A Fundação Francisco Manuel dos Santos realiza a rubrica Fronteiras XXI, com alguns programas de debate sob o tema “Os Temas que desafiam Portugal e o Mundo”.
O Fronteiras XXI já vai na 4ª temporada.
Da 3ª temporada, em 2019, destaco o debate com o título: Nós e os animais.
“Hoje, 54% das casas em Portugal têm animais de estimação. No total, são 5,8 milhões de cães, gatos, pássaros e até mesmo jiboias e outras espécies exóticas e perigosas. Eles passaram a integrar a família e a sociedade, tendo conquistado um estatuto jurídico distinto dos outros bichos. Em caso de divórcio, por exemplo, o juiz decide como se de um filho se tratasse. A guarda partilhada de cães e gatos é cada vez mais frequente.
Para as pessoas não serem chamadas a tribunal por mau comportamento dos bichos, existem diversas instituições dedicadas ao ensino das boas regras de socialização. Os cães podem frequentar creches, escolas e até universidades próprias, onde adquirem as competências necessárias para conviver com humanos e outras espécies de animais. Também existem hotéis para quando os donos vão de férias e não os podem levar consigo. E surgem cada vez mais lojas especializadas em animais de companhia, que vendem de ração orgânica, a brinquedos, acessórios e mobiliário.
E a própria sociedade tem mudado para os acolher: já há empresas em Portugal que dão licenças de maternidade aos colaboradores que tiverem adoptado um cão. Os animais de estimação passaram a estar em todo o lado. Em casa, no trabalho, no café. Porque eles oferecem mais do que só companhia. São verdadeiros aliados na saúde e na doença. Alguns animais têm mesmo uma função terapêutica e outros proporcionam um apoio social valioso, como acontece com quem não vê.
Apesar de tudo isto, os animais não são tratados de forma igual. Os canis municipais estão sobrelotados. Cerca de 40 mil animais são recolhidos das ruas todos os anos, segundo dados da Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios. Mas outros tantos milhares não têm vaga nos centros de acolhimento. O que pode colocar a segurança e a saúde pública em risco, alerta a Ordem dos Médicos Veterinários. Como é que se previne o abandono de animais?
No Fronteiras XXI debatemos a relação que hoje temos com os animais. A sua hierarquização, os critérios que orientam essa ordem de importância e como decidimos que espécies preservar. Da “humanização”, aos deveres do Homem para com os bichos e aos seus novos direitos.
Com o CEO do Oceanário de Lisboa João Falcato, a socióloga Verónica Policarpo, a veterinária Ilda Gomes Rosa e o professor catedrático de Direito Fernando Araújo.”
Realço as palavras da veterinária Ilda Gomes Rosa:
A domesticação de cães e gatos teve vantagens para nós e para eles. Ambos tiramos benefícios da simbiose.
Depois disso, existiu uma co-evolução mútua.
Atualmente, infelizmente, existe uma enorme quantidade de animais (cães) deixados ao abandono.
E qualquer solução adoptada terá consequências negativas. Não há uma solução ideal.
Dar rações vegetarianas a animais carnívoros, é provocar-lhes graves problemas de saúde.
Do professor Fernando Araújo, retirei estas palavras:
Os animais podem ter síndrome de Estocolmo: podem estar apaixonados pelos seus captores.
Daqui a alguns séculos, iremos olhar para esta altura e pensar: a Humanidade não tinha ética, já que escravizava os animais.
Os animais são, atualmente, os nossos escravos felizes.
Realço igualmente as palavras da socióloga Verónica Policarpo:
Como utilizamos os animais, eles ficam dependentes de nós.
Existe um sistema de valores antropocêntrico (centrado no Humano), que impomos ao animal de estimação.
O mais interessante das palavras do diretor João Falcato, foi, para mim, a discussão sobre a inteligência dos polvos.
Os polvos têm um nível de inteligência e comportamento muito semelhante a um cão ou a uma criança de 2 anos.
E os polvos chegaram a isto, através de uma forma evolutiva diferente (da Humana) e num ambiente completamente díspar.
Surpreendentemente, os polvos reconhecem quem trata deles (assim como o cão reconhece).
O polvo é o melhor animal para se estudar, de modo a comparar com uma inteligência extraterrestre.
E no entanto… comemos estes animais!
Por fim, retirei estas ideias gerais:
Ter um animal é um compromisso, uma responsabilidade e um custo.
E é preciso ter tempo para os animais.
Tudo passa, como sempre, por educar as pessoas.
Este foi um debate bastante interessante!
Vejam todo o debate, no website da RTP, aqui.
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