O famoso realizador Guillermo del Toro realizou este excelente filme, passado supostamente nos EUA em 1962, com a Guerra Fria como pano de fundo.
Elisa trabalha num laboratório secreto do governo, de pesquisa aeroespacial.
Ela é uma das mulheres da limpeza.
Um dia, chega uma criatura humanoide que foi apanhada na Amazónia – como se fosse um episódio de X-Files, em que criaturas semelhantes eram apanhadas em esgotos.
A criatura anfíbia é inteligente, consciente, e capaz de entender emoções.
Ela conhece a criatura, consegue interagir com ele/a e apaixona-se por ele/a.
Quando o Governo decide dissecar a criatura para aprender como ela é por dentro, Elisa, Zelda (colega de trabalho) e um vizinho raptam a criatura e devolvem-na à liberdade.
O chefe de segurança mata Elisa, e a criatura mata o chefe de segurança.
Em geral, gostei do filme.
Achei o filme “parado”, sobretudo inicialmente, com uma forte componente intelectual.
O filme deixa várias perguntas sem resposta, o que lhe incute uma sensação de mistério.
Este filme é uma história de conto de fadas: a empregada que é muda e trabalha muito (como a Gata Borralheira), no final fica livre, evolui e é amada por um ser fantástico.
Achei interessante, Elisa ser simpática para com o vizinho idoso dando-lhe ovos cozidos… e depois fazer o mesmo à criatura.
O filme retrata uma sociedade bastante machista e racista – tal como era na altura.
Existem inúmeros exemplos disto ao longo do filme.
O que achei mais curioso é o poster que foi colocado no vestiário das mulheres, alertando as mulheres para pararem com as fofocas/mexericos: “línguas soltas podem afundar navios.”
Adorei a citação da Elisa, em resposta ao facto da criatura não ser humana, em que ela diz: “Se não fizermos nada (se não o salvarmos), também não somos.”
O filme tem alguma comédia ligeira, sobretudo em algumas frases.
Por exemplo, ri-me com a frase de Zelda, a descrever o seu marido: “If farts were flattery he’d be Shakespeare” – “se peidos fossem elogios, ele seria Shakespeare.”
A criatura é um “peixe” humanoide.
É um tremendo absurdo a criatura ser humanoide. Não há qualquer razão para o ser.
A criatura é considerada um deus pelas tribos da Amazónia.
A razão é simples: a criatura toca nos humanos e cura-os das suas maleitas, tornando-os até mais jovens (incluindo com crescimento de cabelo nas carecas).
O “deus” é, na verdade, uma criatura com capacidades fantásticas…
No final, Elisa leva dois tiros e aparentemente morre.
Mas a criatura leva-a para o canal que desagua no mar. Nessa altura, dentro de água, ela volta a viver, sendo que as misteriosas cicatrizes que ela tem no pescoço (desde que era bebé, quando foi encontrada dentro de água, num rio) transformam-se em guelras e ela passa a respirar dentro de água.
Isto é um total absurdo. Como se a evolução funcionasse dessa forma, extremamente rápida e só num indivíduo…
A não ser que, ela já tivesse essa capacidade desde bebé: tendo dois sistemas respiratórios, tal como a criatura.
2 comentários
Também concordo que há muitos detalhes que não fazem sentido, mas acho que temos de olhar para este filme, como um filme de fantasia… Por exemplo, não vamos analisar A Bela e o Monstro, ou a Alice no país das Maravilhas
P.S. Parabéns pelo excelente blog de partilha de conhecimento!
Author
Obrigado pelo elogio
Claro que se analisam.
Por exemplo, Alice no País das Maravilhas tem diálogo fantástico sobre o Tempo (o coelho) e ela cai por um buraco que pode ser considerada a entrada de um buraco negro para um buraco de verme. MNo entanto, colocar buracos negros ali não faz sentido, que toda a Terra cairia
A Bela e o Monstro é uma fantasia dos nerds que sonham em ficar com a chefe das cheerleaders. Na prática, não aconteceria… a não ser que o monstro tivesse muito dinheiro… ou seja, se o nerd ficasse um género de Bill Gates.
Claro que estou com estereótipos que nada têm a ver com ciência
abraço!