Um grupo de criminosos, com penas de morte ou penas de prisão perpétua, voluntaria-se para uma missão espacial, com a promessa de que no final vão ser livres.
Monte é um desses criminosos: quando tinha cerca de 12 anos, matou a sua amiga de 12 anos, porque ela tinha deixado o cão afogar-se.
A missão espacial tem por objetivo aproximar-se de um buraco negro de modo a encontrar uma fonte de energia alternativa: ao retirarem energia de rotação do buraco negro, a humanidade ficaria com recursos energéticos ilimitados.
Ou seja, os criminosos pretendem servir a ciência.
Mas na verdade, os criminosos foram enganados: a bordo da nave, a cientista começa a fazer experiências sexuais com os criminosos. Os criminosos são usados como cobaias em experiências reprodutivas no espaço. A médica quer que as mulheres da tripulação fiquem grávidas para estudar o desenvolvimento dos bebés no espaço.
Um a um, os criminosos vão morrendo. A causa principal são lutas entre eles. Mas algumas mães (e respetivos bebés) morrem ao dar à luz.
A médica viola Monte quando ele está a dormir/sedado, e retira-lhe o esperma. Com esse esperma, impregna outra mulher, que fica grávida. O bebé nasce saudável.
Seguidamente, a mãe ataca um outro membro da tripulação e lança-se em direção ao buraco negro.
A médica também morre. Antes de morrer, conta a Monte que a bebé é filha dele.
Depois de todas as lutas e mortes, os únicos sobreviventes são Monte e a sua filha bebé.
Monte cuida sozinho da bebé.
A bebé cresce e torna-se uma adolescente.
A nave deles tem o número 7.
Entretanto, quando a filha já tem cerca de 15 anos, encontram outra nave no espaço perto do buraco negro. É a nave número 9. Esta nave 9 fazia experiências com cães. Vários cães morreram.
No final, Monte e a filha vão em direção ao buraco negro.
O filme tem algumas cenas visualmente muito apelativas.
O ator principal, Robert Pattinson, esteve muito bem.
E, sobretudo, este filme é filosoficamente interessante. Para contrapôr ao idealismo de filmes como Interstellar ou The Martian, este filme é uma distopia que levanta questões éticas: o que fazer com os criminosos? Podemos utilizá-los como cobaias em experiências científicas? (como já aconteceu no passado, incluindo nos EUA).
No entanto, o filme é um pouco confuso.
E, sobretudo, é um filme parado, que se torna chato.
High Life não é um filme que recomendo!
Na página de wikipedia, vemos que este filme teve como conselheiro científico Aurélien Barrau: físico francês e especialista em buracos negros.
Também lemos que a realizadora, Claire Denis, frequentou o Centro de Astronautas da Agência Espacial Europeia de modo a perceber como deveria filmar os humanos no espaço.
Vemos esses ensinamentos científicos nas imagens da mãe a cair na direção do buraco negro: vemos esparguetização e lentes gravitacionais.
Também percebemos esse conhecimento quando Monte refere que se passaram 6.750 dias locais (na nave), enquanto na Terra se passaram 76.861 dias terrestres.
Ou seja, aqui vemos a importância da relatividade, e percebemos que os criminosos vão viver muito mais tempo (se voltassem à Terra) do que os cientistas que os enviaram.
Por fim, vemos a representação visual do buraco negro e percebemos que é similar à do filme Interstellar.
No entanto, não percebi porque, quando Monte atira os mortos borda fora, os corpos mortos “caem para baixo”. Não faz sentido.
Outro aspeto que vai contra o conhecimento científico inserido no filme é o facto da nave parecer literalmente um contentor. É um contentor low-tech no espaço.
Também não entendo porque existe somente um objeto que permite comunicar com a Terra. O pequeno objeto foi colocado debaixo da pele do capitão da nave. O objeto é, na verdade, um identificador. A identidade do capitão é 149. Quando o capitão morre, a médica retira esse dispositivo de dentro do dedo do capitão e passa a usá-lo para poder comunicar com a Terra. Antes da médica se suicidar, deixa esse identificador para Monte.
Isto é absurdo. Se este é um objeto tão valioso, faria do capitão um alvo prioritário dos criminosos. Se não é valioso, não sei qual a importância de o incluir: faz pouco sentido.
Por fim, o filme trata bastante mal os cientistas.
A mensagem do filme parece ser: os cientistas não têm ética, e fazem experiências com humanos. Ou seja, a ciência é retratada como anti-humana.
Além disso, o filme claramente diz que os cientistas enganam as pessoas: como enganaram os criminosos, levando-os a pensar que a missão era sobre recolher energia.
A médica, cientista, é retratada no filme como uma bruxa, com problemas mentais. Além de ser uma criminosa: matou os seus filhos e o seu marido.
Concluindo: o aconselhamento científico foi bastante descurado na história do filme.
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