Carriers (Infectados / Pandemia / Vírus) é um filme que proporciona algum entretenimento.
O filme retrata um mundo pós-apocalíptico, onde está a acontecer o fim-do-mundo tal como o conhecemos.
Tendo em conta que o fim-do-mundo é devido a um novo vírus que está a matar toda a população humana, é um filme muito atual… relativizando, claro.
É um filme muito interessante de um ponto de vista sociológico.
Um vírus mortal espalhou-se por toda a Terra, aniquilando a maior parte da população.
As pessoas usam máscaras e luvas.
É o caos, anarquia. Toda a gente a querer fugir das outras pessoas e dos centros populacionais.
As cidades estão desertas, cheias de corpos humanos.
As pessoas sãs perseguem os doentes que transmitem a doença, e matam-os.
Uma vacina é desenvolvida.
Infelizmente, foi feita demasiado depressa e não é eficaz.
As pessoas continuaram a ficar infetadas, doentes e a morrerem.
O CDC anuncia um novo tratamento.
Mas as pessoas não acreditam, a não ser as que estão desesperadas, porque estão infetadas, a morrer.
4 jovens, que ainda não foram infetados, dirigem-se à praia de Turtle Beach, Florida, com a intenção de se refugiarem até passar a pandemia.
Os 4 jovens são:
2 irmãos: um mais velho (Brian) e outro mais novo (Danny).
As respetivas namoradas: Bobby (namorada de Brian) e Kate (namorada/amiga de Danny).
Eles encontram um pai (Frank) e a sua filha pequena (Jodie), que estão parados na estrada num carro sem combustível.
Como o carro dos jovens fica sem óleo, eles levam Frank e Jodie (que está infetada) no carro de Frank (colocam combustível). Eles selaram o carro, montando uma divisória de plástico para separar o pai e a filha dos 4 jovens.
Eles levam Frank e Jodie ao centro de emergência do CDC onde estava a ser providenciado o novo tratamento.
Infelizmente, o novo tratamento não funciona. Os doentes melhoravam durante 3 dias, e depois pioravam bastante e morriam.
Bobby é contaminada por Jodie. Mas não diz aos outros.
Os 4 jovens largam Frank e Jodie, devido a Jodie estar contaminada, e seguem viagem para Turtle Beach.
Quando descobrem que Bobby está infetada, o próprio namorado (Brian) coloca-a fora do carro e abandona-a na estrada.
Como Brian tinha tocado e tentado beijar Bobby, também Brian fica contaminado.
Danny, tenta abandonar o irmão mais velho (Brian). Quando Brian não lhe dá as chaves do carro, Danny dá-lhe um tiro e mata-o.
Danny e Kate chegam a Turtle Beach, mas a praia não lhe parece a mesma, sem o seu irmão.
É interessante que nesta pandemia, os americanos culpam os chineses: dizem que foram eles que espalharam a doença para os EUA.
Qualquer semelhança com a realidade, é certamente coincidência 🙂
Também é interessante ver que, no filme, os religiosos fundamentalistas dizem que o vírus é obra da ira de Deus.
Ou seja, continuam parados na Idade Média…
Curioso que neste filme a causa desta pandemia é um vírus que ataca sobretudo as vias respiratórias.
Daí as pessoas serem obrigadas a utilizarem máscaras e luvas.
Nesta sociedade pós-apocalíptica existem algumas regras para as pessoas se manterem vivas:
1 – evitar os infetados a todo o custo, porque a respiração deles é bastante contagiosa.
2 – se contatarmos com outras pessoas, devemos assumir que eles têm a doença terminal.
3 – não tocar em nada que não tenhamos desinfetado. Deve-se desinfetar tudo o que os infetados tocarem. Tudo deve ser limpo com lixívia, desinfetante e/ou álcool.
4 – roubem tudo o que precisarem. Larguem os infetados. Os infetados, doentes, vão certamente morrer. Esta doença provoca a morte a todos. Os infetados não podem ser salvos.
Brian, o irmão mais velho, assim como outras pessoas, é implacável/impiedoso (ruthless).
Esta parece ser a única forma de sobreviver neste mundo. Só assim consegue ter sucesso (He gets the job done).
Danny, que era o idealista e queria fazer sempre o moralmente correto, teve que crescer muito depressa.
Bobby ficou contaminada porque tentou ajudar a criança.
Jodie estava com problemas em respirar e Bobby foi ajudá-la.
Foi um “erro” que lhe custou a vida.
Racionalmente não o devia ter feito. Humanamente, fê-lo.
O médico do centro de emergência do CDC matou as crianças com veneno, por defender que nada mais havia a fazer por elas.
Adorei a citação desse médico, por nos fazer refletir e por ser moralmente ambígua.
“Por vezes, escolher a vida é apenas escolher uma morte mais dolorosa.”
O médico é um “anjo”, que nessa situação específica tornou-se um “monstro” com comportamentos que não aprovamos normalmente.
Mas a verdade é que, no filme, todas as pessoas se tornam assim, matando quem vêem, só por medo dos outros.
Daí eu dizer que é “moralmente ambígua”, porque só no momento, naquela situação específica, é que perceberíamos o que realmente faríamos.
1 comentário
Conta-se (não tenho provas) que um jornalista terá perguntado a José Saramago:
– Como acha que seriam as pessoas sem Deus?
Resposta:
– Basta-me ver como são com Deus…
Isto tem relação com o filme? Acho que sim.
Não é certamente por acaso que não vi nenhuma referência a crenças ou religiões… A lei da sobrevivência fala tão alto que se sobrepõe a tudo!
Com o devido respeito aos crentes, seja do que for.