Um artigo na revista científica (de medicina) The Lancet, veio lançar o debate sobre se os doentes infetados com o novo coronavirus devem ou não tomar o fármaco ibuprofeno.
Podem ler o artigo, aqui e aqui.
O artigo defende que a ingestão deste tipo de fármacos pode afetar a capacidade de reação do sistema imunitário, responsável por combater o vírus. Assim, não deve ser usado por doentes com viroses respiratórias, como a COVID-19.
Quem deu o alerta para este artigo foi o Ministro da Saúde francês, Olivier Véran.
A Direção Geral da Saúde, em Portugal, diz que não há provas que este medicamento potencie a ação do coronavírus.
O Infarmed também afirma que não há dados científicos (não existem evidências científicas) que confirmem a relação entre qualquer agravamento da infeção pelo novo coronavírus e a toma de ibuprofeno.
O Infarmed também explica que está a decorrer uma avaliação, de modo a saber se a toma de ibuprofeno está, ou não, associada ao agravamento das infeções pelo novo coronavirus. Esta avaliação deverá estar concluída em Maio.
No entanto, esta possível relação poderá ser bastante difícil de determinar, já que poderão existir muitas outras razões.
Vejam esta entrevista.
A Organização Mundial de Saúde confirma que está a ser feita uma investigação (estudos científicos) ao efeito do ibuprofeno, que deverá estar concluída em Maio.
Até a investigação científica estar concluída, a Organização Mundial de Saúde (e o próprio Infarmed) desaconselha o uso de ibuprofeno para alívio de sintomas do novo coronavírus.
O que me apraz dizer?
O artigo do The Lancet não é, na realidade, um “artigo”. Nem sequer está na secção dos artigos científicos. Está sim na categoria da correspondência.
E, na verdade, os próprios autores dizem que isto é uma hipótese: “We therefore hypothesise…”, “If this hypothesis were to be confirmed, it could lead to a conflict regarding treatment…”.
É só isto: uma hipótese.
Como hipótese que é, obviamente que ainda não existem estudos experimentais feitos, e daí não existirem dados científicos que comprovem uma resposta ou outra resposta.
Assim, a resposta à pergunta neste post terá de ser: Não se sabe!
E, não se sabe, porque, como diz a Direção Geral de Saúde e o Infarmed, não existem evidências científicas que o comprovem.
A resposta, neste momento, tem que ser inconclusiva.
Mas como estamos a falar da saúde das pessoas, então o bom senso diz-nos que devemos jogar pelo seguro; a prudência deve “falar mais alto”.
Daí que, como medida preventiva, em vez do ibuprofeno, a Organização Mundial de Saúde recomendou o uso de paracetamol.
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