Vacina mRNA: eficaz, segura e duradoura

Compreendo o receio das pessoas em face de tecnologia aparentemente recente (apesar de não o ser).

Isto funciona para tudo: sempre que há tecnologia nova a despontar, existe uma maior resistência das pessoas, sobretudo nas populações mais velhas.

No entanto, deixo de compreender essa resistência a partir do momento em que existem inúmeras provas quer em laboratórios quer na sociedade no seu todo (nos chamados laboratórios reais) de que as vacinas beneficiam as pessoas.

Em geral, penso que toda a gente percebe as vantagens e o sucesso da vacinação!
As vacinas são uma das grandes conquistas/proezas/descobertas da Humanidade!
Basta ver os casos e mortes atuais por poliomielite, sarampo, varicela, tosse convulsa, rubéola, difteria, tétano, etc, etc, etc, comparando com os casos e mortes dessas mesmas doenças há 100 anos atrás.
Essas doenças estão atualmente controladas, porque as vacinas tradicionais funcionam!

Isto não é uma opinião, nem sequer é discutível.
Isto são factos.

Por isso é que quando existem notícias sobre novas vacinas, toda a gente fica empolgada.
Por exemplo, recentemente foi aprovada uma vacina contra a malária.
Outro exemplo é o desenvolvimento de vacinas contra certos tipos de cancro.

Então o que sabemos das novas vacinas, baseadas na tecnologia mRNA, contra a COVID-19?
Sabemos muito, como podem ler nestes artigos.
Sabemos sobretudo que elas têm as 3 características que são necessárias para vacinas aprovadas: são eficazes, seguras e duradouras.

Eficaz

Tanto a vacina da Pfizer como a vacina da Moderna, são extremamente eficazes contra a COVID-19.
Isto pode-se ver nos números nos EUA, na Europa, em Portugal, na Inglaterra, e um pouco por todo o mundo.
Isto até se vê nos “números negativos”. Todos os dias morrem centenas de pessoas não-vacinadas nos EUA. Existe na Europa e nos EUA uma pandemia de não-vacinados.

(claro que existem sempre pessoas que não acreditam nos números. Preferem acreditar (crença) que existe uma enorme conspiração a nível mundial, em que todos os governos, todos os laboratórios mundiais, todos os hospitais, todos os médicos, todos os cientistas, todos manipulam todos os dados no mundo. E simultaneamente também acreditam (crença) que uma mão-cheia de “iluminados” em todo o mundo, sem qualquer conhecimento do assunto, descobre através das redes sociais que não morre ninguém de COVID. Exemplificando: 5000 pessoas saem de casa e percebem que está a chover; mas um idiota da aldeia, nas redes sociais (sem sair de casa = sem conhecimento), diz que está Sol; então, os negacionistas acreditam nessa voz discordante só porque é contra o conhecimento do assunto. Esta forma de pensar é tão disparatada, que não merece qualquer credibilidade. Este nível de credulidade conspirativa é quase incompreensível: falta-lhes literacia funcional, demonstrando a ausência de algumas das suas características, como pensamento crítico e confiança nos especialistas em áreas que não dominamos)

O que se vê no laboratório real (na sociedade) é que a vacina é altamente eficaz, sobretudo contra os casos mais graves da doença (internamentos hospitalares e mortes).
Os números não enganam. Os números, crus, sem interpretações ideológicas, são claros.

Obviamente a eficácia muda, dependendo da variante do vírus, da pessoa infetada e do tempo de duração desde a última toma, mas em termos gerais, a eficácia das duas vacinas é superior a 90%!
Isto é excelente.

Lembro que, no final de 2020, quando se pensava em vacinas, assumia-se que cerca de 70% de eficácia (como tem a da Johnson & Johnson) seria muito bom!

Lembro também que esta eficácia é superior a muitas vacinas tradicionais.

Assim, não só estas vacinas são altamente eficazes, como são melhores do que as tradicionais.
Mais uma vez, repito, isto não é discutível, porque é com base nos números somente, sem interpretações ideológicas.

Segura

Tanto a vacina da Pfizer como a vacina da Moderna, são extremamente seguras contra a COVID-19.

Olhando para os efeitos secundários e para a quantidade de pessoas que os teve, eles são maioritariamente leves e são raros.

Mais uma vez, comparando com as vacinas tradicionais, estas novas vacinas são mais seguras.
Se as pessoas tomam as vacinas tradicionais, mais depressa deveriam tomar estas (como eu fiz).

Isto deve-se em parte a não incluírem o vírus (parcial, enfraquecido ou inactivo), como fazem as vacinas tradicionais.
Estas novas vacinas incluem somente a informação para o sistema imunitário, que deve combater o vírus com certas características. Essa informação é um manual de instruções para o sistema imunitário identificar e destruir o vírus, caso posteriormente ele infete o organismo.
Por isso são tão seguras.

Todas as vacinas, todos os medicamentos, todas as bebidas açucaradas que bebemos, etc – tudo tem efeitos secundários!
Andar na rua a pé, a atravessar estradas, pode ter efeitos colaterais graves (ser atropelado).
Conduzir um carro pode ter efeitos graves na saúde (acidentes).
A tela onde estão a ler este post pode ter efeitos colaterais para os olhos.
O simples ato de nos alimentarmos pela boca pode ter efeitos colaterais gravíssimos! Só nos EUA, morrem todos os anos mais de 5000 pessoas devido a ficarem entaladas com a comida. Mas toda a gente continua a comer, apesar dos potenciais efeitos colaterais graves.
Ou seja, se os efeitos secundários forem menores (numa matriz de risco) em relação aos potenciais benefícios, obviamente deve-se tomar a decisão de realizar essa ação.

