Enxame Globular formou-se quando Universo tinha apenas 300 milhões de anos

Uma equipa de astrónomos utilizou um método inovador com o telescópio Hubble para medir a distância do enxame globular NGC 6397, na constelação austral do Altar (Ara), em 7800 anos-luz, com uma margem de erro de apenas 3%.

O novo valor, por sua vez, permitiu uma calibração precisa das luminosidades das estrelas do enxame e o cálculo da sua idade, com base em modelos teóricos de evolução estelar.

O resultado é extraordinário: as estrelas do NGC 6397 têm uma idade de 13.4 mil milhões de anos, ou seja, nasceram quando o Universo tinha apenas 300 milhões de anos de idade, numa altura em que a própria Via Láctea começava a formar-se.

O enxame globular NGC 6397 na constelação do Altar.
Crédito: ESO

A técnica utilizada é uma variante do método comum do paralaxe para a determinação da distância de objectos astronómicos, desenvolvida por Adam Riess e Stefano Casertano, ambos do Space Telescope Science Institute e Johns Hopkins University. Normalmente a técnica do paralaxe dificilmente seria aplicável a objectos tão distantes, mesmo com um instrumento como o Hubble. No entanto, os astrónomos observaram que poderiam aumentar a precisão do método estimando em simultâneo os paralaxes de várias estrelas do enxame. A combinação das várias medições (40 estrelas observadas a cada 6 meses, durante 2 anos) diminuiu consideravelmente o erro na estimativa final que atingiu os 3% apenas. Com os outros métodos ao seu dispor, os astrónomos conseguiam precisões na ordem dos 10 a 20%. Riess e Casertano sugerem ainda que, com a publicação da segunda versão do catálogo da missão Gaia, no próximo dia 25 de Abril, esse erro poderá mesmo baixar para apenas 1%, um resultado histórico.

O conhecimento preciso da distância aos enxames globulares é crucial, não apenas para compreender a antiguidade e a evolução das suas populações estelares mas também porque estes são elementos cruciais numa “geringonça” que os astrónomos designam por Cosmic Distance Ladder — um conjunto de métodos para a determinação de distâncias extra-galácticas. Por exemplo, a luminosidade dos enxames globulares mais brilhantes é utilizada para estimar a distância de galáxias. Este método assume que os enxames com maior brilho aparente têm luminosidades semelhantes em diferentes galáxias. Os enxames globulares contêm também estrelas que variam de brilho e cuja periodicidade está relacionada de forma simples com a sua luminosidade intrínseca, uma dependência valiosa para estimar distâncias extragalácticas. A determinação precisa da distância ao enxame permite a calibração desta relação período-luminosidade.

Referências: HubbleSite, AstroPT, AstroPT

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