Há 2 semanas atrás, aqui, falei-vos de um popular apresentador, Phil Valentine, que é Republicano, conservador e adepto de Trump.
Após negar a eficácia das vacinas no seu programa durante todos estes meses e assim influenciar milhões de pessoas, no início de Julho deste ano foi infetado com o SARS-CoV-2.
Inicialmente disse que se sentia muito bem, que tinha sido uma experiência interessante, e que ia voltar ao programa para contar o que tinha passado (basicamente, ia dizer que era só uma “gripezinha”).
Infelizmente, a sua saúde foi deteriorando. Ficou mal ao ponto de ter que ser hospitalizado, e seguidamente teve que ser ligado a um ventilador.
Ficou tão mal ao ponto do irmão dizer que Phil lhe tinha confidenciado que estava arrependido de não ter sido a favor das vacinas e de não ter tomado a vacina.
Durante todas estas semanas, a família foi pedindo que rezassem por ele.
Ele não tomou a vacina, mas depois queria que rezassem por ele…
Sinceramente, não entendo isto nas pessoas religiosas.
Qual é o objetivo de rezarem? Tentarem controlar Deus?
As pessoas religiosas acham mesmo que Deus é tão mesquinho e um grande cretino/canalha, que pensa: “Eu vou deixar morrer esta pessoa, porque não merece ser salva. Mas se rezarem 30 vezes por ele, então salvo-o. Mas se rezarem somente 29 vezes, então, mesmo tendo o poder para isso, não o vou salvar”.
Isto é algo que desafia a racionalidade…
As pessoas não-religiosas vêem isto como uma falta de responsabilidade da pessoa (o não ter tomado a vacina). E como cada acção tem uma reação, a ideologia dele teve consequências nefastas.
Já as pessoas crentes em Deus ouviram várias vezes na missa, uma expressão que já vem da Grécia antiga: “Deus ajuda a quem se ajuda a si mesmo”. Ou seja, uma pessoa religiosa tem que seguir os conselhos da ciência e das autoridades de saúde, e não negar todas as ajudas e depois esperar que Deus intervenha.
No final, as rezas não serviram de nada.
O que servia (as vacinas), ele não quis.
Phil Valentine faleceu ontem no hospital.
2 comentários
Aqui, ateu e arreligioso (calma que mais abaixo explico a distinção).
O que penso a respeito de rezas e orações, cultos e missas, entre outras firulas do gênero resume-se em uma palavra (a mesma que a jurisprudência e a legislação utilizam para criminalizar pseudo-cientistas): charlatanismo. É basicamente uma forma de ludibriar as pessoas: “Olha, se você orar essa oração em específico aqui, dessa forma e por bastante fé na oração, o deus que eu sigo trará o que você deseja, junto com outros benefícios”, e aí o “sacerdote” induz a pessoa a querer um terreninho no céu, a sentir necessidade de ter sua alma salva de um crime imaginário, que o amigo imaginário (deus) supostamente afirma que a humanidade inteira cometeu, entre outras asneirices sem nexo. E o “sacerdote” em questão ainda tem a cara de pau de enumerar os tais benefícios que supostamente virão de brinde após a oração.
Distinção entre ateu e arreligioso:
Ateu = Sem deus(es). Um ateu basicamente é alguém que não acredita em divindades, e não o faz porque nunca viu evidência alguma de que tais divindades existam. Porém, como existem religiões sem deus(es), essa definição não impede que um ateu seja religioso. Budistas por exemplo são religiosos porém sua religião não cultiva deus(es), eles preferem professar o culto aos ancestrais e baseiam-se na ética quando precisam interagir com outras pessoas.
Arreligioso = Sem religião(ões). Um arreligioso é basicamente alguém que não professa religião alguma nem promove ou pratica algum tipo de ritual religioso (como rezas e orações, por exemplo). Não há nada que implique que um arreligioso deva ser obrigatoriamente ateu, uma vez que existem pessoas que acreditam em alguma divindade (em sua maioria, um deus pessoal internalizado) porém não curtem muito esse lance da ritualística religiosa, ou são de alguma forma críticas de tal conjunto de rituais.
Conclusão: Um ateu por si só não necessariamente é igualmente arreligioso, e vice-versa. Portanto, salvo indicação de cada ateu (e de cada arreligioso), o leitor não deve supor que os dois, ateu e arreligioso, sejam obrigatoriamente a mesma pessoa.
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Eu percebo o que diz sobre o controlo das massas feitas pelas autoridades religiosas…
Mas, para mim, essa é uma relação humana, normal, em que uns tentam controlar os outros.
Já a relação das pessoas com potenciais deuses, para mim, é diferente: porque é entre uma pessoa real e um ser imaginário.
No entanto, curiosamente, o sistema de rezas parece-me também uma estratégia de tentativa de controlo: os humanos, religiosos, tentam controlar o comportamento dos deuses através de rezas.
O que, para mim novamente, nada mais é que uma superstição: é a mesma coisa que eu usar a minha “cueca da sorte” durante os jogos do meu clube, porque acho que isso vai controlar o jogo de modo a eu ter o resultado final que quero.
abraço!