“Um documentário que nos revela quem foram os primeiros astrónomos da Humanidade.
O céu noturno está repleto de inúmeras estrelas, cujos padrões mudam com as estações.
Quem terão sido os primeiros seres humanos a observá-las?
Terão sido os gregos da antiguidade que criaram tantos mitos a partir do céu estrelado?
Ou os egípcios ou mesopotâmios que também nos deixaram lendas e ruínas de construções relacionadas com as estrelas?
Mas talvez o primeiro tenha sido um povo completamente inesperado: os aborígenes australianos.
Na verdade, podem ter sido eles os primeiros astrónomos do mundo.
As provas têm vindo a acumular-se ao longo dos últimos anos e, pelos vistos, os seus conhecimentos de astronomia foram transmitidos geneticamente de geração em geração: hoje a Austrália é líder mundial em radioastronomia.”
The World’s Oldest Astronomy (A Mais Antiga Astronomia do Mundo) é um excelente documentário da NHK, que em Portugal passou na RTP.
Normalmente, pensamos que a astronomia é originária da antiga Grécia ou mesmo da Mesopotâmia.
Mas há milhares de anos atrás, os Aborígenes Australianos, sem qualquer linguagem escrita (só oral) e estando isolados de outras civilizações do mundo, desenvolveram uma ciência astronómica sofisticada.
Eles tinham um conhecimento das estrelas que incluía medirem a órbita do Sol (com rochas gigantescas) e criarem mapas estelares (eles memorizavam rotas de viagens pelas posições das constelações).
A Astronomia Aborígene é a mais antiga do mundo.
Os Aborígenes australianos, os habitantes originais, têm cerca de 60 mil anos.
Chegaram à Austrália há 60 mil anos, vindos de barco desde a Indonésia.
Muitos anos antes dos Gregos, já os Aborígenes criavam mitos com as estrelas do céu nocturno.
O documentário explora o agrupamento de rochas Wurdi Youang.
É um anel de rochas com 50 metros de diâmetro, em que uma linha de rochas aponta para o local no horizonte onde o Sol se põe no Solstício de Inverno, e outra linha de rochas aponta para o local no horizonte onde o Sol se põe no Solstício de Verão.
Isto foi feito porque os Aborígenes queriam conhecer o movimento do Sol no céu.
Este pode ser o mais antigo observatório astronómico da Humanidade.
Stonehenge foi construído 3000 anos antes de Cristo. Wurdi Youang pode ter 11000 anos!
O documentário também mostra arte rupestre com 5000 anos, onde estão incluídos animais, a Lua, e constelações (para eles, o cruzeiro do Sul era um peixe-gato).
O objectivo desta arte era terem um bom calendário, onde pudessem ver quando deviam caçar (qual a melhor altura do ano) e preverem marés muito altas, que produziam inundações (os Aborígenes antigos percebiam que existia uma ligação entre a Lua e as marés).
Seguidamente, o documentário concentra-se em Ngaut Ngaut: observações astronómicas gravadas num muro de pedra.
Ficamos a saber que a Lua era usada como calendário.
E que existe um Sol gravado na pedra, que parece ter… manchas solares! (algo que os ocidentais só observaram com telescópios no século XVII)
Depois, o foco passou a ser Ku-ring-gai: imagem de um Emu esculpida na rocha.
Na verdade, é o disco/plano da galáxia. Quando aparecia no céu na posição vertical (Maio), era a altura de ir para o mato procurar ninhos de Emu, de modo a encontrar os seus nutritivos ovos.
A astronomia dizia aos Aborígenes qual era o tempo/altura e qual a fonte de alimento que estava disponível.
Vários tribos aborígenes usavam mapas estelares, ou seja, usavam o céu estrelado como recurso de navegação.
Elas usavam o céu nocturno para encontrarem o caminho para outras tribos (para comércio), para encontrarem água e/ou para sua casa (para voltarem para a própria tribo).
Os indivíduos das tribos faziam caminhadas de várias centenas de quilómetros que duravam vários meses.
Por fim, o documentário mostra que actualmente, a Austrália é líder mundial em rádio-astronomia.
Mais de metade dos pulsares descobertos foram descobertos na Austrália.
Existe um forte estudo das Fast Radio Burst.
E a Austrália faz parte do projecto do SKA (Square Kilometre Array). Muito interessante é que cada antena de radio-telescópio tem um nome Aborígene – por exemplo, a Antena 3 tem o nome Bundarra, que quer dizer estrela.
Mesmo no final, é dito que fórmulas utilizadas na radio-astronomia para converter ondas de rádio em dados digitais possibilitou o desenvolvimento de telecomunicações de alta velocidade sem fios: wi-fi. Que agora usamos em todo o lado!
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