Suplementos naturais podem provocar a morte

A revista Sábado da semana passada (de 26 de Agosto a 1 de Setembro de 2021) publicou uma reportagem muito interessante sobre perigos específicos dos suplementos alimentares.

Crédito: revista Sábado

“Bruno Pinto só queria alguma coisa que o ajudasse na digestão e lhe desse mais energia. Aos 29 anos, depois de muito tempo a praticar desporto no Exército (…) a farmacêutica recomendou-me um chá muito caro (…).
No rótulo identificou algumas ervas conhecidas, como a camomila, mas a maioria não sabia o que eram. (…)
A seguir vieram as náuseas, vómitos e um mal-estar generalizado (…) nas semanas seguintes recorreu às urgências do Centro Hospitalar (…).
(…)
(…) situações provocadas por suplementos alimentares, como chás para emagrecer e substâncias para aumentar a massa muscular (ao frequentarem os ginásios). São produtos de venda livre, disponíveis em farmácias e supermercados. Produtos supostamente naturais que as pessoas acreditam não serem perigosos.
(…)
Bruno não sabia que um chá comprado na farmácia podia ser perigoso. Só muitos dias depois de estar internado com hepatite aguda, e depois de ter garantido várias vezes aos médicos que não bebia álcool nem tomava medicamentos, é que se lembrou do produto natural que tomava há 2 meses. Mas nesta altura, já corria risco de vida.
(…)
A passagem de hepatite tóxica para uma falência do fígado pode ser muito rápida. Numa hora, a pessoa pode ficar inconsciente ou até morrer. (…)”

Conclusão: “Bruno Pinto chegou a desejar a morte depois de ter tomado um chá que lhe causou enormes dores e graves danos no fígado.” Chegou a tentar fugir do hospital, para poder ir morrer a casa. Foi apanhado pelos funcionários do hospital. Felizmente, recuperou; sobreviveu para contar a sua história com os “produtos naturais”…

Crédito: revista Sábado

Um estudo feito em Portugal concluiu que 44% das pessoas tomavam suplementos alimentares (como esses chás de venda livre).

Um dos grandes problemas é que os suplementos (como os chás) não são regulados pelo infarmed (a agência do medicamento e dos produtos de saúde).
Como não são regulados, não são testados devidamente, nem aprovados, nem fiscalizados.
E desta forma, os produtos também não são obrigados a descrever o que contém. Daí que também não mencionam graves efeitos secundários. Assim, não precisam mencionar o risco de toxicidade hepática associado a esse suplemento.

Nos EUA, a FDA (a autoridade reguladora e fiscalizadora) encontrou 776 produtos adulterados.
A grande maioria prometia emagrecimentos “milagrosos” e melhor desempenho físico.
Como continham ingredientes perigosos, poderiam causar graves efeitos adversos (incluindo a morte).
Muitos deles diziam ser “naturais”…

Crédito: revista Abril

A toxicidade de produtos naturais é uma realidade conhecida há muito tempo pelos médicos, mas não pela pessoa comum.

Apesar de existir já muita informação acessível à pessoa comum sobre os perigos de lesões no fígado causadas pelos suplementos naturais.
Exemplos: revista Abril, BBC, BBC, etc.

Crédito: BBC

1 comentário

    • Jonathan Malavolta on 09/09/2021 at 08:43
    • Responder

    Embora seja um produto notável e de excelência reconhecida, o maior perigo dos dias atuais chama-se Tor Browser e suas criptomoedas.

    “Quero comprar aquele bem de consumo natural mas não quero que ninguém saiba. Posso comprar pela internet, porém posso ser descoberto se rastrearem o sítio de vendas ou minha conta bancária. Já sei, vou comprar na deep web…”

    Pronto, é assim que muita gente compra de tudo e de forma bem fácil e rápida (inclusive documentos falsos, e nessa categoria incluem-se atestados médicos, resultados de exames clínicos e receitas médicas diversas, até para drogas ilícitas). Aqui no Brasil, os deputados criaram – e foi aprovada recentemente (antes da posse de Bolsonaro) – uma lei específica para regular o uso do bitcoin e de outras criptomoedas (o que permitirá parte do rastreio), o que já é um começo. Seria bom se todos os países do mundo tivessem ferramentas legislativas que regulassem esse uso, dificultaria compras sem rastreio e não declaradas ao fisco. A intenção dos deputados federais brasileiros foi justamente essa, cobrar impostos de quem investe em bitcoins. Mas por qual outra finalidade alguém investiria em bitcoin, se não fosse o comércio ilegal e não rastreável pela deep web?
    Em tempo, sou usuário do Tor Browser. O problema em si não é ele nem a deep web (onde ele nos permite navegar) mas as pessoas em geral. Querem se aproveitar do anonimato (será?) garantido pelo fenômeno da triangulação (a forma de funcionamento do Tor Browser), que mascara o IP do usuário, para visitar sites ilegais (e assim fazer compras ilegais de produtos igualmente ilegais, entre outras atividades ilícitas). A deep web tem bastante coisa legal, até mesmo downloads gratuitos de arquivos que custam caro na surface web, mas infelizmente as pessoas no geral só recorrem a ela para fins ilícitos. Aí chove de sítio por lá vendendo produtos ilegais, pirataria, pornografia infantil, homicídios por aluguel, etc.

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