The Silence

Espeleólogos nos EUA estão a pesquisar uma caverna quando inadvertidamente libertam seres pré-históricos, parecidos com morcegos, que viveram na escuridão da caverna durante milhões de anos e que caçam pelo som.

A Humanidade é caçada por essas criaturas voadoras.
Aliás, toda a população animal é caçada por essas criaturas.

As criaturas voam em grupo. São chamadas de Vesps, parecidas com vespas.

O filme segue uma família que tenta salvar-se.
A família tenta fugir do caos da cidade, refugiando-se numa casa no campo.
A família contém: o pai, a mãe, a filha surda adolescente, o filho adolescente, a avó, e um amigo do pai que é chamado de tio.

Para lá chegarem, o tio morre.
E o cão da família também morre.

Entretanto, aparece um Reverendo, mudo, sem língua, que quer ficar com a miúda surda. A razão que ele dá, é que ela é fértil.
O pai não deixa que a sua filha seja levada.

A seguir, esse grupo sem língua, envia uma menina suicida com telemóveis para dentro de casa com a família.
Os telemóveis/celulares, que estavam escondidos, começam a tocar e as criaturas atacam em peso. Daí a miúda ser suicida.
No caos que se segue, o grupo do Reverendo rapta a filha surda.
A avó morre para salvar a neta.

A família fica a saber que as criaturas não gostam do frio.
Também ficam a saber que, a norte, está o Refúgio: um local para onde os Humanos estão a fugir.

A família nuclear (pai, mãe, filho e filha) chegam sãos e salvos ao Refúgio.

The Silence é um mau filme.

Supostamente, é um filme de horror/terror. Mas de horror/terror não tem nada.

É um filme que se aproveita do sucesso de A Quiet Place (Um Lugar Silencioso) para ter alguma relevância.

Apesar de ser muito semelhante em termos de história, não consegue chegar nem sequer aos calcanhares de A Quiet Place.

Não há qualquer emoção ou empatia com as personagens.
Os atores fazem um péssimo trabalho.
O miúdo (filho) tem várias falhas de representação: a forma como respondeu ao tio quando estava no carro, é forçado; depois, saiu desse carro do tio para ir para o carro do pai, sem se perceber qualquer razão para essa atitude (subsequentemente no filme, o tio tem um acidente e morre. Assim, esta foi a forma que os argumentistas arranjaram para o miúdo não morrer no acidente de viação. Mas foi uma forma patética de o fazerem).

As criaturas são muito piores que no filme A Quiet Place. Apesar de terem a mesma característica principal: caçam pelo som.
As criaturas não têm olhos, mas têm uma cabeça normal e uma zona para os olhos. No entanto, após milhões de anos de evolução subterrânea, sem nunca virem para a superfície, já deveriam ter evoluído.

As criaturas não veem. Mas quando o pai pega fogo ao carro do tio, as criaturas vão logo atrás do fogo, como se vissem o fogo. Não faz qualquer sentido…
Ou será que vão atrás do calor resultante do fogo? Pode ser isso, mas o filme não explica isso.

Numa das cenas do filme, está a trovejar imenso.
Não entendo como as trovoadas não aterrorizam as criaturas.
O enorme barulho dos trovões deveria não só confundir mas sobretudo sobrecarregar os sentidos (da audição) das criaturas.

As criaturas comem os animais, incluindo as pessoas.
Mas nas pessoas, pelo que é visto no filme, também põem ovos.
Isto não faz qualquer sentido.
Durante milhões de anos, as criaturas nem sabiam que existiam pessoas. Por isso, não nasciam dessa forma (colocando os ovos nas pessoas).
E agora, em 2 dias evoluíram para seres que só se reproduzem colocando os ovos em pessoas.
A evolução não funciona desta forma!

As criaturas viveram milhões de anos no interior de uma caverna, completamente isolada do exterior.
No entanto, mal chegam cá fora, sentem-se lindamente no novo ambiente, ao ar livre, cheio de Sol, carregado de oxigénio, e certamente com bactérias para as quais as criaturas não estão protegidas biologicamente.
Biologicamente, as criaturas não deveriam estar perfeitamente adaptadas ao novo ambiente exterior.

A família neste filme é praticamente igual à do filme A Quiet Place: pai, mãe, filha adolescente e filho mais novo.
Além disso, a filha adolescente é igualmente surda.

A diferença é que neste filme, a filha não é surda-muda, é só surda.
E só ficou surda há 3 anos, após um acidente de viação.
Isso, supostamente, faz com que fale perfeitamente: na forma de falar, não há qualquer diferença entre ela e os que ouvem bem.

Numa das cenas, em casa, ela ouve o cão ladrar. Mas supostamente não devia.
Supostamente, ela percebe que o cão está a ladrar, porque vê o pêlo eriçar. Mas nessa cena em casa, ela primeiro percebe que o cão está a ladrar e só depois vê o pêlo levantar. Assim, é uma cena que não faz sentido, porque ela devia ser surda.

A mesma adolescente diz numa das cenas que ela é a única pessoa na família que sabe viver em silêncio.
Mas não sabe. Ela somente não ouve os sons que ela e os seus familiares produzem.
Mas os sons existem. Ela não vive em silêncio. Ela não produz silêncio.

