Pela primeira vez, cientistas observaram diretamente bactérias vivas no gelo e na neve (em tarolos de gelo) existentes nos polos norte e sul (em locais no Ártico e na Antártica) – em ambientes que no passado já foram considerados estéreis. Não se esperava encontrar vida, bactérias metabolicamente ativas, nestes ambientes intactos, nestes preservados tarolos de gelo.
Isto faz com que aumentem as probabilidades de se encontrar vida microbiana em planetas e luas geladas do sistema solar – ambientes congelados e muito parcos em nutrientes.
Isto também faz com que os humanos possam estar a ter um impacto maior nos níveis de dióxido de carbono atmosférico, e consequentemente nas alterações climáticas, do que se pensava – porque as bactérias podem ter incluído dióxido de carbono nesse gelo, e assim as amostras de gelo que se pensavam tinham certos níveis de dióxido de carbono na pré-história na verdade foram modificados pelas bactérias, e por isso originalmente tinham níveis inferiores ao que se pensava.
Fontes: Phys.org, artigo científico
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“Research has shown that microorganisms can be incredibly persistent, even deep within high plateau polar ice, remaining culturable even after hundreds of thousands of years (see [22].”
Referência 22 é um paper de 2004.
http://www.pnas.org/content/101/13/4631?ijkey=bf91fc9e713e0e871516028e6fe9c7f063d333aa&keytype2=tf_ipsecsha
Ou seja NÃO é de todo a 1ª vez que “cientistas observaram directamente bactérias vivas no gelo e na neve” como indica a notícia da plataforma Phys.Org
O próprio paper indica que estas observações estão “bem estabelecidas.”
O que este trabalho revela é que o metabolismo microbial (o processamento de nutrientes das bactérias) produz gases de estufa das substâncias residuais desta digestão.
Se os modelos de efeito de estufa e do aquecimento global levarem em conta a actividade das bactérias então estas capturaram nos gelos (nas diversas camadas de neve que formaram os gelos) muito mais gases de estufa e actividade industrial humana teve e tem um impacto muito maior do que o indicado mesmo pelos modelos mais pessimistas.
Uma pequena dose evitável de sensacionalismo da Phys.Org – a 1ª vez isto ou a 1ª vez aquilo são sempre de desconfiar (até por serem como no caso algo infantis, tipo criança a brincar que a bola é minha) o que é mais sério é que este tipo de títulos (que evitas no AstroPT, e bem, excepto se bem confirmado) atira para muito segundo plano o que é importante tanto para os leitores como para os cientistas.
O importante é que o Aquecimento Global é bem pior do que se modelava, como aliás é consenso entre os climatologistas: por norma os modelos são conservadores.
A realidade mostra-se bem pior, e o debate é se já estamos, ou não, o ponto de não retorno.
Esse deveria ser o título da Phys.Org
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Obrigado pela crítica 😉