Marte 2

A primeira temporada da série Mars foi muito boa.
Já falei dela, aqui.

No mês passado, acabou a segunda temporada da série Mars, também com 6 episódios.

No final da primeira temporada, a missão estava mesmo para terminar, devido a vários acidentes, incluindo problemas psicológicos com alguns membros da expedição. No entanto, a descoberta de vida em Marte fez com que a missão se prolongasse…

Agora veio o seguimento da história, com a segunda temporada.
A segunda temporada começa 5 anos depois do final da primeira temporada.
Estamos agora em Abril de 2042.

O objetivo das Missões Humanas a Marte é desenvolver a Humanidade.
Se possível, fazê-lo melhor do que fazemos na Terra, ou seja, sem serem cometidos os mesmos erros que se cometeram na Terra.

Na primeira temporada, existiram os desafios de chegada ao planeta vermelho e manter uma colónia humana lá. Isto levou a algumas perdas de vidas.
Na altura, a ciência era o único objetivo da presença humana em Marte.

Na segunda temporada, o objetivo é a exploração mineira de Marte, com empresas privadas a assumirem essa mudança. São mineiros à procura do lucro, como aconteceu na Terra.

Nesta segunda temporada, existe muita crítica social, muita crítica à forma como destruímos os recursos naturais.
E existe muita dicotomia entre os pontos de vista opostos: exploração vs. preservação.

Na série é dito que, olhando para a história humana na Terra, quem quer parar o progresso (defendendo os recursos naturais, a preservação), acaba por perder. Movimentos como o Greenpeace fazem muitos gestos simbólicos, mas têm muito pouca eficácia a médio e longo prazo.

Nesta temporada continuam a formar-se relações íntimas entre as pessoas que foram para Marte, existindo até o primeiro bebé nascido em Marte.

Se na primeira temporada existiu muita propaganda a Elon Musk e à sua SpaceX, nesta temporada foi realçado o papel fundamental da NASA para os Humanos viverem melhor na Terra.
Nesta segunda temporada também existiu um enorme realce para as alterações climáticas. Neste aspeto, pareceu-me seguir um guião similar à segunda temporada de Cosmos (de Neil deGrasse Tyson).

Resumindo: gostei desta temporada… mas a primeira foi melhor. De qualquer modo, vejam a série! 😉

Gostei:

– contém fabulosas imagens espaciais e marcianas.

– existe uma excelente mistura entre a missão atual e entrevistas explicativas da missão (entrevistas a Elon Musk, Andy Weir, Robert Zubrin, Neil deGrasse Tyson, Bill Nye, etc).

– a comparação com a exploração e investigação no Ártico.

– as conversas científicas sobre a gravidez em Marte.

– a discussão sobre a dicotomia entre ter espírito solitário e aventureiro vs. preferir estar fisicamente com a família. O que, em parte, é a dicotomia entre Young vs. Old (com responsabilidades acrescidas).

– não conseguirem ter conversas em real-time com a Terra. Há sempre atraso de 20 minutos nas transmissões: ou seja, passa-se algo, reporta-se isso, e só 20 minutos depois é que recebem a informação na Terra.

– compararem a exploração de Marte com a exploração da Terra. Quando formos para Marte, será como a exploração do Oeste Selvagem (Wild West) dos EUA, mas em Marte. Será realmente muito semelhante. Incluindo nos problemas que se irão levantar. Apesar do idealismo, estamos a lidar com humanos.

– o episódio 4 é muito bom. Existe uma epidemia, devido à contaminação dos Humanos por um micróbio marciano. Esse micróbio desenvolveu-se em fontes hidrotermais, e quando Marte deixou de ter água, ele entrou em hibernação… até agora… quando infetou os Humanos.
No entanto, para ser mais realista, mais pessoas deveriam ter morrido.

– o episódio 5 tem uma proposta de sanções contra a Lukrum Industries que não foi aprovada (devido às politiquices). É realista. A Lukrum é demasiado poderosa.

– o episódio 6 contém fotos que se mexem (quase como nos filmes do Harry Potter). E adorei a crise que se instalou.

Não gostei:

– a gravidade em Marte é cerca de um 1/3 da Terra. Dessa forma, não só eles não deveriam caminhar da mesma forma como aqui, mas também deviam fazer muito mais exercício e deveriam sofrer os efeitos de uma longa exposição a um ambiente de gravidade menor.

– não desenvolveram a história da vida em Marte. A vida descoberta no final da primeira temporada era fantástica. Por isso, não entendi porque “deixaram cair” esse tema.

– esta temporada foi demasiado Babylon 5: muita política, diplomacia e conflitos entre várias fações…

– no episódio 3, a astrobióloga devia ter morrido. Cometeu um erro. Deixou que a resposta emocional se sobrepusesse à razão (segurança). Era mais realista se tivesse morrido.

– deveria existir alguém com convicções mais fortes que o/a tornassem eco-terrorista.

– a Terraformação (com as primeiras nuvens) dá-se demasiado depressa. Além disso, já existem nuvens em Marte sem ser preciso os Humanos fazerem uma terraformação…

– se isto fosse real, duvido bastante que, no final, dessem a voz aos cientistas.

Finalizo com as palavras da Susan Wise Bauer: “Para se ser cientista, tem que se ser imune à desilusão.”

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