O que acontece depois da fusão de duas estrelas de nêutrons?

Crédito: NRAO / AUI / NSF: D. Berr

Esse ano tivemos a detecção do evento mais impressionante de ondas gravitacionais. O evento chamado de GW 170817 gerou tanto ondas gravitacionais como uma contrapartida em outros comprimentos de onda, que puderam ser detectadas pelos mais diversos instrumentos na Terra.

O evento foi o resultado da fusão de duas estrelas de nêutrons.

Mas desde a detecção desse evento, os astrônomos usando o VLA (Very Large Array) nos EUA, um conjunto de antenas na Austrália, e um rádio telescópio inovador na Índia, vêm observando regularmente o objeto.

E todos esses rádio telescópios mostram que as emissões de ondas de rádio vêm se intensificando.

Com base nisso, os astrônomos estão conseguindo propor um cenário pós-fusão das estrelas de nêutrons.

Esse aumento gradativo do sinal de rádio, indica que os astrônomos estão vendo um fluxo de material viajando a velocidade relativística a partir da fusão das estrelas de nêutrons.
E isso ajuda a entender o que acontece realmente depois que duas estrelas de nêutrons se fundem.

A fusão inicial dos objetos superdensos causou uma explosão, a chamada quilonova, que ejetou uma concha esférica de detritos para fora.
As estrelas de nêutrons se colapsaram em algo remanescente – pode até ser um buraco negro -, que começou a puxar o material para a sua direção.
Esse material formou um disco girando rapidamente ao seu redor que gerou um par de jatos relativísticos.

A questão é: como é a estrutura desse disco e desses jatos? Será que estão apontados para a Terra ou não?

Os astrônomos começaram então a pensar em um modelo para explicar essa consequência da fusão das estrelas de nêutrons.
No modelo mais simples onde o jato sairia da concha de material, haveria uma diminuição na intensidade das ondas de rádio e raios-X.

Como o que foi observado foi um aumento, foi proposto um modelo alternativo.
Nesse modelo alternativo, os jatos não são emitidos diretamente da esfera de detritos. Nesse movimento todo de detritos acaba-se gerando um tipo de casulo que absorve a energia do jato e depois a re-emite com um sinal amplificado.

Os pesquisadores usaram o Chandra para comprovar o aumento na intensidade dos raios-X e os rádio-telescópios para verificar o aumento na intensidade das ondas de rádio.

Com esse modelo do casulo sendo o mais provável, os pesquisadores esperam agora poder estudar ainda mais o que aconteceu com essa colisão através da detecção das ondas eletromagnéticas geradas no fenômeno.

Por essas e por outras é que essa detecção foi um dos eventos mais marcantes da astronomia no ano de 2017.

Fontes: Sciencenews, Phys.org

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