Uma desinformação muito divulgada pelos negacionistas (até por candidatos partidários negacionistas) é de que em Portugal só morreram 152 pessoas por COVID-19.
Segundo eles, os dados (152) são oficiais: dados pela DGS e confirmados num Acórdão do Tribunal Administrativo de Lisboa.
Realmente é verdade, a sentença de 19 de Maio de 2021 (processo 525/21.4BELSB do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa), diz: “entre 2020 e 2021, foram emitidos 152 certificados de óbito pelos médicos que trabalham para a tutela do Ministério da Justiça (INMLCF) cuja causa de morte foi a Covid-19”.
Os negacionistas só olham para a expressão: “152 certificados de óbito pelos médicos”.
Ou não sabem ler, ou não querem ler o resto da frase: “médicos que trabalham para a tutela do Ministério da Justiça”.
Ou seja, estes óbitos dizem respeito somente àqueles certificados passados por médicos em funções no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciência Forense (INMLCF).
São óbitos em que há suspeitas de ocorrência de crime: por isso, as autópsias são feitas por esse Instituto.
Por exemplo, o João e o Manuel discutem. Há uma altercação qualquer entre eles e o Manuel morre posteriormente. Teria sido crime? Existem indícios de violência no corpo? Se se confirmar posteriormente que não foi crime, e o Manuel morreu de causas respiratórias porque estava infetado com a COVID-19 (já tinha sido testado), então morreu de COVID-19.
Isto é um número reduzido de pessoas (que morreram de COVID-19, após se avaliar suspeitas de crime).
Isto é sempre assim.
Por exemplo, entre 2012 e 2016, somente 5,6% dos cadáveres foram sujeitos a autópsia nesses cinco anos. Esses são decretados por médicos em funções no Instituto de Medicina Legal.
Mas essas não foram as únicas mortes em Portugal. Em 2016, por exemplo, em mais de 110 mil óbitos, pouco mais de 6 mil foram autopsiados.
Isso não quer dizer que nesse ano só morreram 6 mil pessoas!
O maior número de certificados de óbito são emitidos por médicos com vínculo ao Ministério da Saúde, como é evidente. São as mortes consideradas “normais”. Estas mortes por causas naturais, não têm indícios de ações violentas e criminosas. Por isso, não existe necessidade de autópsia.
Estas são obviamente a enorme maioria das mortes em Portugal.
Note-se que esta sentença judicial é de Maio.
Nestes mais de 6 meses, já vários locais desmentiram a mentira propagada pelos negacionistas.
No entanto, eles não querem saber dos factos: continuam nas suas crenças fundamentalistas, mostrando que nem sequer querem aprender a ler.
Infelizmente, atualmente, o número total de mortos por COVID-19 em Portugal é de quase 20 mil.
Fontes: Observador, Polígrafo, Polígrafo SIC.
1 comentário
No Brasil, não é diferente, por aqui também se produz autópsia de mortos no âmbito do IML – Instituto Médico Legal. Porém, nem todo morto sofre o procedimento de autópsia; o percentual aliás é bem pequeno (imagino que seja bem próximo de Portugal).