Uma melhor forma do filme se exprimir seria dizer que, como Ally não comunica verbalmente, então não precisa produzir sons para comunicar.
Neste sentido, ela está melhor adaptada que as outras pessoas para o novo mundo (onde não se deve produzir sons).
Mas mesmo este argumento faz pouco sentido, tendo em conta que no filme ela não ouve, mas fala perfeitamente. Durante o filme, ela fala imenso. Logo, ela farta-se de comunicar através do som (apesar de também utilizar a linguagem gestual).

No seguimento deste argumento, vê-se por várias vezes a família a caminhar sobre gravilha. Supostamente eles não fazem barulho.
Mas fazem: andar sobre gravilha produz vários sons.

Aliás, a família faz imensos barulhos/sons, como abrirem portas e as portas chiarem.
Tendo em conta as capacidades das criaturas, é absolutamente irrealista as criaturas não ouvirem esses sons e não atacarem.

Aliás, contrariamente ao propósito do filme, apesar da toda a família saber a linguagem gestual, eles passam o tempo a falar ou a sussurrar. Não deviam. Não precisavam. Mas é o que fazem. É absurdo.

Quando a mãe é atacada por uma criatura, o pai decide sair da casa onde eles estão, para ir procurar antibióticos numa farmácia.
Não entendo porque ele levou a filha nessa missão. Não faz qualquer sentido. É mais uma pessoa que pode fazer barulho e colocar em perigo a missão.

Na farmácia, eles são atacados por algumas criaturas.
Não entendo porque não atiram um objeto (uma caixa de comprimidos, por exemplo) para longe, de modo às criaturas irem atrás desse barulho.

Na casa para onde eles vão, já lá vive uma senhora de idade.
Essa casa tem uma enorme cerca a toda à volta. Por cima da cerca, existem uns sinos. O objetivo é saber quem está a tentar passar a cerca.
Quando a família tenta passar a cerca, a senhora de idade ouve os sinos e sai cá para fora. Mas põe-se aos gritos e a disparar, como se não soubesse que as criaturas existiam. Não faz sentido. Ela devia ter televisão ou rádio que lhe permitisse ouvir as notícias. Ou, no mínimo, nos últimos dias já devia ter feito barulho de modo às criaturas a atacarem. Ou seja, ela já devia saber que as criaturas existiam.

Também não faz qualquer sentido existir um tubo por baixo da cerca, por onde todos podem passar.
Qual é o objetivo de ter uma cerca, se depois todos podem passar por baixo dela?

Entretanto, aparece um Reverendo, mudo, sem língua, que quer ficar com a miúda surda.
Mas não faz grande sentido. Ele devia querer alguém que não faz barulho, como um mudo. Não um surdo que faz barulhos.
Como eu já disse em A Quiet Place, tendo em conta que ela é surda, ela não se apercebe dos barulhos que inadvertidamente faz (como pisar folhas caídas ou andar sobre madeira a ranger). Isso faz com que seja uma candidata ideal para ser apanhada pelas criaturas. O que coloca o grupo em perigo também. Assim, não há vantagem no grupo do Reverendo querer esse indivíduo em específico.

O reverendo diz que quer a rapariga, porque ela é fértil.
Mas a mãe também é fértil, e ele não a quer.
Além disso, o grupo do Reverendo contém mulheres, incluindo raparigas de idade similar a esta adolescente. Por isso, não faz sentido este “alvo”.

O grupo do Reverendo até enviou uma adolescente para uma missão suicida com telemóveis/celulares.
Se estão tão focados em ter mulheres em idade fértil, não deviam ter desperdiçado essa adolescente. Mandavam um homem ou um miúdo, por exemplo.

Para finalizar a análise sobre o grupo do Reverendo, não entendo para quê que eles cortaram as línguas.
Eu percebo que sem língua, não conseguem falar, e assim cortam esses barulhos.
No entanto, ao cortarem as línguas, devem ter provocado imensa dor, o que consequentemente deve ter originado muitos gritos.
Além disso, mesmo sem língua, continuam a poder fazer muitos barulhos. As pessoas podem estar caladas e a fazerem muito barulho de outras formas.

Quase no final, a família fica a saber que as criaturas não gostam do frio. As criaturas morrem, quando expostas ao frio extremo.
Mas qual a relevância desta informação? Para justificar a ida da família para norte? Não bastava ter dito que o Refúgio se encontrava a norte? Ou será para justificar o porquê do Refúgio ser a norte?
No filme, não existe essa justificação.

No final, a família nuclear safa-se: pai, mãe, filho e filha, sobrevivem.
É absolutamente irrealista.

Gostei de uma cena. Ou melhor, gostei e não gostei.
Não gostei, porque o cão morre.
Gostei, porque o cão estava a ladrar. Se não o libertassem, morriam todos. Ao fazerem o correto racionalmente, tornaram essa cena realista.
Assim, como fizeram o racional, achei a cena excelente.

Outra cena excelente é quando o pai, para salvar a família, liga uma máquina trituradora de galhos. O barulho atrai as criaturas. Elas entram na trituradora e morrem.

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