Uma Mente Brilhante

Em 1947, John Nash entra na Universidade de Princeton, como aluno de doutoramento.
O seu roommate é Charles Herman.

Ele quer descobrir algo verdadeiramente original, inovador, para ter importância para o mundo. Para que o mundo saiba quem ele é. Para ter reconhecimento.

Como outros génios, ele não entende vários comportamentos sociais, esquece-se de comer, e aborrece-se nas aulas (por isso, deixou de ir às aulas).

A sua primeira ideia revolucionária nasceu num bar, com amigos, enquanto olhava para uma rapariga loira deslumbrante.
Ele percebeu que Adam Smith estava errado. E desta forma, contradisse 150 anos de teoria económica.
Através da matemática, ele resolveu um problema relacionado com a chamada Teoria dos Jogos.

Consequentemente, consegue um lugar no MIT.
Apesar de ser um mau professor, uma aluna, brilhante, apaixona-se por ele. Ela chama-se Alicia Larde.

5 anos depois, em 1953, foi ao Pentágono decifrar um código soviético. Ele detectou padrões que os computadores não detectavam. Eram coordenadas (latitude e longitude) nos EUA.
Assim, passa a trabalhar para o Departamento de Defesa dos EUA, conseguindo detectar códigos soviéticos nos jornais e revistas nos EUA.

Na vida pessoal, ele casa com Alicia Larde.

Em 1954, é perseguido pelos soviéticos, mas salva-se.
Devido a isto, passa a ser extremamente paranóico, achando que toda a gente pode ser um espião russo que o quer matar.

O resultado disto, é ser levado e internado num Hospital Psiquiátrico.
É diagnosticado com esquizofrenia paranoide.

O roommate Charles Herman, que por várias vezes interagiu com ele, afinal, nunca existiu. É somente um alucinação de Nash.
Nash também nunca trabalhou para o departamento de defesa. Os códigos nos jornais e revistas eram um suposto trabalho confidencial, mas na verdade o trabalho era somente uma alucinação. O seu suposto supervisor não existia.
Até o suposto implante que tinha no braço, também não existe.

Após fortes tratamentos psiquiátricos, um ano depois e sempre a tomar medicação, ele já não tem alucinações.

Infelizmente, a medicação faz com que ele não consiga ser genial em matemática.

Devido a essa razão e a outras razões mais pessoais (e familiares), ele deixa de tomar a medicação.
Em resultado, passa a ter alucinações novamente.

Devido a ter alucinações, em 1956, sem querer, quase que afoga o seu filho bebé.
Alicia salva o bebé.

No entanto, ele não aceita ser internado de novo.
Ele volta a Princeton, só para andar pelos corredores e pela bibioteca, e comporta-se como um louco.
Os alunos gozam-no.

Após 22 anos a ver alucinações e a ser ridicularizado no campus de Princeton, em 1978 passa a dar explicações de matemática na biblioteca. É excelente como explicador.

Em 1994, já é de novo professor na Universidade de Princeton, e é bom professor.

Pouco depois, finalmente, teve aquilo que ele tanto queria: o reconhecimento dos seus pares.

Por fim, em Dezembro de 1994, recebeu o prestigiado Prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel (popularmente referido como Prémio Nobel da Economia) pelo chamado Equilíbrio de Nash.
No seu discurso, agradeceu a Alicia.

A Beautiful Mind é um filme… brilhante.

É um drama biográfico sobre a vida do matemático John Forbes Nash.
John Nash foi um genial e excêntrico matemático que descobriu soluções para problemas cujas aplicações práticas revolucionaram vários campos da ciência.

Como é referido no final do filme: “As teorias de Nash influenciaram as negociações globais de comércio, as relações laborais nacionais, e até avanços na biologia evolutiva.”

Infelizmente, o filme tem várias imprecisões históricas.
Por exemplo, John e Alicia divorciaram-se. O que não é surpreendente, já que Alicia tinha uma vida muito difícil, visto que tinha que fazer tudo: trabalhar fora, cuidar de tudo em casa, cuidar de um filho bebé, cuidar de John, etc.

Existiram várias situações no filme que me fizeram reflectir.

Por exemplo, é dito no filme que como Nash trabalha em conspirações, é “natural” que passe a ver conspirações em todo o lado.

A mente de Nash era brilhante, sobretudo a detectar padrões.
Esse brilhantismo poderá ter levado a uma doença mental.
Uma mente prodigiosa pode ter os seus problemas.

A citação do médico é fabulosa:
“O pesadelo da esquizofrenia é não saber o que é verdade.
Imagine que descobria subitamente que as pessoas, lugares, e momentos mais importantes para si não tinham passado, não estavam mortos. Mas pior. Nunca tinham existido.
Que tipo de inferno seria esse?”

Como disse John Sutherland, podemos ser loucos e nem o sabemos! Mas se o soubermos, ainda pode ser pior, porque não sabemos o que é real e o que é alucinação.

É bastante curioso que Nash, apesar de ter a doença mental, continua a ser bastante racional, lógico, na sua forma de pensar.
Por exemplo, ele percebe que a miúda imaginária que ele vê na alucinação não envelhece. Logo, só pode ser uma alucinação.

Também achei interessante ele não querer ser internado novamente.
Ele quer resolver a sua esquizofrenia de forma racional, como se fosse uma equação matemática.

Por fim, adorei a cena romântica com Alicia, no seu primeiro encontro.
Nash mostra que consegue desenhar qualquer forma, animal ou objecto, com as estrelas no céu.
Ora, esta é a realidade das constelações: alguém olha para as estrelas, e liga-as de forma aparente, imaginando qualquer forma que lhe apeteça.

3 comentários

    • Guilherme Corrêa on 03/02/2020 at 17:17
    • Responder

    É muito interessante a questão do nome do filme, no original, uma mente “bonita.” A autora da biografia em que o filme se baseou contou que um dos colegas de Nash a disse que para um matemático do calibre de John Nash, um nobel de economia era como um prêmio de consolação. Disse que a forma usual de um matemático atacar um problema era como um alpinista que tenta chegar ao topo de uma montanha. Primeiro, caminha ao redor da montanha procurando o modo mais fácil para seguir uma escalada gradual até o ponto mais alto. John Nash, por sua vez, subiria em uma montanha mais alta e do topo dessa montanha saltaria para o topo da montanha menor. Ele, o colega, então acreditava que o trabalho em economia era um vestígio do que a mente destruída pela doença (e talvez pelos tratamentos iniciais?) poderia ter alcançado. Desculpem as imprecisões, não consegui achar o video original da entrevista. Sobre o divórcio, talvez eles o tenham omitido no filme porque eles continuaram morando juntos – inclusive morreram juntos em um acidente de automóvel.

  1. e se pesarmos a verdade como o encontro do universo percebido com uma necessidade satisfeita e portanto real.

    e se decorre disso a matéria ser o fruto da percepção na consciência, nada é irreal.

    1. Não entendi.

      A matéria não é fruto da percepção, nem sequer fruto da consciência.
      A matéria já existia antes de existirem humanos ou sequer vida, consciente ou não.

      abraços

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