Telescópio espacial CHEOPS será lançado no próximo dia 17

Imagem artística do lançamento do CHEOPS, a bordo de um foguetão russo Soyuz. Crédito: ESA/ATG medialab


O telescópio espacial
CHEOPS tem lançamento previsto para as 8:54 (hora de Portugal continental) da próxima terça-feira, dia 17 de dezembro de 2019. O satélite, que conta com a participação ativa do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da DEIMOS Engenharia, será lançado para órbita da Terra num foguetão russo Soyuz, a partir da base de lançamentos da Agência Espacial Europeia (ESA), em Kourou, na Guiana Francesa.

No dia anterior às 14:00, alguns dos membros do IA e da DEIMOS Engenharia ativamente envolvidos na missão estarão presentes, no Planetário do Porto – Centro Ciência Viva, para uma sessão de esclarecimento sobre o CHEOPS, aberta ao público e à imprensa.

O consórcio do CHEOPS é liderado pela Suíça e pela ESA. Conta com a participação de 11 países europeus, sendo que em Portugal a participação científica é liderada pelo IA. Sérgio Sousa, um dos investigadores do IA envolvidos nesta missão esclarece que: “O IA tem uma forte participação no desenvolvimento e implementação desta missão, não só do ponto de vista científico, mas também do ponto de vista tecnológico, onde fomos responsáveis pela implementação da componente da calibração no software de redução de dados da missão.

Os investigadores do IA Susana Barros e Olivier Demangeon coordenam dois dos seis programas científicos da missão – Caracterização Extraordinária de Planetas e Caracterização de Atmosferas dos Exoplanetas. Susana Barros comenta: “Aguardamos impacientemente pelos dados do CHEOPS, cuja alta precisão vai permitir estudar detalhes nunca antes detetados em exoplanetas, incluindo deformações na sua forma ou a presença de luas e anéis.

Nuno Cardoso Santos (IA & Faculdade de Ciências da Universidade Porto) acrescenta ainda: “A parceria que foi feita entre o IA e a indústria nacional, em particular com a Deimos Engenharia, permitiu uma participação na missão CHEOPS ao mais alto nível. É um exemplo excelente de como a ciência pode ter um papel direto na economia.

A componente industrial do complexo sistema de planificação da missão e disponibilização de dados à comunidade científica ficou a cargo da DEIMOS Engenharia. O software da DEIMOS é o “cérebro” que vai definir, a cada momento, quando e para que estrela é apontado o telescópio.  O objectivo é conseguir que cada um dos milhares de pedidos de observação é satisfeito durante os 3 anos de vida útil do telescópio, algo muito desafiante e do qual depende o sucesso científico da missão.

Segundo Nuno Ávila, diretor da empresa, “A participação portuguesa no CHEOPS é um exemplo paradigmático de trabalho conjunto entre instituições científicas e a indústria. O trabalho que foi desenvolvido ao longo dos últimos 4 anos demonstra a capacidade de liderança portuguesa em grandes missões espaciais internacionais”.

A participação do IA no consórcio do CHEOPS faz parte de uma estratégia mais abrangente para promover a investigação em exoplanetas em Portugal, através da construção, desenvolvimento e definição científica de vários instrumentos e missões espaciais, como o CHEOPS ou o espectógrafo ESPRESSO, já em funcionamento no Observatório do Paranal (ESO). Esta estratégia irá continuar durante os próximos anos, com o lançamento do telescópio espacial PLATO (ESA), ou a instalação do espectrógrafo HIRES no maior telescópio da próxima geração, o ELT (ESO).

A missão CHEOPS foi a primeira de classe S (Small) a ser aprovada pela ESA, em 2013, com o objetivo de estar pronta num prazo não superior a 5 anos. Cumprir com o calendário apertado da missão foi um desafio, apenas possível devido à forte colaboração e adaptação de sistemas já desenvolvidos pelas duas instituições no âmbito da ESA.

“Os tempos de uma missão espacial exigem compromissos a longo prazo. Este tipo de envolvimento numa missão da ESA só é possível após mais de 15 anos de trabalho no sector espacial, mas hoje estamos prontos para assumir o desenvolvimento de sistemas com outras complexidades, afirma Nuno Ávila.

Sérgio Sousa acrescenta que: “Apesar de ser uma missão de pequena escala, o CHEOPS vai-nos proporcionar um avanço único na caracterização mais detalhada de vários exoplanetas interessantes que já estão detetados, permitindo esclarecer quais são os processos físicos mais importantes para a formação e evolução de sistemas planetários.

Esta será a primeira missão dedicada a observar trânsitos exoplanetários em estrelas onde já se conhecem planetas, em praticamente qualquer direção do céu. Terá a capacidade única de determinar com precisão a dimensão de exoplanetas na gama entre as super Terras e os Neptunos, para os quais já se conhece a massa. Irá ainda determinar com precisão o diâmetro de novos exoplanetas descobertos pela próxima geração de instrumentos em observatórios à superfície da Terra ou ainda identificar potenciais alvos cujas atmosferas possam ser caracterizadas por esses instrumentos.

As equipas do IA e da DEIMOS irão continuar envolvidas nas fases posteriores ao lançamento, dando apoio ao início das operações do SOC, em Genebra. 

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