Um artigo interessante e importante sobre os populares tratamentos detox, no Polígrafo, aqui.
Alguns excertos:
“Tratamentos “detox”: Será que ajudam mesmo a limpar o organismo?
Estes programas prometem livrar o organismo de toxinas. Sumos, chás, smoothies, suplementos naturais e até limpezas do cólon são alguns dos tratamentos oferecidos. Mas será que o nosso organismo precisa mesmo de ser desintoxicado? Ou tudo não passa de uma fraude?
As dietas e tratamentos “detox” têm múltiplos formatos mas o objetivo final é o mesmo: a eliminação das toxinas do organismo. Na base destes tratamentos está a ideia de que a exposição à poluição e a alguns ingredientes que se consomem diariamente são prejudiciais à saúde e que, por consequência, o corpo precisa de uma “limpeza”.
Jejuar, beber e/ou comer apenas alimentos específicos, usar suplementos ou fazer uma limpeza do cólon são alguns dos tratamentos associados a programas deste género.
A Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana do medicamento, juntamente com a Federal Trade Comission (FTC), comissão federal do comércio, chegou a tomar várias medidas contra diversas empresas que comercializavam produtos e tratamentos deste género.
E porquê? Muitos deles continham ingredientes ilegais ou prejudiciais à saúde ou foram comercializados sob o falso pretexto de curarem doenças graves. Os dispositivos utilizados para limpeza do cólon não tinham sido sequer autorizados para esse efeito.
Em 2014, foi publicada uma revisão sistemática (…) explica-se que, apesar da indústria “detox” ser cada vez mais popular, há muito pouca evidência clínica que apoie o uso destas dietas.
O corpo humano acumula toxinas e por isso precisa de ser desintoxicado?
“O funcionamento normal do corpo humano produz os chamados produtos finais de metabolismo [ureia, por exemplo], que em condições normais são excretados pelo rim, não se acumulando no organismo. Deste modo, se os mecanismos fisiológicos estiverem normalmente funcionais, não necessitam de qualquer intervenção de destoxificação”, explica ao Polígrafo António Vaz Carneiro, médico especialista em Medicina Interna e diretor do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência.
João Júlio Cerqueira, médico especialista de Medicina Geral e Familiar e criador do projeto “Scimed”, aponta no mesmo sentido. “O corpo tem vários mecanismos para evitar que isso aconteça como algumas funções hepáticas, renais, pulmonares e intestinais”, destaca.
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Ou seja, o organismo já possui todos os mecanismos necessários para fazer a sua própria “desintoxicação”. Quando deixa de conseguir, no caso da insuficiência renal, também não são substâncias “detox” que vão ajudar a repor o processo.
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“Basta perguntar que toxinas esses produtos removem do organismo e de que forma o fazem. Com estas duas questões, rapidamente percebemos que os tratamentos não têm qualquer plausibilidade e a utilização da palavra ‘detox’ é apenas um chamariz de vendas”, alerta Cerqueira.
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Davide Carvalho, endocrinologista e presidente da Sociedade Portuguesa da Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, explica que os tratamentos podem até não ser maléficos, uma vez que muitas dessas substâncias são utilizadas na alimentação quotidiana, mas que afirmar que têm propriedades de desintoxicação não passa de “desinformação e charlatanice”.”
Leiam todo o artigo, no Polígrafo, aqui.
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