Estamos Perto, Muito Perto, da Primeira Fotografia de um Buraco Negro

Representação artística do buraco negro supermaciço no centro da Via Láctea — Sagittarius A* .
Crédito: © M. Moscibrodzka, T. Bronzwaer and H. Falcke, Radboud University

A equipa do Event Horizon Telescope, que tenta obter a primeira imagem de Sagittarius A* — o buraco negro supermaciço localizado no centro da nossa galáxia — , publicou um artigo onde são analisadas observações obtidas em 2013, quando o EHT contava apenas com 4 estações (actualmente tem 7). Os resultados obtidos mostram que a performance dessa configuração mais antiga é já extraordinária, tendo sido possível inferir a existência de estrutura no interior de uma região com um raio de apenas 36 milhões de quilómetros, ou seja, apenas 3 raios de Schwarzschild (o raio do horizonte de eventos) do putativo buraco negro. De facto, as observações mostram inequivocamente que o objecto que se encontra no interior dessa região não é pontual e é assimétrico. Ainda não foi possível obter a tão desejada foto da silhueta do horizonte de eventos do buraco negro, rodeada por um anel de luz devido ao intenso campo gravitacional, mas estamos lá perto, muito perto.

A configuração do EHT em 2013 a que se referem os resultados publicados. As imagens mais pequenas mostram possíveis estruturas internas da região de 3 raios de Schwarzschild consistentes com as observações agora publicadas.
Crédito: Max Planck Society.

Para ter a noção da verdadeira proeza tecnológica que constituem estas observações do EHT — 36 milhões de quilómetros pode parecer muito — Sagittarius A* encontra-se a uma distância de 27 mil anos-luz, cerca de 250 mil milhões de milhões de quilómetros! Em Março do ano passado escrevi sobre novas observações de Sagittarius A* levadas a cabo pela equipa do EHT. Aparentemente, as imagens resultantes dessas observações ainda não foram sintetizadas a partir dos dados obtidos das 7 estações que, em conjunto, têm uma sensibilidade e resolução espacial bem superior à configuração de 2013. Resta esperar e (para os mais apaixonados) não desesperar…

A configuração actual do EHT.
Crédito: Dan Marrone/University of Arizona.

9 comentários

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  1. Radio telescópios geram imagem com base em comprimentos de onda fora do espectro de luz visível (no qual os fótons fazem parte), é nesse sentido que eu quis dizer.

  2. Impressionante!!
    A foto mais proxima de algum buraco negro que vi ate’ aos dias de hoje foi feita pelo NuStar, a 23 de Outubro de 2012 (https://www.nustar.caltech.edu/news/nustar121023).

    Aguardo ansiosamente por essa imagem fantastica!! 🙂

  3. Acham que ainda conseguiremos tirar uma foto dele ‘negro’ ou seja, sem que seja envolto por uma luminosidade?

    1. Nesse caso, que fotões chegariam até nós? 😉

        • Zeh on 15/01/2019 at 02:15

        Não necessariamente fótons mas algum comprimento de onda eletromagnética resultante dos eventos em ação no mesmo, talvez.

      1. Para tirar uma foto, precisa de fótons…

        • Zeh on 19/02/2019 at 02:09

        Carlos, não precisamos necessariamente ver um objeto pra obter uma imagem do msm, temos como exemplo câmeras sensíveis a outros comprimentos de onda eletromagnética além da luz visível e radiotelescópios que também constroem imagens a partir de ondas de rádio, portanto uma “foto” pode até nâo ser, mas uma imagem sem a emissão de fótons é possível sim.

      2. Totalmente de acordo.

        Mas quando se fala em “fotografia”, fala-se em luz visível.
        Não é detectar noutros comprimentos de onda…

        É tudo luz. Mas neste caso da fotografia, pretende-se dizer luz visível… porque já há luz visível do seu redor…

        abraços

  4. Isso é mesmo uma fascinante perspectiva para podermos no futuro estudar melhor o grande mistério que são os buracos negros

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