Revi recentemente o filme Starship Troopers.
O filme, baseado num conto de Robert Heinlein, segue a história de 4 amigos da escola secundária/ensino médio.
A história foca-se mais concretamente na carreira militar do jovem Johnny Rico, desde a recruta até ser oficial num clima de guerra.
A guerra interestelar dá-se entre a Humanidade e os chamados Aracnídeos – insectos gigantes.
O filme retrata uma distopia.
É um filme bélico.
É um filme de ficção científica, mas também de guerra, com elementos de comédia, sátira, aventura, thriller, e romance.
Aliás, o filme parece uma combinação da série Beverly Hills 90210, com os filmes Aliens e Robocop.
A história descreve uma sociedade no futuro (século XXIII), que é governada por elites militares.
Esta sociedade militarista tem vários elementos que caracterizam o fascismo, nomeadamente o nazismo.
Os chuveiros são mistos.
Só os cidadãos votam. Os civis não têm poder de voto.
Para garantir a cidadania, tem que se cumprir o serviço militar: como nos EUA, para os estrangeiros ou para os pobres que querem ter educação superior gratuita.
As crianças aprendem desde cedo a utilizar armas.
Aliás, vê-se nas notícias crianças a matarem baratas, como se estivessem a ajudar na guerra.
Ou seja, a endoutrinação começa desde cedo.
Mas a maior influência é nos jovens.
Os governantes aproveitam-se da adrenalina natural que a guerra provoca nos jovens, para os tornar “carne para canhão”.
Os jovens alistam-se iludidos.
Os governantes acentuam a emoção (em detrimento da razão).
Isto faz com que os jovens sejam obedientes, facilmente comandados, e totalmente manipulados.
Vários veteranos de guerra são mostrados sem membros superiores e/ou inferiores.
O lema do filme é: Kill Them All.
Apesar do lema ser de matar os aracnídeos, a verdade é que os jovens humanos que vão para a guerra, servem com orgulho, afirmando: “Vamos para a guerra para morrer.”
Pessoalmente, gosto do filme, porque providencia um bom entretenimento.
Apesar de gostar do entretenimento do filme, a verdade é que é bastante básico: pegaram em insetos, amplificaram o seu tamanho, e chamaram isso de ficção científica. Ora, isto é típico dos B-movies.
Com uma história simples, de Humanidade vs. Alienígenas, o filme critica a sociedade americana e mostra a futilidade da guerra.
O filme critica a guerra e a manipulação dos jovens (e da população).
Aliás, existe muita manipulação dos media: uma propaganda totalitária.
A frase típica é: Would you like to know more?
A Humanidade é representada de forma bastante violenta.
E o mais curioso é que, tal como em muitas das guerras a que estamos habituados na realidade, enquanto a população pensa que “a culpa” é dos outros (neste caso, dos Aracnídeos), a verdade é que tudo começou porque a Humanidade invadiu o planeta dos aracnídeos.
Ou seja, a Humanidade é que começou a guerra, mas depois manipulam o discurso para, perante a população, se fazerem de vítimas e dizerem que têm que se defender dos “maus”.
Na verdade, a crítica social é bastante forte, basicamente mostrando que nós somos os Aracnídeos. Não há diferença entre nós e eles.
Foi interessante ver a professora defender que os aracnídeos são superiores aos humanos porque não têm consciência.
Quando, como disse em cima, no filme é mostrado que ambos “não têm consciência”.
E ainda mais interessante foi quando os Humanos pensaram/assumiram que eram mais espertos que os insetos. E foi essa subvalorização dos outros, que lhes trouxe uma gigantesca derrota inicial.
Outro aspeto interessante é o destaque dado aos poderes psíquicos.
Supostamente, alguns humanos mais dotados, conseguem ler as mentes de outros humanos e até dos aracnídeos.
O mais interessante deste aspeto é quando os Humanos capturam um inseto inteligente com um grande cérebro, o “especialista psíquico” faz o teatro de ler a mente ao aracnídeo e declara: “Ele está com medo”. Ora, qualquer pessoa, sem quaisquer poderes, pode perceber que o bicho está com medo – não é necessário ler mentes.
Assim, isto pareceu-me uma crítica explícita aos pseudos.
1 comentário
Muito bom…gosto do filme e concordo com sua crítica.