No caso aqui em causa, estas vacinas até são mais seguras que grande parte desses produtos, incluindo medicamentos, como por exemplo a popular aspirina!

Por isso é que os políticos por todo o mundo (incluindo Donald Trump e outros de extrema direita) tomaram a vacina. Não só eles, mas também as suas famílias. Porque eles sabem que ela é segura!
As ações dos políticos falam mais alto do que os seus discursos! Muitas vezes eles têm discursos ideológicos, porque sabem que as farmacêuticas lucram muito mais se as pessoas não tomarem vacinas. E as pessoas passam a viver com medo (de vacinas seguras), porque deixam-se enganar/manipular pelas mentiras dos seus influenciadores não-especialistas e porque têm falta de conhecimento (falta de noções básicas de medicina, falta de entendimento do que lêem, falta de entendimento da matemática, etc). Os negacionistas aproveitam-se da ignorância das pessoas (da falta de literacia científica) para darem mais dinheiro a ganhar às farmacêuticas e aos políticos que lucram com elas. No entanto, independentemente desses discursos populistas, eles próprios tomam a vacina, porque sabem que ela é segura.

As vacinas são seguras: mais seguras que as vacinas tradicionais, que os medicamentos, que as bebidas açucaradas, etc.
Mais uma vez, repito, isto não é discutível, porque é com base nos números somente, sem interpretações ideológicas.

Duradoura

Este é o parâmetro que desperta mais questões.
Não se sabe exatamente a duração da eficácia da vacina.

A vacina é relativamente duradoura. Mas parece perder eficácia após 5 meses.

Isto é normal.
As vacinas vão perdendo eficácia com o tempo.
Tal como qualquer medicamento. Tal como a popular aspirina.

Por isso é que com todos os medicamentos e vacinas, são precisas novas doses após algum tempo (ninguém toma um ou dois comprimidos contra uma doença, e pensa que fica imediatamente curado).
Os bebés, por exemplo, tomam 4 doses (reforço) de vacina contra a tosse convulsa, em somente 2 anos.

Os reforços, as novas doses, da mesma vacina são absolutamente normais.
O mesmo se passa aqui, na vacina contra a COVID-19: são necessárias novas doses, de reforço, periodicamente.

Mais uma vez, repito, nada disto é discutível. São factos!

Conclusões:

Isto é ciência. Isto são factos.
Muito do que aqui é dito, foi provado em laboratórios de investigação e em laboratórios reais (na sociedade real). Os números não são ideológicos, mas foram observados, com verificações independentes.

Por isso, isto não é discutível.
Ou melhor, só é discutível em sede de ciência: é discutível entre especialistas, em laboratórios, em artigos científicos, em experiências controladas.
Isto não é discutível nas redes sociais.
Isto não é passível de discussão por quem não é especialista: por quem não tem formação académica no tema nem trabalha em investigação médica (ou seja, não tem experiência de trabalho no tema).

Os resultados científicos não se obtém por opiniões nem por crenças pessoais.
A ciência não se faz na “praça pública”, com discussões em programas de televisão, nas redes sociais, no YouTube, na secção de comentários de um website, ou no café.
Não é porque alguém tem uma opinião diferente ou acredita em algo, que as vacinas deixam de funcionar.

Não é porque alguém acredita que a Terra é plana, que a Terra passa a ser plana (não é!);
Não é porque alguém acredita que a luz em casa se liga por mãos fantasmagóricas, que os fantasmas passam a ser reais e as equações de Maxwell (e as leis do eletromagnetismo) deixam de existir;
Não é porque alguém não acredita no número de mortos por doenças cardíacas, que essas mortes (e as doenças) deixam de existir.

Se alguém pensa que algo está mal nas vacinas, não é nas redes sociais que o demonstra.
Essa pessoa deve aprender academicamente sobre o tema, fazer experiências, publicar os seus resultados, apresentar as suas conclusões, e sujeitar-se à verificação dos factos pelos outros cientistas.

Foi assim que se chegou às vacinas, à eletricidade, à composição química de outros planetas, etc, etc, etc.
É assim que se discute ciência.
É assim que se incrementa o conhecimento humano sobre os assuntos.

Concluindo, factos que não são passíveis de discussão por não-especialistas:
Todas as evidências mostram que as vacinas com base na tecnologia de mRNA contra a COVID-19 são eficazes, seguras e duradouras (até alguns meses).
As vacinas funcionam!

3 comentários

  1. O que se pode discutir?
    As políticas de saúde!
    A forma como o conhecimento objetivo é posteriormente aplicado com medidas concretas sobre os cidadãos.

    https://www.astropt.org/2021/11/24/ciencia-vs-politicas-de-saude/

      • Jonathan Malavolta on 26/11/2021 at 01:46
      • Responder

      Divulgação científica também pode se discutir. Podemos discutir, debater por exemplo sobre que tipo de linguagem utilizar quando estamos a divulgar ciência em jornais e revistas tradicionais (que não são periódicos de divulgação científica) a que qualquer pessoa comum tem fácil acesso e de que forma podemos fazer para que os leigos compreendam ciência de forma inequívoca.

      1. Sim, claro.

        As técnicas de comunicação/divulgação são debatíveis e criticáveis 😉

        Eu próprio já reconheci aqui quando comuniquei aqui de forma que considero errada.

        Tudo é debatível, exceto os factos.

        abraços!

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