O Telescópio Espacial James Webb foi – finalmente – lançado para o espaço no dia de Natal, 25 de Dezembro de 2021.
Este é o maior, mais caro e mais potente telescópio de sempre.
O Telescópio tem um espelho coletor de luz de 6,5 metros: isto é quase o triplo do Telescópio Espacial Hubble! (que tinha “somente” 2,4 metros)
O espelho único é, na verdade, composto por 18 hexágonos individuais de berílio revestidos a ouro (para melhor refletirem a luz capturada dos confins do Universo), que funcionam como um todo.
Este Telescópio Espacial custou, na sua totalidade, cerca de 10 mil milhões de dólares.
O James Webb é 100 vezes mais “potente”, sensível, que o Hubble, para detectar a luz de objetos distantes.
Este Telescópio é o esforço de uma enorme colaboração internacional.
Mais de 10 mil pessoas trabalharam neste projeto!
O telescópio foi inicialmente denominado de Next Generation Space Telescope ou NGST.
Mas em 2002 foi renomeado Telescópio Espacial James Webb, tendo assim agora o nome do segundo administrador da NASA: James Webb foi diretor da NASA durante a década de 1960, no período que levou às missões Apollo destinadas à Lua.
O Telescópio Espacial Hubble foi para o espaço há 31 anos, em 1990.
O Telescópio Espacial James Webb estava a ser concebido há 25 anos.
A primeira data de lançamento projetada foi em 2007. Depois disso sofreu inúmeros atrasos. Após sucessivos adiamentos, foi lançado quase 15 anos após a primeira estimativa.
A característica positiva destes atrasos, foi que permitiu ao Telescópio levar as mais recentes inovações tecnológicas.
Este telescópio tem tudo para dar errado.
Com tantas peças tecnológicas diferentes, basta uma pequena falha, para ser o colapso total, como acontecia aos vaivéns espaciais.
Além disso, todos nos lembramos que o Telescópio Hubble, quando foi enviado para o espaço, esteve a funcionar mal durante 4 anos, até uma missão de manutenção corrigir a sua falha.
Ora, o Telescópio James Webb não vai ter essa sorte.
O Telescópio Hubble está a uma altitude de 570 quilómetros e orbita a Terra.
O Telescópio James Webb vai estar a 1,5 milhões de quilómetros de distância da Terra (4 vezes mais distante que a Lua), no ponto de Lagrange L2, orbitando o Sol, o que impede uma missão humana de manutenção ao Telescópio.
Não será possível reparar o Telescópio James Webb, como foi possível reparar o Telescópio Hubble.
Devido a esta distância, e por não poder ter missões de manutenção, ao contrário do Hubble que está em atividade há muitos anos, o tempo de vida do Telescópio Webb será curto: entre 5 a 10 anos.
Uma outra característica que pode correr mal, é que ainda falta 1 mês para chegar à órbita e 6 meses de preparativos antes de começar a operar: irão existir vários “testes científicos e de calibração, incluindo a abertura dos escudos solares, ativação e alinhamento do telescópio“, assim como mover todos os instrumentos e espelhos para a posição certa.
Se alguma coisa correr mal neste tempo, como por exemplo a abertura do espelho (com o desdobrar da zona dos 18 hexágonos), este projeto culminará num insucesso.
Como é dito na Globo:
“O projeto foi um desafio de engenharia do começo ao fim, porque mesmo o maior foguete disponível para lançar o telescópio, o gigante francês Ariane 5, não era capaz de acomodá-lo. A solução foi criar um telescópio que se dobra como um origami dentro de um envelope e depois se desdobra quando chega ao espaço e sai de sua cápsula. E o sistema que opera esse processo é extremamente complexo, com 344 diversos mecanismos envolvendo chips eletrônicos, motores, cabos, roldanas e dobradiças.”
– Assim, só aqui, existem mais de 300 formas do telescópio falhar.
“Há muitas maneiras de se medir complexidade, e uma delas é contar a quantidade de pontos críticos que precisam funcionar. Se olharmos por essa métrica, posicionar e preparar o James Webb é uma missão três vezes mais complexa do que pousar um jipe-robô em Marte — afirmou Thomas Zurbuchen, diretor de missões científicas do QG da Nasa”.
Assim, devido a tudo isto, se o Telescópio Webb funcionar corretamente, será um enorme feito científico-tecnológico!
(ao nível dos vaivéns espaciais e das missões Apollo à Lua)
Ao contrário do Hubble, que observava também na luz visível (que o fez produzir imagens belíssimas), o James Webb irá observar o Universo somente em radiação infravermelha.
Por um lado é bom, porque permite ver, por exemplo, por entre as nuvens de gás e poeira da formação das estrelas.
Por outro lado é mau, porque não teremos as imagens do Hubble, em luz visível (como se fossemos nós a ver).
Mas teremos, na mesma, imagens fabulosas, tratadas pelos especialistas da NASA, como se nós pudéssemos ver em luz infravermelha (calor).
Assim, será uma “tradução”, uma equivalência, para a luz visível dos dados que o Telescópio receberá em infravermelho.
A missão do James Webb tem por objetivos:
– conseguir “ver” as primeiras galáxias formadas no Universo, há 13,5 mil milhões de anos. Ou seja, quando o Universo era um bebé de apenas 300 milhões de anos de idade. O Hubble “só” conseguiu ver até há 12,5 mil milhões de anos.
– tentar observar as primeiras estrelas.
– quiçá tentar perceber melhor a história da matéria negra/escura.
– observar melhor os berçários de estrelas.
– utilizando a espetroscopia, analisar atmosferas de exoplanetas, em busca de sinais de vida tal como a conhecemos (como a presença de metano, vapor de água, dióxido de carbono ou oxigénio). Um dos alvos iniciais será o sistema planetário ao redor da estrela Trappist-1 – esta estrela tem 7 planetas com condições favoráveis à existência de água líquida.
Mas o melhor será aquilo que não prevemos.
Se os resultados do Telescópio Hubble nos ensinam alguma coisa é que teremos muitas surpresas ao longo dos anos.
O Telescópio Hubble permitiu-nos conhecimento e deslumbramento que não estava planeado. Espera-se agora que o Telescópio James Webb também nos traga resultados inesperados. O mais provável será termos melhorias significativas no nosso conhecimento em questões de cosmologia, formação estelar e exoplanetas.
Leiam este artigo do Rui Barbosa, no Em Órbita, que está muito bom, completo, e com muitos pormenores interessantes sobre este Telescópio.
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