Cloroquina e Hidroxicloroquina aumentam risco de morte?

Nas últimas semanas, tem existido uma enorme polémica com os fármacos baseados em Cloroquina e Hidroxicloroquina.

O facto de Trump ter dito que toma Hidroxicloroquina, é um sinal que provavelmente não se deve tomar.
No entanto, passados 3 dias, Trump disse que tinha deixado de o tomar…
E como é Trump a dizê-lo, não se sabe qual é a mentira: se a primeira, se a segunda, ou se ambas.

Um estudo publicado na revista científica/médica The Lancet mostrou que estes fármacos aumentam os problemas cardíacos e o risco de morte em doentes com COVID-19. Doentes que tomavam estes fármacos tinham cerca de 40% mais probabilidade de morrer do que os que não tomavam.
Este grande estudo foi feito em 671 hospitais, em vários países de continentes diferentes, com quase 15 mil doentes de COVID-19 hospitalizados que receberam estes fármacos – estes dados foram comparados com mais de 81 mil doentes com COVID-19 também hospitalizados que não receberam estes medicamentos.

Como sempre se faz em ciência, outros investigadores avaliaram os dados deste grande estudo.
Em ciência, existe uma constante avaliação por parte de outros cientistas.

E concluíram que alguns dados utilizados neste estudo (por exemplo, o número de mortes na Austrália) estavam errados.
Além disso, o modelo estatístico utilizado também tinha alguns problemas/limitações.

Mas o maior problema encontrado neste estudo foi ter imensos dados que não se sabe donde vieram, e como é que foram recolhidos tão rapidamente!
Uma auditoria independente, feita por investigadores de todo o mundo, percebeu que muitos dados (sobretudo de hospitais em África) “caíram do céu” no estudo. Os hospitais que supostamente deram os dados dizem inclusive que nunca os forneceram.
Assim, foi colocada em causa a proveniência e a validade dos dados.

Os dados foram, supostamente, recolhidos pela empresa Surgisphere.
Esta pequena empresa norte-americana de análise de dados de saúde tem poucos funcionários, “entre os quais um escritor de ficção e um modelo de conteúdos para adultos”. Faltam pessoas com formação científica.
O fundador e diretor executivo desta empresa, Sapan Desai, é um dos autores do artigo em causa, o que é estranho. Até porque este médico tem 3 processos em tribunal por recente má prática médica.

Como se coloca em dúvida a veracidade dos dados, suspeita-se de má conduta pela parte da empresa. Pode ter existido “manipulação de dados” ou “incorporação de dados falsos”.

Ao contrário da pseudociência – das vigarices -, a ciência avalia constantemente o que faz.
Assim, com a verdade sempre como objetivo, a própria revista científica The Lancet retratou-se, admitindo não conseguir confirmar o rigor das informações dadas pelo artigo.

Este é o processo da ciência.
Os cientistas – os especialistas – vão avaliando as informações dadas por outros cientistas nos diferentes estudos que vão sendo feitos e publicados.


Reflexão final:
Nada disto prova que a cloroquina ou a hidroxicloroquina são seguras ou eficazes para tratar a COVID-19! Pelo contrário!
Os estudos feitos até agora a estes fármacos mostram que eles não são eficazes! Podendo até levar a mais complicações de saúde nos pacientes.
Este é o consenso científico neste momento.

3 comentários

  1. Essa matéria merece ser lida por todos. Os esclarecimentos são baseados em estudos científicos da mais alta credibilidade. Minhas dúvidas foram esclarecidas. Obrigada.

  2. Na Amazônia e região é comum tomar para malária e outras moléstias virais com resultados, todo fármaco tem efeito colateral, acho que deveriam intensificar os estudos ao invés de repudiar uma possível solução.

    1. Existem vários estudos que têm dado estes fármacos como sendo ineficazes (ou até com efeitos adversos) contra a COVID-19.

      O facto de serem bons para X não quer dizer que têm que ser bons para Y.

      O problema aqui parece ser o mesmo das pseudociências: podem existir milhentos estudos a mostrar a sua ineficácia, que vai haver sempre alguém a dizer que são precisos mais estudos… ou então, vão preferir testemunhos pessoais (muitas vezes baseados em simples placebo) do que estudos científicos.

      abraços!

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