Uma estrela com pouca massa como o Sol transforma-se numa estrela gigante vermelha, e posteriormente numa anã branca.
A 117 anos-luz de distância existe uma anã branca: uma estrela moribunda, que há milhares de milhões de anos era uma estrela como o Sol.
A anã branca denomina-se WD 1054–226. Mas também é conhecida como LP 849-31.
Um estudo da Royal Astronomical Society mostra algumas evidências de que essa anã branca tem um planeta a orbitá-la.
Durante 18 noites consecutivas, os astrónomos notaram que a fraca luz emitida pela anã branca diminui periodicamente. Isso quer dizer que a anã branca tem um disco de poeira a rodeá-la: quando o núcleo da estrela original colapsou, deixou as suas camadas externas a rodear (o núcleo da) estrela moribunda. Ao analisarem 65 “nuvens de detritos” (com massas similares a luas) em órbita da anã branca, perceberam que essas aglomerações orbitam em sintonia, o que é consentâneo com a existência de um planeta próximo “a guiá-las gravitacionalmente”.
O planeta deverá ser rochoso e terá um tamanho similar ao da Terra (ou de Vénus, ou poderá ser mais pequeno, como Marte).
Esse planeta terá uma órbita ao redor da anã branca com um período de 25 horas (o seu ano é de 25 horas terrestres).
O mais interessante nesta potencial descoberta é que esse planeta está na zona habitável dessa anã branca: a cerca de 2,5 milhões de quilómetros de distância da anã branca, ou seja, cerca de 60 vezes mais próximo da estrela do que a zona habitável do Sol (ou seja, o planeta estará 60 vezes mais próximo da estrela do que a Terra está do Sol). A zona habitável em torno de uma anã branca tem que ser muito mais próxima da estrela (em relação a estrelas como o Sol), já que a anã branca emite muito menos luz e calor que o Sol.
A confirmar-se, seria o primeiro planeta potencialmente habitável em órbita de uma anã branca.
Caso se confirme esta descoberta, será realmente notável.
No entanto, é preciso perceber que o conceito de zona habitável, além de ser bastante geocêntrico, tem caído em desuso.
Ninguém espera encontrar água líquida na superfície nem sequer vida tal como a conhecemos nesse potencial planeta.
A atual anã branca já foi uma estrela como o Sol, que provavelmente tinha planetas (com luas) ao seu redor. Depois tornou-se uma estrela gigante vermelha, tendo engolido os planetas próximos. Entretanto, colapsou, tornando-se uma anã branca, sendo que a maioria dos planetas que restavam, ficaram provavelmente “livres”, free-floating pelo Universo. Eventualmente, um desses planetas ou uma das luas desses planetas, poderá ter vindo na direção da estrela, e ao fim de centenas de milhões de anos, poderá ter estabilizado numa órbita ao seu redor.
Supondo que esse planeta ao redor da anã branca existe, ele poderá até ter sido uma grande lua de um planeta que se encontrava ao redor da estrela original. Mas já sofreu tantas alterações de órbita e, consequentemente, tantas mudanças em si próprio, que caso tivesse tido alguma probabilidade de vida no passado (como Titã ou Europa no nosso sistema solar), já perdeu essas condições, com tantas alterações que sofreu. Mas o mais provável é ter sido uma das luas “mortas” (como existem centenas no nosso sistema solar).
Também poderá ser um planeta que se formou posteriormente ao colapso da estrela: formou-se a partir dos detritos que ficaram ao redor da anã branca, após esta ter deixado as camadas exteriores “para trás”.
De qualquer modo, neste momento, ainda nem sequer está confirmado que existe um objeto (planeta) ao redor da anã branca WD 1054–226.
Curiosamente, poderá ser o Telescópio Espacial James Webb a resolver este mistério: com as suas observações, poderá recolher mais dados que nos permitam inferir diretamente que existe um planeta rochoso na zona habitável ao redor desta anã branca.
Por fim, note-se que dentro de alguns milhares de milhões (bilhões, no Brasil) de anos, o nosso sistema solar também terá uma anã branca: o nosso Sol evoluirá para uma anã branca.
Nessa altura, potenciais astrónomos extraterrestres poderão olhar na direção do nosso sistema solar e ver uma arquitetura semelhante: uma anã branca com potenciais planetas a rodeá-la.
Ou seja, nós estamos agora a ver num sistema distante, um dos potenciais cenários futuros do nosso sistema solar.
Fontes: artigo científico, Royal Astronomical Society, Universe Today, BBC, Daily Mail, Daily Star, wikipedia.
Últimos comentários