Há poucas horas atrás, a CNN noticiou que, aparentemente, 141 pessoas recuperadas da COVID-19 (que já tinham sido infetadas, tinham tido sintomas, testaram positivo e posteriormente, passadas algumas semanas, testaram negativo por duas vezes) voltaram a testar positivo para o novo coronavirus.
Não se sabe se estas pessoas recuperadas e posteriormente infetadas novamente, são contagiosas para as outras pessoas.
Isto não devia acontecer.
As pessoas previamente infetadas e posteriormente curadas, deveriam ganhar imunidade contra o vírus.
Se isto fôr verdade, então a procura por uma vacina está destinada ao fracasso… porque nenhuma vacina será totalmente eficaz se as pessoas não desenvolverem imunidade contra o vírus.
Será que este vírus funciona de forma diferente dos outros? Não é provável.
Será que a imunidade dura muito pouco tempo? Também não deverá ser provável.
Será que existiu, mais uma, mutação do vírus e por isso as mesmas pessoas foram infetadas com uma nova estirpe, como acontece com a gripe todos os anos? Já é mais provável – até porque temos o exemplo da gripe – mas o intervalo temporal considerado parece demasiado curto.
Então o que poderá ter acontecido?
Em primeiro lugar, percebemos que a amostra (141) é demasiado pequena para se poderem tirar conclusões.
Em segundo lugar, o teste positivo pode ter sido um falso positivo (sobretudo em amostras tão pequenas). Ou então, os testes negativos podem ter sido falsos negativos, e na verdade, as pessoas não estavam completamente curadas.
Em terceiro lugar, estas pessoas – apesar de na maioria serem jovens e saudáveis – podem ter um sistema imunitário/imunológico com problemas.
Em quarto lugar, pode ter havido realmente alguma mutação do vírus, que “enganou” novamente o sistema imunitário.
Em quinto lugar, as pessoas podem não ter desenvolvido anticorpos contra o vírus. No caso da Hepatite B, cerca de 5% das pessoas vacinadas, não conseguem desenvolver anticorpos contra essa doença. Talvez o mesmo aconteça no caso da COVID-19.
Em sexto lugar, sabe-se que alguns vírus podem estar ativos em partes do corpo e não noutras (onde podem estar inativos). Também se sabe que os vírus podem durar mais tempo em certas partes do corpo do que noutras partes. Poderá isso acontecer neste vírus de modo a ter tido influência nestes testes?
Em sétimo lugar, existe uma outra hipótese mais “grave”. O vírus estava dormente (daí o teste dar negativo) e, de alguma forma, foi reativado (daí dar positivo agora). O Ébola pode ficar dormente e ser na mesma transmissível sexualmente. Uma criança pode ser infetada com a varicela, o vírus pode ficar dormente, e posteriormente como adulto (anos depois) pode reemergir como zona. Será que este novo coronavírus pode hibernar durante algum tempo?
A resposta para já é: Não se sabe!
Tem que se investigar, cientificamente, este fenómeno mais a fundo.
No entanto, para já, a hipótese mais provável é que o teste tenha apanhado alguns restos do RNA do vírus ainda no corpo. Os testes apanham o RNA do vírus. Quando a pessoa não tem o vírus (o teste dá negativo), isso quer dizer que já não existem quantidades suficientes do vírus no corpo, de modo a que o teste o apanhe. No entanto, podem existir ainda alguns restos. E por vezes os testes apanham esses restos (inofensivos), sem querer dizer que a pessoa esteja novamente infetada – o mesmo pode acontecer no vírus da gripe.
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