No passado dia 16 de Novembro de 2019, a Fundação Francisco Manuel dos Santos patrocinou uma palestra da astrónoma Carolyn Porco, tendo como moderadora a astrobióloga Zita Martins.
Zita Martins começa por explicar, num inglês excelente, o título da sessão: o infinitamente pequeno da origem da vida (com pequeníssimas moléculas orgânicas) até ao infinitamente grande dos planetas mais distantes que podem ter vida.
Carolyn Porco, que na opinião de Zita Martins, traz a ficção científica para a realidade, levou-nos numa “magnífica viagem pelas maravilhas do Sistema Solar”.
Mais concretamente, a palestra de Carolyn Porco foi sobre a Procura de Vida no Sistema Solar.
Ela começa por dizer que esta questão está relacionada connosco, já que decorre do nosso desejo de compreender o significado e a importância das nossas próprias vidas – de as colocar em perspetiva. (mais uma vez, é sempre tudo sobre nós)
Seguidamente, Carolyn Porco explica quais são os mais importantes atributos da vida terrestre.
Como não conseguimos identificar vida totalmente extraterrestre (vida baseada numa bioquímica completamente diferente da nossa), procuramos ambientes no sistema solar que possam conter habitats que suportem a vida com os atributos que vemos na Terra.
Procuramos por vida tal como a conhecemos!
Depois, Carolyn Porco fala um pouco de alguns locais no sistema solar onde poderá existir vida tal como a conhecemos (apesar de que em Titã, poderá ser vida baseada no metano, e não na água).
Carolyn Porco acaba a palestra refletindo sobre algumas das limitações em encontrar vida: estamos sempre à procura de vida como a conhecemos; e sistemas não-biológicos podem ter as mesmas características que sistemas biológicos.
Na discussão, adorei a analogia da Carolyn Porco: em que defendeu que a astrobiologia atualmente está no mesmo ponto que o estudo da gravidade antes de Newton.
Ou seja, ela continua a refletir sobre as dificuldades em encontrar vida extraterrestre: provavelmente não a vamos detectar, porque há demasiadas moléculas orgânicas e teríamos que levar inúmeros instrumentos numa sonda espacial – de modo a podermos detectar todas essas moléculas orgânicas e podermos dizer com certeza que é vida (e não somente moléculas orgânicas vindas de um meteorito). Ora, isto é fisicamente e economicamente inviável.
Quanto a Titã, Carolyn Porco acha que não vamos encontrar vida nesta lua de Saturno, porque não sabemos como detectar vida que não tenha os atributos da vida que conhecemos.
O problema não é a tecnologia. O problema é o entendimento que temos da vida.
No final, em resposta a uma pergunta da audiência, Carolyn explicou que apesar de outros corpos no sistema solar terem atividade tectónica, a Terra é o único local com placas tectónicas. Isto permite a reciclagem de materiais químicos e disponibiliza muita energia química essencial à vida na Terra.
Recomendo vivamente que visualizem esta palestra.
É uma palestra excelente em termos de conteúdo.
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