Vi uma entrevista na CNN muito interessante sobre a forma de pensar dos conspiradores.
Tim Harford pesquisou este assunto e chegou a uma conclusão um pouco surpreendente.
Ele publicou este artigo no The Atlantic sobre este assunto.
Ele defende que as crenças mais estranhas, desde política a anti-ciência, são baseadas na dúvida.
Os conspiradores, em primeiro lugar, duvidam de tudo, ao ponto de duvidarem dos factos e das coisas mais básicas. Eles duvidam das instituições e de todas as formas credíveis de conhecimento.
Após levarem a dúvida ao extremo, após duvidarem de tudo, estão aptos a passarem a acreditar nas coisas mais absurdas.
Assim, ele diz que não adianta apresentarmos factos, evidências (eles vão duvidar e rejeitar o fact-checking) nem lhes falar de pessoas com autoridade que providenciaram o conhecimento (porque eles vão duvidar e rejeitar).
Tim Harford defende que a melhor forma de os combater é perguntar-lhes porque eles acreditam naquilo em que acreditam. Ao refletirem sobre as suas crenças, eles vão duvidar (porque eles baseiam-se na dúvida) das evidências que apresentarem. Eles vão notar a ilusão da profundidade da sua explicação e, consequentemente, perceber que não entendem muito bem aquilo que dizem.
Além disso, já existem outros estudos que mostram que é muito mais fácil argumentar contra algo do que defender aquilo em que se acredita, daí ser mais difícil para os conspiradores defenderem as suas ideias. Tim Harford exemplifica com o que as grandes tabaqueiras fizeram há 50 anos nos EUA: não defenderam que o tabaco não fazia mal à saúde, simplesmente fizeram anúncios televisivos onde colocavam em dúvida os estudos feitos sobre isso: e esta foi uma estratégia de sucesso, porque as pessoas são levadas pela dúvida. Trump utilizou (e continua a utilizar) a mesma estratégia com sucesso.
Tim Harford diz que compreender esta dúvida excessiva é muito importante, até para tentar que mais pessoas se vacinem, já que uma parte significativa da população dos EUA não se quer vacinar porque duvidam das vacinas, e deixam-se levar pela desinformação (muitas vezes baseada em argumentos emocionais) que vão lendo sobre a COVID-19.
Últimos comentários