Na quarta-feira, 18 de Abril, a NASA irá proceder ao lançamento do TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), um observatório que irá monitorizar o brilho de cerca de 200 mil estrelas na vizinhança imediata do Sol durante 2 anos.
O TESS é o sucessor de um outro grande observatório dedicado à descoberta de planetas, o Kepler, lançado em 2009 pela NASA e que continua no activo.
Os cientistas esperam que os dados recolhidos pelo TESS permitam descobrir cerca de 20 mil novos planetas, parte deles em torno de estrelas próximas do Sol e passíveis de serem estudados em detalhe, quiçá mesmo fotografados, com uma nova geração de grandes telescópios na Terra e no espaço.
Apesar dos observatórios Kepler e TESS partilharem o princípio de funcionamento — ambos descobrem planetas em torno de outras estrelas detectando os seus trânsitos — as respectivas missões têm objectivos claramente diferentes.
Com o Kepler, os cientistas pretendiam realizar um censo dos sistemas planetários na Via Láctea, respondendo a perguntas como: qual a frequência de sistemas planetários na Via Láctea? que tipo de arquitecturas têm os sistemas planetários? que tipo de planetas existem e qual a sua frequência relativa? qual a frequência de planetas na “zona habitável” das estrelas?
Para esse efeito, o observatório focou a sua atenção em 150 mil estrelas, localizadas numa pequena região do céu na constelação do Cisne, que se supõe constituirem uma amostra representativa da população estelar dos braços espirais da Via Láctea. Até à data, os dados recolhidos pelo Kepler permitiram descobrir quase 4 mil planetas, a vasta maioria em torno de estrelas relativamente remotas. O censo foi um sucesso, permitindo concluir, por exemplo, que os planetas são extremamente comuns, existindo pelo menos várias dezenas de milhares de milhões na Via Láctea, e que quase todas as estrelas têm sistemas planetários.
Determinar as propriedades físicas dos planetas descobertos, o cerne da ciência planetária, seria o passo lógico seguinte. No entanto, os planetas do Kepler são tão remotos que é difícil, senão mesmo impossível, estudá-los em detalhe. O TESS foi desenvolvido precisamente para descobrir planetas em torno de estrelas mais próximas do Sol, passíveis de serem estudados em pormenor e comparados com os seus congéneres no Sistema Solar. Com as suas 4 câmaras e respectivos telescópios, o observatório vai monitorizar uma área 350 vezes maior do que o Kepler, cobrindo 85% da esfera celeste ao longo dos 2 anos previstos para a missão. Mais, as 200 mil estrelas que constituem os alvos primários da missão são em média 30 a 100 vezes mais brilhantes do que as estrelas observadas pelo Kepler e estão 10 vezes mais próximas, com distâncias entre os 30 e os 300 anos-luz. Simulações realizadas como parte do desenvolvimento da missão sugerem que os dados recolhidos permitirão descobrir cerca de 2 mil planetas em torno destas estrelas, incluindo 50 semelhantes em tamanho à Terra e 500 com o dobro desse tamanho. Se incluirmos planetas descobertos em torno de outras estrelas mais distantes, também registadas nas imagens das câmaras do TESS, o total global ascenderá aos 20 mil planetas.
Alguns dos planetas descobertos orbitarão estrelas visíveis a olho nu pelo que poderemos apontar na esfera celeste a localização destes mundos novos. Muitos outros serão facilmente visíveis com simples binóculos. O brilho elevado das estrelas hospedeiras permitirá o uso de técnicas de fotometria e de espectroscopia para caracterizar a órbita destes planetas e as suas características físicas, inclusive as suas composições e estruturas atmosféricas. Espera-se também que a proximidade relativa permita, pelo menos em alguns casos, a obtenção de imagens directas dos planetas através de instrumentos de última geração de óptica adaptativa montados em grandes telescópios como o ELT (Extremely Large Telescope), do ESO, ou através do telescópio James Webb, que deverá ser colocado em órbita em 2020 pela NASA.
Fonte: TESS Mission
Últimos comentários