Jovens também morrem

No início da crise, a taxa de mortalidade, ou melhor, a taxa de letalidade (em função dos casos conhecidos) era de praticamente 5% em Wuhan, na China. A partir do momento em que existiu uma enorme propagação pelo mundo e passaram a existir muitos mais infetados, a taxa de letalidade foi gradualmente decrescendo. Porque fomos tendo uma amostra maior de infetados, e uma maior confiança nas medições (além das medidas de isolamento social). Já foi de quase 3,8%, e no início do mês, como disse a Organização Mundial de Saúde, era de 3,4%.

Mas como disse o Marinho Lopes, isso pouco ou nada significa, porque há uma diferença enorme entre escalões etários.

E é aqui que aparece uma noção popular um pouco desfasada da realidade.
Os jovens também morrem, ao contrário do que se pensa.
Ainda hoje, em Portugal, tivemos o testemunho de um homem, com 43 anos, que era saudável, e que foi infetado a 21 de Fevereiro, e que há dias atrás estava a morrer (tendo sofrido 3 tentativas de reanimação). Como expliquei, há um desfasamento temporal entre apanhar o vírus e ficar muito doente posteriormente.
Na Califórnia, um homem de 34 anos, saudável, morreu devido ao coronavirus.
Ontem, na Louisiana, morreu um jovem de 17 anos.
Ontem também, morreu uma jovem francesa de 16 anos, que também era perfeitamente saudável.

A questão aqui são as percentagens, como mostrou o Marinho Lopes.

Dados do Worldometer, a 23 de Março.

O que querem dizer estas percentagens?

Em 1000 jovens com menos de 30 anos que sejam infetados com o vírus, 2 desses jovens vão morrer.
Em 1000 idosos com mais de 70 anos que sejam infetados com o vírus, 80 vão morrer.
Em 1000 idosos com mais de 80 anos que sejam infetados com o vírus, cerca de 150 vão morrer.

(isto sempre, em média, em termos probabilísticos)

Ou seja, há uma maior probabilidade dos idosos morrerem devido à infeção pelo coronavirus (mesmo sabendo que muitos vão sobreviver).
E apesar da grande maioria dos jovens sobreviverem, a verdade é que alguns dos jovens infetados também vão morrer.

Por isso, o melhor é todos se prevenirem, em vez de arriscarem se tornarem uma estatística.

Lembro que “1000 infetados” é um número bastante conservador.
Os números oficiais neste momento (de confirmados, que foram testados, provavelmente porque mostraram sintomas, porque os “números reais” devem ser muito superiores), mostram que Portugal tem mais de 4000 infetados, o Brasil tem mais de 3000, a Itália tem quase 90 mil, e os EUA já ultrapassaram os 100 mil infetados.
Se utilizarmos as percentagens de cima, percebemos que irão existir (ou já existem, dependendo do desfasamento temporal) muitos mortos nestes países (e em todos os outros).

Fiquem em casa!

3 comentários

  1. Quem garante que o coronavírus não atua por oportunismo com outro vírus ainda não descoberto?

    1. Não entendi.

      Como seria esse “oportunismo”?

      E porque não teria sido descoberto?

  2. Uma observação muito pertinente no contexto actual, em que se fica com a impressão que só os mais idosos é que morrem do vírus.

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