Têm existido muitas conspirações associadas à origem do novo coronavirus.
Sabe-se que o vírus vivia bem nos animais.
Entretanto, foi passado para os Humanos, sofrendo uma mutação que permitiu que pudesse ser transmitido entre Humanos.
Esse vírus chegou à Europa com uma pequena mutação. Ou seja, o vírus na Europa é ligeiramente diferente daquele que originalmente infetou os chineses. Esta mutação poderá tê-lo tornado um vírus mais agressivo (como mostram alguns estudos científicos).
Mas afinal qual é a sua origem? (leiam este estudo científico)
Ao contrário do que se lê nas redes sociais, a origem do vírus é natural.
Já ficou provado (com estudos internacionais) que o vírus SARS-CoV-2 não foi criado nem manipulado artificialmente em laboratório. O genoma do novo coronavirus demonstra que ele tem uma origem natural.
E, como outro qualquer outro virus com quem partilhamos o planeta, o mais provável é ter sofrido uma mutação, natural, que o tornou agressivo entre Humanos.
Isto é absolutamente normal. Faz parte da Evolução.
Muitos vírus até nos são benéficos. E convivemos bem com eles. A não ser que sofram uma mutação natural (que nos seja nefasta), e aí temos problemas, claro, como tantas vezes já aconteceu pela História Humana.
Isto é o que sabemos.
Agora vem a parte que não sabemos muito bem.
O mais provável é o virus ter sofrido uma mutação após triliões de vezes ter sido passado para Humanos nos famosos mercados de animais vivos de Wuhan.
Isto é, também, absolutamente natural. Após triliões de experiências naturais, é normal que algo sofra uma mutação e termos uma nova estirpe, mais benéfica ou mais prejudicial para os Humanos (foi assim que, muito provavelmente, se deu a origem da vida na Terra – com triliões de experiências naturais no laboratório natural chamado Terra, em que pequenas mutações ao longo de milhões de anos levaram a passos mais perto daquilo que consideramos vida).
Isto, mais uma vez, é o que é mais provável. E o mais provável, em ciência, é o que estará certo.
No entanto, não temos a certeza a 100% disso. Daí que as investigações devem continuar, quiçá até por outras avenidas, de modo a chegar a conclusões 100% certas.
Daí que achei muito interessante as investigações feitas por jornal inglês Daily Mail.
Sabemos que o novo coronavirus tem origem natural. O seu genoma assim o comprova.
No entanto, vários vírus que são naturais, são guardados em laboratórios para estudos científicos.
Por exemplo, o vírus da Varíola é guardado e estudado em dois laboratórios no mundo: no CDC, em Atlanta, nos EUA, e no Vector Institute, em Novosibirsk, Sibéria, Rússia.
Este instituto Vector, como qualquer outro laboratório no mundo, estuda vários vírus. Além da Varíola, tem guardados e estuda o Ébola, o Anthrax, o Marburg, etc. Todos virus naturais e altamente contagiantes.
Ora, a 16 de Setembro de 2019, o Vector Institute sofreu uma explosão e teve um incêndio que colocou em perigo a segurança dos vírus. Felizmente, segundo os dados oficiais, não existiu qualquer problema na zona em que são guardados e estudados estes vírus, daí que não existiu contaminação para o ambiente.
Mas são coisas que podem acontecer nos vários laboratórios espalhados pelo mundo que estudam agentes patogénicos altamente contagiantes.
Ora, segundo a investigação do Daily Mail, o laboratório (instituto de virologia) de Wuhan andava a testar o coronavirus, natural, em morcegos, num projeto que estava a ser financiado em quase 4 milhões de dólares pelos EUA.
Os resultados estavam a ter sucesso, já que estava a ser descoberto um rico conjunto genético de coronavirus relacionado com o SARS. O objetivo, obviamente, era estudar o coronavirus (a família do vírus) de modo a poder combater as várias doenças (e epidemias) que vão sendo associadas a ele.
Será que, sem querer, um dos investigadores não se esterilizou adequadamente, e quando foi para casa (ou ao mercado cá fora) levou o vírus com ele?
Será que um dos animais, que são cobaias no laboratório (injetados com o virus), foi posteriormente vendido nos mercados de animais?
Foi isto que o Daily Mail andou a investigar: se acidentalmente, uma amostra do virus terá saído do laboratório e infetado pessoas cá fora.
Podem ler os artigos no Daily Mail, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Curiosamente, há poucos minutos atrás, o jornal americano The Washington Post publicou um artigo sobre este mesmo assunto.
Tal como o Daily Mail, conseguiu alguns documentos que, neste caso, mostram que diplomatas americanos que visitaram este laboratório em 2018, alertaram para problemas de segurança neste laboratório. No entanto, nada foi feito para elevar a segurança neste Instituto de Virologia. Nem os americanos nem os chineses fizeram nada para modificar a segurança no laboratório em Wuhan.
Podem ler o artigo no The Washington Post, aqui.
Uma última peça de informação: em Janeiro, na revista científica (médica) The Lancet, foi publicado um artigo sobre o primeiro doente conhecido com COVID-19. Esse paciente foi identificado a 1 de Dezembro. O curioso é que o paciente não tinha qualquer ligação ao famoso mercado de animais vivos de Wuhan – nunca lá tinha ido. No primeiro grupo de infetados identificados na China, mais de um terço dos pacientes não tinham ligação ao tal mercado. Podem ler o artigo científico, aqui.
A questão é saber se esses doentes ficaram infetados por contactarem com outros infetados, que esses sim teriam ido ao tal mercado. Se assim foi, quer dizer que os números de infetados inicialmente eram muito maiores na China. Se não contactaram com ninguém, quer dizer que a fonte de contágio pode não ter vindo do tal mercado.
Resumindo:
O novo coronavirus tem origem natural. Não foi criado nem manipulado em laboratório. O seu genoma prova que teve uma evolução natural.
O mais provável é que, naturalmente, o virus tenha sido transmitido para os humanos no mercado de animais vivos de Wuhan, a partir de um animal selvagem capturado.
Mas uma outra hipótese, cada vez mais forte, é que o virus tenha vindo acidentalmente do laboratório em Wuhan (que estuda muitos virus contagiosos, como o Ébola e vários virus SARS, incluindo o novo coronavirus). O genoma do virus que provoca a COVID-19 não parece ser equivalente às amostras que o laboratório tinha. No entanto, não existem certezas, até porque o Governo Chinês não está a deixar investigadores internacionais estudarem o assunto a fundo.
Conclusão: como sempre se faz em ciência, deve-se continuar a investigar. Sem se ter certezas, seguimos, como sempre, as hipóteses mais prováveis. O que não se deve fazer é promover conspirações baseadas em alegações sem provas.
3 comentários
Author
Fui “obrigado” a atualizar este artigo nos últimos minutos, devido a um artigo publicado há minutos atrás no The Washington Post.
Dai quem manda é o PCC, sempre fica a certeza dos milhares que já foram mortos e torturados.
Caro Carlos Oliveira
Sabe o que me ocorreu propor-lhe?
Este site devia (precisava) de ter a expansão dos Twiters, Facebooks e congėneres…
É tão urgente cultivar os incultos…
Fica o “desonesto” desafio…
Grande abraço e maiores agradecimentos.
Armando