Nematódeos ressuscitam?

Crédito: Shatilovich et al. , Doklady Biological Sciences, 2018

Uma equipa de cientistas de Moscovo e Princeton, retirou amostras de gelo com bastante profundidade no norte da Sibéria e descobriu vida que entretanto “ressuscitou”.

Uma das amostras de gelo foi retirada a 30 metros de profundidade. O solo e as plantas nesse gelo tinham 32.000 anos.
Uma outra amostra de gelo retirada em profundidade tinha 41.700 anos.

Nesta amostra foram descobertos nematódeos que os cientistas pensam que não se poderiam ter infiltrado recentemente no gelo profundo, mas foram congelados na altura (há 42 mil anos).

Estes pequenos organismos foram retirados das amostras glaciares e levados para a Academia das Ciências Russa de modo a serem estudados. Foram colocados a 20ºC e foi-lhes dado algumas bactérias para comerem.

E depois de serem descongelados, os nematódeos voltaram a viver: movem-se e comem.

Isto mostra que é possível para organismos multicelulares sobreviverem durante muito tempo (dezenas de milhares de anos) em criptobiose.

Claro que estes animais já têm uma habilidade fenomenal de se adaptarem a uma grande variedade de condições extremas.
No entanto, esta capacidade – chamada Desidratação para Crioproteção, Cryoprotective Dehydration (CPD) – de se conseguirem congelar e descongelar, ao expelirem a água das suas células à medida que as temperaturas ficam muito baixas (para não cristalizarem e destruírem as células) e depois ao voltarem a viver novamente quando as temperaturas aumentam, faz com que possa abrir novas avenidas na criomedicina, na criobiologia e até na astrobiologia.

Experiências de laboratório já tinham mostrado que os nematódeos poderiam ficar dormentes e congelados durante quase 40 anos e depois voltarem à vida.
Mas esta é a primeira vez que exemplares tão antigos voltaram a viver – se esta descoberta se confirmar, com investigações independentes, claro.

Fontes: IFLS, artigo científico

8 comentários

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    • Guilherme Corrêa on 03/08/2018 at 14:12
    • Responder

    Me fez pensar no livro “O Problema dos Três Corpos”!

    1. Desconhecia.

      Mas, curioso como sou, já fui ler sobre ele! 🙂

      Parece que é Muito Bom!!! E os seguintes do mesmo autor também 🙂
      Vou tentar encontrar em inglês 😉

      Obrigado! 🙂

        • GUILHERME DIAS CORREA on 03/08/2018 at 19:45

        Espero que goste, fico aguardando a sua revisão. Você já leu The Sparrow?

      1. Já me falaram nele várias vezes aqui em comentários no blog… mas para dizer a verdade, ainda não o comprei. Mas já li sobre ele e sei que vou adorar 😉

        Obrigado! 🙂

  1. Se esta descoberta se confirmer, qual poderiam ser as implicações na procura de vida em Marte? Especialmente depois da descoberta do lago no pólo sul? E em Enceladus? Poderia isto potenciar um maior interesse na busca de organismos nesses locais?

    1. Sim, totalmente correto.

      Isto abre perspetivas que no subsolo de Marte ou em Europa, por exemplo, possa haver vida dormente…
      Também dá para especular em termos de panspermia: vida poder viajar dormente no subsolo congelado de cometas…

      MAS – e isto é um grande Mas – isto só seria possível, se por acaso existisse vida nesses sítios há dezenas/centenas de milhares de anos atrás.
      Ou seja, para existir vida dormente, então primeiro teria que haver vida… e essa vida ter sofrido evolução.

      abraços

  2. Bom dia!

    Adorei este artigo, Obrigado pela partilha.

    Depois se tiver novidades sobre a confirmação desta descoberta, partilhe connosco por favor.

  3. Excelente pesquisa

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