Um dos grandes mistérios na astrofísica é como e porquê que as estrelas explodem de maneira diferente.
Nós sabemos que essas explosões estelares são chamadas de supernovas. Mas existem vários tipos. Um tipo acontece quando uma estrela anã branca explode, esse tipo é chamado de Tipo Ia; esse é um tipo especial, pois o seu brilho é quase sempre o mesmo, e ele é usado como uma verdadeira régua cósmica para medir com precisão as distâncias no universo. Outro tipo de supernova são as de colapso de núcleo; essa é a que a gente aprende nos livros, ou seja, representa o final da vida de uma estrela massiva; entre as supernovas desse tipo estão as chamadas de Tipo II.
Os astrônomos costumam identificar e estudar as supernovas usando telescópios em Terra. Através do espectro, eles conseguem dizer qual a cor da supernova e como ela mudou com o tempo. Isso é importante, pois assim eles conseguem dizer sobre os elementos químicos que são gerados nessas explosões.
Porém, saber como e por que as estrelas explodem em supernovas é algo que os telescópios terrestres não conseguem dizer.
E aí, para ajudar a resolver esse mistério entra em cena o telescópio espacial Kepler.
O Kepler é um instrumento usado para detectar exoplanetas estudando a curva de luz das estrelas e detectando o trânsito do planeta ao passar na frente da estrela. Mas, enquanto ficava ali observando por um longo intervalo de tempo uma determinada região do céu, o Kepler acabava registando uma série de dados que para a caçada de exoplanetas era lixo, mas que para outros objetivos eram fundamentais.
O Kepler, nessa brincadeira toda, conseguiu estudar mais de 400 galáxias e pasmem, detectou mais de 20 supernovas!
Se parasse aqui, já seria algo fantástico, mas vamos além.
No meio de tudo isso, o Kepler conseguiu detectar um tipo de supernova muito difícil de ser detectado, as chamadas FELTs, ou Fast-Evolving Luminous Transient.
FELTs são um tipo muito extremo de supernova, mas rapidamente desaparece o que faz com que seja muito complicada a sua detecção.
Na falta de dados, não faltam hipóteses para explicar as FELTs: elas podem ser o brilho de uma explosão de raios-gamma, uma supernova criada por uma magnetar, ou um tipo de supernova Ia que falhou.
Mas com essa observação do Kepler foi possível deixar as alternativas de lado e afirmar que as FELTS são estrelas que morrem primeiro lançando uma concha densa de gás quase um ano antes da explosão. Então quando a explosão acontece, o material ejetado atinge a concha de gás. Nesse momento, uma grande energia é libertada, explicando assim o brilho rápido desse tipo de objeto.
Só o Kepler poderia fazer esse tipo de detecção e análises, e isso mostra como aproveitar missões já existentes para estudar novos fenômenos no universo, é realmente espetacular.
Os astrônomos esperam que com a TESS, a próxima missão que irá caçar exoplanetas, mais supernovas sejam detectadas e mais FELTs também. Assim seria possível ter um modelo muito bom de como essas explosões ocorrem no universo.
Fontes: NASA, HubbleSite, artigo científico
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