Tal como foi justificado no programa, o programa servia/serve para os militares reportarem testemunhos estranhos, sem medo de serem ridicularizados. Assim, ficava-se com testemunhos escritos e oficiais das observações que se faziam.

Nos 5 anos em que este programa decorreu oficialmente, produziu testemunhos de visualização de naves que pareciam mover-se a velocidades bastante elevadas, sem se perceber como.
Além disso, existem vídeos de encontros entre naves desconhecidas e aviões militares dos EUA.

Um dos casos mais estranhos, deu-se a 14 de Novembro de 2004 quando dois pilotos da Marinha dos EUA, David Fravor e Jim Slaight, pilotando jatos de caça F/A-18F Super Hornet vindos do porta-aviões Nimitz, próximo de San Diego (no Sul da Califórnia), viram um objeto oval esbranquiçado que parecia ter um halo brilhante. O objeto não parecia ter asas nem meios de locomoção, mas estava a provocar muita ondulação sobre as águas do Oceano Pacífico (próximo da costa californiana). A seguir moveu-se muito rapidamente, superando a velocidade dos caças (caso o objeto que foi detetado posteriormente em radar – não foi visto ou filmado por eles – seja o mesmo que viram anteriormente).
Eles gravaram um vídeo desse encontro:

Curioso que, enquanto viam o objeto, um dos pilotos chamou drone ao objeto.
Podem ter querido dizer que era um objeto metálico desconhecido, ou então que seria um daqueles drones que todos nós conhecemos e que podemos comprar em todo o lado e que se tornaram uma praga atualmente e até promovem perigo de colisões perto de aeroportos (quando as pessoas que os telecomandam têm pouca inteligência sobre o local onde devem brincar com eles).

James E. Oberg, um conhecido engenheiro dos vaivéns espaciais, afirmou que não se deve colocar de lado a hipótese que sejam naves de países “inimigos” dos EUA. Segundo ele, os EUA utilizam naves secretas para espiar outros países. Por isso, é previsível que outras nações avançadas, “inimigas” dos EUA, também utilizem naves terrenas secretas para espiar os céus sobre os EUA. E, claro, querem manter em segredo essa espionagem. Por isso, nesses casos, até são essas nações que promovem posteriormente a ideia que essas naves são extraterrestres, já que disseminando essa falsa ideia pelos mídia e pelas redes sociais, torna-se mais fácil esconder a verdade de serem simplesmente aviões espiões avançados.

A investigação é sempre excelente de ser feita.
No entanto, não deve ser feita com base em crenças, na fé pessoal de alguém.

Reid deu a entender que o programa acabou em 2012 porque, a não ser uma gigantesca resma de papeis com testemunhos de observações, o programa de investigação não encontrou nada de significativo que pudesse concluir como sendo extraterrestre. Assim, o programa perdeu o interesse.

A grande maioria destes UFOs, após uma investigação ser feita, são concluídos como sendo objetos naturais ou feitos pelo Homem.
Mas como mostrou o projeto Blue Book, cerca de 5% dos casos ficam como sendo não explicados.

Sendo assim, a conclusão mais importante neste momento é:
UFOs/ OVNIs, por definição, são Objetos Voadores Não Identificados no momento da observação. Após uma investigação ao caso específico, grande parte dos casos passam a ser identificados como objetos naturais ou feitos pelo Homem. 5% dos casos continuam como UFOs, ou seja, continuam a ser Não Identificados. Assim, a única conclusão que se pode ter é dizer que Não se sabe o que é.
Quem diz que sabe o que é, que um UFO está identificado, e que essa identificação é extraterrestre, está a mentir. Porque não pode dizer isso sem evidências. E porque é mentira, até por definição, do que é um UFO.

Aliás, o próprio Harry Reid, crente em naves extraterrestres, diz isso: “If anyone says they have the answers now, they’re fooling themselves. We do not know.”
Ou seja, Harry Reid afirma que se alguém diz que sabe que a resposta é “nave extraterrestre”, está a mentir ou está a enganar-se a si próprio. A única coisa que se pode dizer sobre os tais 5% é que não se sabe o que é.

Podem existir centenas/milhares de explicações terrenas e humanas que não se podem estudar, porque não se pode replicar a observação em laboratório nem se pode viajar no tempo para ir estudar in loco o que aconteceu. Por isso é que 5% dos casos continuam como Não-Identificados.

Afirmar o oposto do que é um UFO, ou seja, afirmar que os 5% de UFOs são objetos identificados (como sendo naves espaciais) revela uma crença pessoal, um fundamentalismo religioso, uma fé obsessiva, e não uma procura pela verdade baseada na ciência e na racionalidade.
Também é paradoxal, demonstra uma tremenda falha no pensamento crítico e evidencia carência na imaginação científica, porque, como já foi explicado neste artigo, igualar a grande maioria dos UFOs a naves extraterrestres é assumir que os extraterrestres são estúpidos/burros e andam por aí com aviões primitivos similares aos nossos do século XX.

Fontes: New York Times, New York Times, Politico, Gizmodo, Fighter Sweep, Sábado, AstroPT

Crédito: DolphinsDock

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