Variante histérica

Como eu já tinha escrito, aqui, existe uma nova variante de preocupação: B.1.1.529 ou omicron.

A omicron, originalmente descoberta no Botswana e na África do Sul, tem 50 mutações, “sendo mais de 30 na proteína “spike” (a “chave” que o vírus usa para entrar nas células e que é o alvo da maioria das vacinas contra a COVID-19)”.

Nós aqui sempre defendemos a ciência.

E o que nos diz a ciência?

A ciência ainda pouco sabe sobre esta variante.
Como tem um elevado número de mutações, incluindo na proteína spike, assume-se que esta variante esteja mais evoluída que as outras variantes, podendo assim ser mais contagiosa e mais letal.
Mas não se sabe ao certo!

A própria Organização Mundial de Saúde diz o mesmo: ainda não se sabe se a Omicron é mais transmissível do que outras variantes, nem se leva a casos mais graves de COVID-19.

Então porque vários países já fecharam fronteiras com outros países de modo a prevenir a chegada de doentes infetados com a Omicron?

Como expliquei neste artigo, isso faz parte das Políticas de Saúde, e não é ciência.
São opiniões discutíveis.

Eu até entendo a enorme precaução: os países não querem ser apanhados desprevenidos com uma variante que se espalhe rapidamente pela sua população (e depois andem “atrás do prejuízo”).
Por isso, tomam medidas preventivas.

No entanto, sinceramente, parecem-se medidas exageradas.
Na minha opinião, uma aposta forte em campanhas fortes de vacinação, distanciamento social, higienização constante das mãos, utilização de máscaras e tele-trabalho, como expliquei aqui, deveriam ser o foco, e não entrar em pânico de cada vez que existir uma nova variante.

As variantes vão sempre existir.
Se de cada vez que existir uma variante, os responsáveis dos países entrarem em pânico, nunca teremos uma vida normal…

Neste caso, parecem-me medidas histéricas, porque o conhecimento desta variante é demasiado ínfimo.
Esta variante pode ser como todas as anteriores (exceto a Delta): inofensivas, no sentido de não serem tão contagiosas nem mortais como a Delta.
Até pode ser uma variante com um evolutionary dead end, e por isso dissipar-se-à sem problemas.

Os próprios médicos na África do Sul dizem que o pânico dos países europeus é desnecessário.

A verdade é que são precisos estudos epidemiológicos.
E para existirem esses estudos científicos, é preciso tempo.
Até existir essa ciência concreta, todas as medidas exageradas que se tomarem, sem fundamentação científica, parecerão mais histerismo do que precaução.



P.S.: só consigo aceitar este histerismo, se existir informação que ainda não saiu para o público: se testes preliminares ainda não disponibilizados, mostrarem que a variante é mais infeciosa e mais mortal, e quiçá até diminuindo um pouco a eficácia das vacinas.

2 comentários

  1. Cartoon sobre isto:

    https://www.astropt.org/2021/12/02/panico-desnecessario/

    • Jonathan Malavolta on 29/11/2021 at 20:00
    • Responder

    Uma nova forma de histeria coletiva surge no mundo: a histeria política.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.